professor
pro.fes.sor
sm (lat professore) 1 Homem que professa ou ensina uma ciência, uma arte ou uma língua; mestre. 2 Aquele que é perito ou muito versado em qualquer das belas-artes. 3 O que professa publicamente as verdades religiosas. P. catedrático:professor titular de curso secundário ou superior. P. régio, ant: professor nomeado pelo Governo para reger uma cadeira de instrução primária ou de liceu.
técnico
téc.ni.co
adj (gr tekhnikós, de tekhné) 1 Relativo a uma arte ou ramo específico de atividade. 2 Que tem técnica. sm 1 Aquele que é perito ou versado numa atividade: O parecer dos técnicos. 2 Esp Treinador de um conjunto esportivo. T. de rádio: V radiotécnico.
ídolo
í.do.lo
sm (lat idolu) 1 Estátua, figura, ou imagem que representa uma divindade e que é objeto de adoração. 2 Objeto de grande amor, ou de extraordinário respeito.
Foram vários os professores…
Foram vários os técnicos…
Foram vários os ídolos…
Mas todos, em algum momento, eu quis matar!
Comecei a nadar com 5 anos de idade, e desde lá não parei… nem que não sirva pra nada, como um treino de 100 metros solto e 40 minutos tomando sol.
E estes são os melhores, pois na minha idade, você já não sente tanta culpa…culpa?
Pois é…me vem a imagem de um técnico, de um não, de muitos… Junior (um barbudo do Curitibano), Amauri Fidelis (meu primeiro grande técnico), Glauco (o pequeno graaande Glauco), João, Marcio Latuff, Ubiratan Glória (Bira da Brasil Swim), Pancho, Alberto Klar, Albertinho, Mario Sérgio (Run&Fun), Yara Kamada… entre outros tantos…
Tinham os bonzinhos, os carrascos, os desencanados, os “paizões”, os baladeiros… tem muita história pra contar. Muita.
A “culpa” vem em parte por eles, que tantas vezes estavam lá, na beira da piscina, me incentivando, me tirando a preguiça e me motivando a ir mais, cada vez mais!
Isso era muito bom! Eles não eram simplesmente professores e técnicos, pois na adolescência e juventude precisamos de direção, e eles nos davam isso, cada um da sua forma.
Mas o que eu gostaria de semear neste tópico é a relação de amor e ódio que se estabelece com o técnico, sempre traduzida em bons e péssimos resultados.
Todo mundo que treinou sabe que não depende só de você, mas do técnico, do treino, da base, da técnica apurada, do específico, do polimento… aaaahhhh… o polimento!
Uma das minhas principais questões como atleta era: como polir? Qual a dosagem de descanso que eu tenho que fazer para estar a 100% no dia da competição?
Pra quem não sabe, o polimento é uma fase antes da competição onde você parava os treinos “pesados” e iniciava uma fase de treinos leves e de muito preparo mental, para estar com o físico e o mental a 100% no dia da competição.
Você poderia ter treinado muito, a base, o específico, a técnica, enfim… dado seu melhor, mas se errar o polimento… já era! Só no ano que vem. Perdeu! Não tem meio termo.
Se o resultado não veio… tudo vem à cabeça, e muitas vezes no final, era no técnico que você descarregava todo seu ódio. Você errou o polimento?!!! Seu &#*[&#**!!!!!!
Quantas vezes em uma competição eu não escutava comentários de toda a equipe de um determinado clube, de que fulano havia “errado o polimento”. Na minha equipe ocorreu algumas vezes. Clima de tensão, pais reclamando, diretores com a boca torta, equipe a ponto de explodir… Jesus virou Judas!
Faz parte.
Ser professor, técnico e ídolo não é fácil. Há muita expectativa, há muita frustração, há muito envolvimento, entrega, doação… e obviamente, muita coisa em jogo. Linha tênue entre o amor e o ódio. Quase um casamento.
Confesso que não sei exatamente o porquê, até hoje, dos meus bons e péssimos resultados, pois a gente mistura o objetivo e o subjetivo nesta conta…
Treino + Técnica + Base + específico + Polimento = Medalha? Infelizmente não…
Soma-se a esta fórmula:
Fé, alto-estima, superstição, nervosismo, controle emocional, raça, foco, concentração… e talvez não só suas, mas do seu técnico, da sua equipe.
