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Natação e cia.

A natação brasileira em Londres e o que fazer pra melhorar em 2016!

Foram 9 recordes mundiais e 25 olímpicos.  Nem o mais otimista dos analistas faria tal projeção.  O fantasma da era dos trajes ainda era muito presente antes dos jogos.  Hoje não mais.  Presenciamos vários resultados fenomenais como o 400m Medley da chinesa de 16 anos, 0 100m peito da lituana de 15 anos, o 1500m do Sun Yang, a dobradinha nos 50m e 100m livre da Kromowidjojo, o Agnel buscando o Lochte no 4x100m livre e tantas outras fantásticas performances.  Mas a historia lembrara desta Olimpíada como a ultima de Michael Phelps, o maior nadador e atleta olímpico da todos os tempos.  Somos privilegiados por termos acompanhado ao vivo a carreira desse cara.  Meu filho só o vera no You Tube.  Não tenho bola de cristal mas não e’ difícil afirmar que provavelmente nunca mais veremos alguém como ele.  Os jogos do Rio de Janeiro já saem perdendo por sua ausência.  22 medalhas olímpicas sendo 18 de ouro.  Incrível!  Alias, inacreditável talvez seja um melhor adjetivo.

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Mas como foi a natação brasileira?  Bom, podemos analisar a nossa participação de duas maneiras.  Para a mídia esportiva e 99% do povo brasileiro somente medalha interessa.  Convenhamos que o fantástico 4o lugar do Fratus não faz muita diferença para os leigos de um 25o da equitação ou um 12o no atletismo.  Me lembro inclusive de uma briga que tive na empresa em 2004 quando uma menina desdenhava do 5o lugar da Joana Maranhão.  Se usarmos esse critério não fomos mal.  Em 2004 nenhuma medalha.  Em 2008 duas medalhas do mesmo nadador e em 2012 duas também, só que dessa vez com dois nadadores diferentes.  O gostinho de decepção amplamente divulgado pela mídia se deu em cima da expectativa de ouro nos 50m livre do Cielo, mas embora o ouro não tenha vindo como em 2008, o fato de termos dobrado o numero de atletas medalhistas mostra uma evolução da equipe.  Se no Rio de Janeiro conseguirmos três medalhas, muita gente vai encarar como evolução.  O problema desse critério, embora agrade a mídia, e’ que só analisa os nossos medalhões.  90% dos nossos nadadores não tem chance de medalha, logo ficam fora dessa analise.

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A outra maneira e melhor forma de analisarmos nossa participação e’ verificando a performance individual de cada brasileiro.  Usando esse critério não fomos bem, o que não e’ nenhum demérito dessa equipe que esta ai, porque historicamente os brasileiros, salve raras exceções não conseguem repetir seus melhores tempos nas Olimpíadas.  De excelentes resultados tivemos a surpreendente prata do Thiago nos 400m medley, o 4o lugar do Fratus nos 50m livre, a 9o posição do Cerdeira nos 200m peito e as ótimas atuações do Chiareguini nos revezamentos.  Tivemos ainda boas atuações do Leonardo de Deus nos 200m costas, do Henrique nos 200m medley e do Felipe Lima nos 100m peito.  Todos os outros resultados foram abaixo ou muito abaixo do esperado, dependendo do caso.  Nenhuma menina surpreendeu embora a Joana Maranhão tenha tido boa performance nos 200m Medley e nossos revezamentos masculinos decepcionaram bastante.

Mas o que esperávamos dos nossos nadadores?  Seria um pouco injusto e utópico esperar que nossos atletas repetissem seus melhores tempos dados nesse ciclo olímpico, ou seja, entre as Olimpíadas de Pequim e a de Londres.  Lógico que alguns desses tempos são de 2009 quando os trajes ainda eram permitidos.  Mesmo na utopia e’ bom mencionar que teríamos saído de Londres com 2 ouros, 1 prata e 4 bronzes.  Seria fantástico mas como eu já disse não da pra ter essa expectativa.  Nenhuma equipe, nem mesmo a americana ou a chinesa consegue fazer que todos seus atletas repitam seus melhores tempos da vida nas Olimpíadas.

Melhor expectativa seria comparar nossa performance com as expectativas dos analistas esportivos como já publicou o Carlão aqui.  Ninguém esperava medalha do Thiago nos 400m Medley, muito menos a prata.  Tai um exemplo de superação das expectativas.  Já todos davam Cielo como ouro nos 50m livre e boa parte o colocava como bronze nos 100m livre e Felipe Franca como prata nos 100m peito.   Então ficamos abaixo da expectativa da mídia especializada que esperava 1 ouro, 1 prata e 1 bronze do Brasil.  Mas novamente aqui só olhamos quem e’ favorito pra medalha.

A maneira mais realista seria esperar que nossos nadadores pelo menos igualassem seus tempos de classificação para as Olimpíadas.  Algo bem realista de se cobrar.  Talvez não tivéssemos mais medalhas mas teríamos finalistas e semifinalistas em basicamente todas as provas que participamos.  Ficamos abaixo do esperado aqui também.  O porque e’ difícil explicar com convicção.  Alguns estreantes sentiram a responsabilidade da primeira olimpíada, outros veteranos que brigariam por medalhas inexplicavelmente não estavam em boa fase.  Principalmente para as meninas, o índice mais forte que o da FINA desestimula sem duvida e e’ responsável por uma mini equipe de apenas 4 atletas.  Mas na minha opinião a principal razão da baixa performance e’ que a maioria dos nossos nadadores não consegue focar nas Olimpíadas e sim na maratona de seletivas.  O objetivo e’ ir para as Olimpíadas e não ir bem nas Olimpíadas.

