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Lard Bucket Project – Matando banha com tecnologia e esporte

esse balde de banha amarrado em mim

esse balde de banha amarrado em mim

Há pouco mais de três meses, reparei num problema: Eu estava com um “balde de banha” de uns 10Kg (“Lard Bucket” é a expressão em Inglês e também uma banda de bluegrass ) amarrado na minha cintura.

Apesar de estar usando uma figura de linguagem, a realidade não era muito distante disso. Eu havia alcançado os 85Kg, distribuídos em parcos 1,74m de altura. A concentração de gordura na região abdominal era evidente, como os PEBAS Renato Cordani e Ricardo Bonotti não cansavam de apontar semanalmente no treino de sexta. Isso nem me incomodava tanto, pois eu ainda me garantia na água na maior parte das séries, inclusive auxiliado pela flutuabilidade extra. Então fui levando.

Mas que barrigão, papai!

Mas que barrigão, papai!

Mas um dia, minha filha fez gozação com o que ela chamou de “o meu barrigão” e foi prontamente acompanhada pelos dois moleques numa sonora risada, seguida pela repetição da palavra “barrigão” umas 15 vezes cada um. Eu ri junto na hora, mas depois fiquei meio mal. O maior acúmulo de gordura localizada no abdômen é  uma característica masculina  comum na meia idade. Mas a gordura excessiva é um indicativo de risco aumentado de doenças coronarianas. Além disso, eu estava chegando no limiar de entrar na faixa de BMI (Body Mass Index, ou índice de massa corpórea) do “Obeso”. Ou seja, não tava bom. E além do mais, aquele balde de banha estava meio feio.

Então, no mês de Maio, coloquei em ação um pequeno plano. Eu sabia o que estava indo mal e, tendo feito check ups recentes  (HCOR), com consultas com clínico, cardiologista e nutricionista, eu sabia o que tinha que fazer.

Problemas: Eu andava ansioso, estava comendo demais e comendo mal. A atividade física estava ok (natação 2X/Semana+), mas podia melhorar.

Plano de ataque: Diminuir ingestão de calorias, aumentar gasto calórico. Acompanhar. Simples assim.

Obstáculos/Riscos: Eu adoro comer e como mais quando estou ansioso.  Risco de começar uma dieta restritiva e não conseguir manter. Ataque compulsivo a guloseimas em momentos de “fraqueza”.

Objetivos: Alcançar e manter a marca de 76Kg antes da competição de Setembro, em Ribeirão Preto.

Obs: Porque 76Kg? Sei lá. Me pareceu desafiador e ao mesmo tempo factível. Quando eu nadava forte na idade adulta, pesava entre 69 e 72Kg. Quando casei, em 2000, tinha cerca de 78Kg. Nos últimos 4 anos  tive em média 82Kg, mas em certos momentos alcancei quase 85Kg.

Método: Pode ser resumido em “Deixar de ser comilão, e deixar de ser vagabundo. Documentar. Manter no longo prazo.”

Decidi começar devagar, apenas monitorando tudo. Aí entra a minha amiga, tecnologia: Retomei o uso de um dispositivo chamado “FitBit” (tipo um pedômetro high tech), que associado a um software e sincronização através da nuvem, ajuda a manter controle da atividade física durante o dia, incentivando o usuário a dar mais passos e queimar mais calorias.  O software permite que se meça o gasto calórico versus calorias ingeridas –  as comidas são anotadas em aplicativo no celular, no PC ou iPad facilmente. Tipo um “Vigilantes do Peso” eletrônico bem preciso. O objetivo é chegar  no fim de cada dia com um déficit calórico necessário para perda de peso. Nas duas primeiras semanas eu não fiz absolutamente nada diferente. Apenas usei o FitBit e marquei as comidas.

Ganhei cerca de 1,5Kg, chegando novamente perto dos 85Kg.

O princípio estava provado: Sem controlar o gasto calórico, eu estava ganhando peso a cada semana. Ficou claro que eu estava comendo demais em especial “snacks” e guloseimas, inclusive por falta de tempo de almoçar e jantar direito. E nos momentos mais intensos de atribulações e pressão no trabalho, eu atacava mais ainda as porcarias como salgadinhos, frituras na padaria e doces no escritório.