E o técnico tinha que dar tudo isso pra você? Qual o % de cada um dentro de uma medalha conquistada? É, a natação não é uma ciência exata…
Não sei a resposta, o óbvio é que penso que no dia da medalha, tudo isso aconteceu de forma “esperada”… tinha treinado, o treino era regido por um técnico de alto nível, não “amarelei”, estava “polido e raspado”…
Quando tive meus melhores resultados, não consigo explicar o que aconteceu, mas lembro uma vez o Senna explicando sobre uma corrida que ele fez em Mônaco (84), em que ele saiu em 13º ultrapassou todo mundo e depois de tirar 30 segundos de diferença de Prost, a prova foi encerrada… segundo ele, ele entrou em um estado de concentração em que não via mais nada, apenas sentia, ele o carro eram um só, o som era diferente, a imagem, tudo.
Durante a prova, posso dizer que estava também em um estado diferente, daqueles que você não consegue realmente explicar em detalhes, apenas acontece… fruto de muita concentração.
Mas e quando o resultado não vem… onde eu falhei? Será que EU falhei? Será que não foi o técnico?
O certo é que nunca vi um atleta ou um técnico dizer: Errei!
E ai a relação de amor e ódio começa de novo…
Mas no meu caso e de muitos, era justamente nas horas de maior ódio que ele vinha, sentava do meu lado, tínhamos uma conversa sobre o que aconteceu, a passagem mais forte, a braçada, a falta de perna 6 tempos, a virada, o que faltou… tudo era explicado tecnicamente, e por fim, um discurso motivacional, uma ajuda para recuperar o foco, frases de efeito, e sua admiração voltava e lá estava você, pronto pra outra derrota, ou outra vitória! O amor voltou.
Será que ainda hoje é assim?
Tudo o que tínhamos no passado, acredito que exista hoje, mas com uma diferença brutal: a profissionalização do esporte.
Os laços entre técnico e atleta deixaram de ser afetivos, paternalistas, e passaram a ser puramente de resultado, com contratos, multas e exigências que nem eram sonhadas antigamente.
Sem contar a grande força que era o orgulho de carregar a bandeira de seu clube. Hoje não é mais um clube que tem determinado técnico, mas o técnico que está no clube, não é mais o clube que formou um atleta, mas o atleta que está no clube.
Acabou o romance? Sugiro que sim.
Precisamos dele pro bem do esporte?
Não sei, mas a conversa com o técnico hoje, depois de um resultado ruim, pode ser em cima de um contrato, e não mais com aquela cumplicidade de antigamente.
E o resultado ruim de ontem, que era apenas tempo e medalhas, hoje pode ser imagem, patrocínio, salário… e aquele bate-bapo entre atleta e técnico depois, pode ter que ser na presença de um advogado!
Estamos em mais um ciclo olímpico, e as notícias estão fervendo, o amor e o ódio estão em disputa acirrada… só espero que seja para o bem da natação, e que as cabeças estejam em seu devido lugar, que é na piscina!
Legal! Bem atual esse tema, Miyahara… Será que os inúmeros picos de performance durante o ano de um atleta de ponta (na nossa época era 1-2 polimentos ao ano e só) geram mais ou menos stress no relacionamento atleta x técnico? Eu chutaria MAIS…
Boa Miyahara, gostei do tema…. Tambem acho ( como o Munhoz) que o stress entre Atleta x Tecnico era maior em nossos tempos , com praticamente 2 polimentos ano. O ciclo era longo e interminável , na minha opinião, e a frustração se concentrava em apenas 2 ou 3 competições no ano….
Bacana o assunto! Por incrível que pareça tenho um texto no “forno” sobre o mito do polimento! Aguardem…
Quanto a relação do atleta e técnico, a impressão que tenho é a mesma que a sua, ou seja, que hoje a coisa é mais profissional, do tipo patrão – empregado! Pode ser que o resultado seja melhor dessa forma. Não sei! Eu prefiro o modelo da nossa época onde tínhamos uma relação de total confiança e cumplicidade com nossos técnicos! Eu treinei com 10 técnicos diferentes (Tia Rita, Mineiro, Adolfo, Edson, Luis, Joãozinho, William, Maglischo, Ron Johnson e Brandon J.), mas 90% da minha vida competitiva foi sob a tutela do William e do Maglischo. Entre os dois o William era mais completo porque tinha esse lado “psicólogo” que é muito importante pro atleta. O Maglischo era mais do estilo patrão. Dei ótimos resultados, mas tive muito do lance amor e odio com ele. Coisa que nunca tive com o William!
O epichurus virou referncia de notcias da natao brasileira! Parabns a todos os envolvidos!