Falando com a minha analista, decidimos usar no mês inicial um negócio chamado BUP, que é aparentemente um ansiolítico usado para ajudar as pessoas que estão parando de fumar. Isso visava diminuir minha “fissura” (taking the edge off) por guloseimas e doces entre refeições, por exemplo. Isso ajudou nas primeiras 4 semanas e não tomei mais. Paralelamente, começaria a me disciplinar mais, comendo a cada 3-4 horas e fazendo refeições nas quais continuaria comendo de tudo, mas prestando mais atenção nas quantidades (i.e. no tamanho do prato). Também na parte de disciplina, teria que aumentar o gasto calórico no decorrer do dia, caminhando mais, mantendo natação 3Xs por semana e ficando de olho no objetivo do déficit calórico.

Ajustei o software de controle do FitBit para o modo “Kind of Hard” que significa um deficit de -750Kcal/dia. E claro, tinha que subir na balança todo dia (ou quase, pois viajo 2-3 vezes ao mês).

Passados pouco mais de três meses, os resultados foram bons. Já perdi cerca de  9Kg e cheguei em 76Kg – meu objetivo inicial. Este último quilo foi o mais difícil de perder – como pode-se ver pelo gráfico –  e pelo jeito, não é muito fácil de manter… Mas competição de Ribeirão está aí e preciso manter o curso firme, até para ver se vai dar algum resultado nos 50 peito ou nos 200 borbo…

Um dos objetivos de escrever esse post é justamente me lembrar que eu não posso ficar descuidado novamente por muito tempo, como aconteceu nos últimos 4 anos.  Sei que vão haver uns momentos de “esbórnia” envolvendo acarajés e moquecas em Salvador, feijoadas no clube, churrascos em Atibaia e especialmente fins de semana com festinhas de criança (a festinha do “Dudu” sozinha me fez ganhar 1Kg algumas semanas atrás)…  Mas depois das recaídas, tenho que encontrar algum ânimo para voltar a linha e essa “documentação” deve ajudar. O lard bucket ainda não foi embora totalmente, mas já está bem menor. A única coisa chata aconteceu neste fim de semana: Perdi o Fit Bit numa caminhada subindo a Pedra Grande de Atibaia. Pena… teria batido o meu recorde pessoal de passos facilmente, pois andei por 3,5 hs seguidas…

Mas o principal é que estou feliz em reportar que já estou me sentindo muito melhor em frente dos meus filhos.

Sobre Rodrigo M. Munhoz

Abrace o Caos... http://abraceocaosdesp.wordpress.com

23 comentários em “Lard Bucket Project – Matando banha com tecnologia e esporte

  1. Rogério Romero
    5 de setembro de 2013

    Munhoz, muito legal o desafio. Esta é uma situação comum entre nós, ex-nadadores acostumados a comer de tudo e não engordar enquanto treinávamos intensamente. Eu tento resolver meu problema com 3 idas básicas na academia do Minas. Por básica entenda: apenas 35-40 min. Objetivo: saúde. E só. Não estou treinando para nada, bem quero ficar fortão.

    Abraço e parabéns pelas metas cumpridas, agora é “só” manter.

    • Rodrigo M. Munhoz
      5 de setembro de 2013

      Pois é, Piu… Como você sabe eu comia de tudo e em quantidade. Enquanto estava super ativo, beleza, mas desde que passei a ficar 8-10h por dia em frente a um computador, meu metabolismo deu uma “desacelerada” forte.
      Eu também faço 3 dias de atividade física por semana, mas prefiro nadar mesmo..As andadas são para complementar o gasto calórico diário. Com um pequeno esforço a mais na rotina, dá para aumentar o número de passos diários de 4,000 para mais de 8,000, o que dá uma ajuda boa.
      O problema é o “só manter” agora…
      Abraços!

  2. charlaodudo
    5 de setembro de 2013

    Boa Munhoz (a.k.a. Faustón)!!!
    Gostei do desafio e acho que vou aderir ao Lard Bucket Project! Acho que vou precisar de mais de um balde daqueles de banha para a foto.
    Agora que você não precisa mais do FitBit, você não quer me dar o seu de presente de aniversário?

  3. Rodrigo M. Munhoz
    5 de setembro de 2013

    Charlão, você pode comprar mais um daqueles baldes no Wal Mart mais próximo de sua casa…Aproveita e usa para fazer um último batch daqueles Zepellins Lituanos (fritos de preferêmcia). Um Balde deve ser suficiente.
    Sobre o aparelhinho FitBit… perdi na caminhada para a Pedra Grande. Quem achar, pode ficar.O software e o app são de graça em http://www.fitbit.com/

    Abraços e obrigado por cunhar o apelido de Faustón em 1997, apósminha volta dos EUA… demorou um pouco, mas aquilo também foi parte da motivação 🙂

  4. Miyahara
    5 de setembro de 2013

    Boa Munhoz.!!!!

    Foi realmente surpreendente ver como vc emagreceu! Parabéns, e tb deu pra perceber sua dedicação à isso! com treinos mais frequentes e seu pratinho de salada com grelhado no restaurante!

    agora é só polir e raspar pra RP, mas se não trouxer o ouro, já sabe… paschu!

  5. Rodrigo M. Munhoz
    5 de setembro de 2013

    Valeu, BR!
    Será que para obter o ouro “basta acreditar”? Se for isso, tô garantido e inclusive acho que vou parar de fugir das feijoadas de quarta, como fiz ontem…Abrtz!

  6. Flavia Nunes
    5 de setembro de 2013

    Parabéns! Tbém estou num “projetinho pessoal” desse tipo! A perda é beeeem menor do que a sua, mas manter se torna um sufoco quando se é tão ansiosa quanto eu! Há 2 meses abandonei meus 2 maços diários de cigarros e isso me fez descontar na comida … pra compensar, aumentei o treino, substitui algumas comidinhas e espero eliminar os 1,5kgs que ainda faltam pra minha meta … “vamoquevamo”

    Parabéns de novo!!!!! E força pra manter os resultados!!!

    • Rodrigo M. Munhoz
      5 de setembro de 2013

      Oi Flavia! Em primeiro lugar, parabéns pelo abandono dos 2 maços / dia! Isso deve dar uma liberdade (fora a saúde e economia) fantástica. Todo desafio é meio que uma jornada, que independente do resultado, nos muda.. Vai firme e boa sorte!

  7. Patricia Angelica
    5 de setembro de 2013

    Munhoz, muito legal seu depoimento! Admiro muito essas coisas! Haha!

    Minha mãe tá numa vibe parecida com a sua, em seis meses perdeu quase 20kg! Com a diferença de que ela é proibida pelos médicos até mesmo de fazer caminhadas. As motivações dela para emagrecer foram a minha formatura na faculdade, que vai ter festa, e uma cirurgia que ela precisa fazer nos dois joelhos, mas que o médico disse que ela precisa perder pelo menos 30kg para fazê-la.

    Fico feliz quando vejo que ela está se sentindo mais bonita e que também está, só com a perda de peso sentindo menos dores nos joelhos e até se sentindo melhor – com mais fôlego – para pequenas atividades cotidianas.

    Parabéns! 🙂

    • Rodrigo M. Munhoz
      5 de setembro de 2013

      He he … eu também ficava admirando esse tipo de projeto de longe, mas dessa vez, resolvi tentar na vera. Poxa, parabéns pra tua mãe pela perda de 20kg! Isso é sensacional! Espero que continue nesse caminho, pois não são apenas os joelhos que vão agradecer (os meus, por sinal, também estão melhores nas caminhadas com o alívio de 9kg…).
      E parabéns para você também pela formatura! Comemorre bastante na festança! Bjo.

  8. Lelo Menezes
    5 de setembro de 2013

    Boa Munhoz! 76 kg é coisa de atleta. Eu estou nos 95kg e parece que estacionei por ai. O meu objetivo é ficar ao lado do Carlão em Ribeirão Preto e consequentemente “parecer” magro!

    • Rodrigo M. Munhoz
      5 de setembro de 2013

      Valeu, Lelo… mas o “peso de atleta” seria ao redor de 70Kg, algo que nem quero considerar. Aliás, nem sei como conseguia pesar tão pouco… Sobre o Charles, ouvi falar que ele tá treinando pra burro, parou com as porcarias mexicanas, diminuiu a ingestão de zepellins, está caminhando para o trabalho desde que lhe incendiaram a kombi e em Ribeirão prometeu que estará voando. Até meu FitBit ele pediu emprestado (pena que o perdi)… Então, cuidado!