From: Epichurus Reply-To: Epichurus Date: Wednesday, March 6, 2013 5:04 PM To: Leonardo Ribas Gomes Subject: [Novo post] Amor e dio
WordPress.com alexandremiyahara publicou: “professor pro.fes.sor sm (lat professore) 1 Homem que professa ou ensina uma cincia, uma arte ou uma lngua; mestre. 2 Aquele que perito ou muito versado em qualquer das belas-artes. 3 O que professa publicamente as verdades religiosas. P. catedrtic”
Eu tive praticamente quatro técnicos: Pancho / Nenê / Willian / Alberto e depois voltei para o Pancho. Não experimentei essa relação de amor e ódio que falou o Miyahara, acho que a relação que o Pancho construía e depois eu acabei levando para os outros três técnicos era de parceria. Desde muito pequeno a gente discutia por exemplo para quais provas eu ia treinar e em toda a competição decidíamos juntos o que eu ia nadar daquela vez.
E realmente, como disseram acima, hoje em dia com o profissionalismo as pessoas ganham dinheiro para nadar, então é uma profissão. Já não tem nada a ver com o que fazíamos antigamente, as relações hoje são baseadas em contratos. Não vai aí juízo de valor, é fato.
Bom tópico, Miha.
Valeu R.!
e com certeza sem juízo de valor!
Eu não tenho certeza… Acho que algo da nossa época ainda sobrevive sim nos times de natação, talvez não na “elite” mas na grande maioria que faz o esporte competitivamente, mas não ganha nada com isso…Ou talvez isso seja apenas meu “wishful thinking” em relação aos dias de hoje…
Myahara, muito legal seu texto e fiquei muito feliz em ver meu nome nele, tenho muito orgulho do meu trabalho com vc, jojó e Cia !! Acho mesmo que estamos vivendo a profissionalizaçaõ do esporte mas sinceramente tb acho que o atleta perde um pouco com isso, a confiança, respeito e intensidade nas relaçoes são algo que dão aquele “Plus´´…..não sei se alguns nadadores que ficam pulando de treinador em treinador de acordo com a “verba´´ paga, perfomarão como antes….acho que não !!Tive basicamente apenas 1 treinador..o William e se hoje tenho centenas de atletas tenho certeza que o fato de criar uma relaçao com eles muito próxima E verdadeira foi definitva para isso. Um grande abraço a todos vocês. Mario SERGIO
Mario, Valeu! Só de lembrar do nosso tempo juntos já começo a rir! Na época que era fundista, tivemos bons papos! Aprendi bastante! Mas engraçado, ainda tenho ódio de vc! ou é amor…?! hahahahaha!
grande abraço!
Boa Myha…..hahahaha….acho que tá mais para amôr…rs! abração.
Eu tive uma fase na AESJ onde tivemos 5 técnicos em menos de 3 anos!!! O último foi o mestre Glauco Putomati que colocou a equipe nos trilhos e, ouso dizer, lançou Fabiola Molina. Ele tinha o estilo pai bravo e agradeço muito a ele mesmo quando levava alguns esporros. Vim para São Paulo e fiquei sob a tutela do mestre Wilbor (William) o qual também tenho admiração e só levava esporro por causa de uns maus elementos que nadavam na mesma equipe.
A Marina já escreveu em outro post sobre a importância do técnico e sua relevância até comparado a professores de escola. Realmente a intensidade e comprometimento é muito maior com o técnico de natação.
Bom texto Myha,
Texto atual e válido para todos os esportes individuais, amadores ou profissionais devem se identificar com o tema.
Abs
Abdo
Ah, a complexidade das relações humanas!
Acompanhei anos e anos da relação técnico-atleta e vi de tudo.
Inclusive técnico dizendo que errou e pedindo desculpas, e atletas assumindo a responsabilidade num fracasso.
Os estilos variam muito e bem mais jovem, questionava a paciência de técnicos obstinados, estudiosos que não tinham a reciprocidade em dedicação de parte da equipe de atletas. Como eu também era obstinado, avaliava até como desrespeito a postura desses atletas.
Havia também a questão dedicar-se ao desenvolvimento do atleta e depois vê-lo passar de categoria e ir para outra turma ou optar por outro clube.
Hoje vejo que as diferenças são naturais e que a capacidade de despertar o significado nos que fazem “corpo mole” ou construir uma relação que o atleta não queira romper faz parte das competências necessárias para um profissional que pretende ser o líder da sua equipe.
Ninguém nasce pronto ou está pronto ao se formar, ou em qualquer estágio da sua profissão. É preciso ter humildade e questionar suas estratégias e os impactos disso nos resultados. “Não há prêmios ou castigos, apenas consequências”.
Agora, tenho uma certeza comigo: se uma relação atleta técnico não tem uma integração pessoal bastante consistente, ela está aquém das suas possibilidades.
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