  9. Sidney N
    5 de setembro de 2013

    Parabéns Munhoz! Senti os efeitos da quase total falta de atividade física no último mês e agora tenho de correr atrás do prejuízo. Vou me espelhar no seu exemplo 🙂 Abraços

    • Rodrigo M. Munhoz
      5 de setembro de 2013

      Grande Sidney! Pô, será que a visita ao Brasil lhe tirou o ritmo ? Mas pelo menos te vi nadando bem lá no ECP… tenho certeza que vai voltar ao patamar anterior numa boa. Abração!

  10. rcordani
    5 de setembro de 2013

    Gostei do resumo: “Método: Pode ser resumido em “Deixar de ser comilão, e deixar de ser vagabundo. Documentar. Manter no longo prazo.”

    E to com o Miyahara: ouro ou…

    • Rodrigo M. Munhoz
      5 de setembro de 2013

      Obrigado, R.
      Acho que vou patentear esse método e escrever um livro chamado “The Lard Bucket Diaries”. Vou detonar aquele lance de Beverly Hills…
      Agora, sobre o ouro… sabe como é… to com uma dor no ombro… vou ficar gripado na 2a semana de Setembro… cansado de viagens… foi mal ae.

  11. Ana Mesquita
    5 de setembro de 2013

    Bacana!

  12. Rodrigo M. Munhoz
    5 de setembro de 2013

    Valeu, Ana! Aproveito para dar os parabéns pela 2a edição da “Travessura“!

  13. Fernando Cunha Magalhães
    5 de setembro de 2013

    Na medida certa com Rodrigo Munhoz!
    O Márcio Atala orgulhar-se-á da sua experiência.
    Acho muito legal a naturalidade com que vc expõe tudo isso.
    Parabéns!
    E estou apostando num sub 33s em RP.

    • Rodrigo M. Munhoz
      6 de setembro de 2013

      Obrigado pelo feedback e otimismo, Esmaga! Sobre a exposiçáo citada, estava pensando nisso: Como não tenho uma memória detalhada como a sua e do Renato, dou preferência para o que aconteceu mais recentemente. Talvez memórias mais mundanas e nada históricas, mas não tenho problemas com isso até que memórias e histórias de outrora surjam ou sejam lembradas (hipnose, talvez?). 🙂

      Infelizmente acho que sub-33 ainda está fora do alcance, dados resultados de treinos… Mas vai que o “polimento” encaixa, né?!
      Abração!

  14. Renata Paiva Angelini
    6 de setembro de 2013

    Munhoz, apesar do seu post ser coisa séria eu ri muito com os detalhes!! É bem difícil para nós ex atletas nos conscientizarmos de que não é mais possível comer o que queremos x na quantidade desejada x na hora que dá vontade. O mais incrível da sua história pra mim foi a falta de vergonha e mandar ver no post, parabéns! Assumir o balde de panceps não é fácil. Acho praticamente impossível se fosse uma mulher fazer isso!! rsrsrs. Eu acabei de ter um baby (3 meses agora) e estou na luta para voltar a forma também. Antes de engravidar pela 2 x estava mais firme na natação, corrida e pedal (naõ chegava a ser triathlon pois não curto as competições), e agora com 2 filhos as idas a academia vão ser mais dificeis. Mas enfim, nada é impossível e vocêˆ é prova disso! Parabéns novamente, lembranças a galera da natação, boa sorte em Ribs e bons treinos!! Beijão!

    • Rodrigo M. Munhoz
      6 de setembro de 2013

      Oi Renata,
      Parabéns pelos filhos, especialmente pelo novo bebê em casa! Bom te ver por aqui!
      Obviamente, para os PEBAs como eu escreverem por aqui, tem que ser meio cara de pau… então a falta de vergonha de falar da própria pança é fichinha, especialmente quando é por uma boa causa.
      Beijos e apareça mais!

      • Fernando Cunha Magalhães
        9 de setembro de 2013

        Munhoz, depois das medidas da Preta Gil expostas ontem no Na medida certa do Fantástico, retiro os parabéns que havia dado a você para passar a ela… CORAJOOOOOOSA!
        Tomara que alcance os objetivos, melhore o joelho e encontre equilíbrio na nova forma.

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