As gerações passadas, das quais faco parte, tinham um ou dois nadadores no máximo com chance real de medalha, mais um ou outro com chances de final enquanto a grande maioria sonhava apenas em participar das Olimpíadas. Essa nova geração e’ diferente.  Temos pelo menos uns cinco nadadores com chances reais de medalha, mas o mais importante e’ que praticamente toda a seleção brasileira (no masculino pelo menos) tem potencial pra ser finalista olímpico.  O Brasil tem tudo pra trazer medalhas com quatro ou cinco nadadores diferentes no Rio de Janeiro.  Tem tudo pra ter um time completo, lutando por finais em praticamente toda prova e lutando por medalhas nos revezamentos masculinos pelo menos.  Não vamos competir com os Estados Unidos, a Austrália e a China no quadro de medalhas.  Ainda e’ cedo pra isso, mas já temos potencial e talento pra brigar de igual pra igual com a França, Holanda e Japão. Basta Acreditar?  Não!  Precisa agir urgentemente pra identificar o porque a maioria dos nossos atletas não consegue chegar próximo das suas melhores marcas nas Olimpíadas e corrigir essa situação para que em 2016 além de trazer mais medalhas para agradar a gregos e troianos, também possamos ter uma equipe masculina com finalistas na maioria das provas e uma equipe feminina completa e competitiva.  E olha que não e’ sonho não.  Da pra fazer!  Basta quebrar alguns paradigmas que assombram a décadas a natação brasileira!

14 comentários em “A natação brasileira em Londres e o que fazer pra melhorar em 2016!

  1. rcordani
    5 de agosto de 2012

    Boa análise, Lelo. Quem sabe para o Rio 2016 a CBDA faz apenas UMA seletiva em (por exemplo) janeiro de 2016, classificando dois por prova, fim de papo.

  2. Marcelo Menezes
    5 de agosto de 2012

    Deus te ouça irmão!  Deus te ouça!

    Podiam inclusive testar a formula no mundial!

  3. Rodrigo Munhoz
    5 de agosto de 2012

    Gostei da ponderação, Lelo.
    Adicionaria que o assédio e as expectativas criadas em cima do Cielo (nós mesmos contribuímos um pouquinho) podem não ajudar… tudo bem que os grandes campeões do mundo todo estão sujeitos a isso, mas acho que nossos atletas – especialmente os menos experientes – não estão acostumados com tanta atenção… e temos visto que a imprensa frequentemente é um saco. Não estou criando desculpas para ninguém, apenas tentando adicionar algo ao debate.

    • Marcelo Menezes
      6 de agosto de 2012

      Boa Munhoz! Acho que o excesso de assedio e altas expectativas podem atrapalhar o psicológico de alguns atletas. Inclusive acho muito comum com os brasileiros. Só não acho ser o caso do Cielo. Pra mim ele já provou que lida muito bem com a pressão. No ultimo mundial, onde ele levou ouro nos 50m e 100m com recorde mundial, já havia todo o assedio e expectativas graças ao ouro em Pequim e com o agravante de ter que lidar com duras criticas publicas de adversários e da midia sobre seu doping por furosemida! Não deve ter sido fácil aquela época pra ele e mesmo assim mostrou a todos dentro das piscinas o grande campeão que é.
      Pra mim o problema do Cielo aparenta ser a auto cobrança, beirando a obsessão! É muito difícil lidar com a derrota quando se tem esse perfil.

  4. Ruy
    6 de agosto de 2012

    Alguém sabe como é feita a seletiva olimpica para os países citados no comentário do Lelo? Incluindo os médios (França, Holanda, Japão)?
    O assédio já faz parte da realidade da natação brasileira, fruto do próprio sucesso e profissionalização da mesma, sendo preciso aprender a lidar com isso. Se, hipoteticamente, tivessemos como melhor resultado da natação, uma final B, assistiriamos a chegada dessa prova no intervalo entre uma partida de volei de praia masculino da Lituania x Uzbequistão.

    • rcordani
      6 de agosto de 2012

      Ruy: França, Japão, Holanda, Austrália, EUA, etc têm seletiva única, dois por prova (desde que tenham índice FINA), fim de papo.

      A questão principal é QUANDO fazer essa seletiva. A maioria dos países faz um certo tempo antes (5-7 meses) para dar tempo de os selecionados concluírem mais um ciclo de treinamento até os jogos. Os americanos fazem tradicionalmente cerca de 1 mês antes, e os atletas aproveitam o MESMO ciclo para os jogos. Muitos nadadores americanos reclamam, mas é inegável que vem dando certo para eles.

      Que eu saiba dos países que têm uma equipe mínima só no Brasil tem essa de “o melhor tempo” dos últimos 12 meses, incluindo eliminatórias e tudo o mais.

      • Marcelo Menezes
        6 de agosto de 2012

        Tem toda razão. Pra mim é inquestionável que a seletiva única é disparado o melhor critério de seletiva. O único motivo ao meu ver de não termos até hoje adotado esse critério é o gigantesco medo de um medalhão ficar de fora. Imagina um Cielo por exemplo, ficar de fora de um 50m livre. A chance é mínima mas existe. a CBDA iria a beira da loucura se isso acontecesse e muito provavelmente a decisão seria revertida no tapetão. Quanto ao timing, é uma decisão técnica. Particularmente preferiria uma seletiva de 5-7 meses antes dos jogos. Um novo ciclo 100% focado nas Olimpíadas seria sensacional! Mas é fato que a seletiva americana 1 mês antes dos jogos parece funcionar muito bem!

      • Anônimo
        11 de agosto de 2012

        Seletiva Única é a campanha que Temos que lançar aqui no Blog e espalhar tbém no Facebook.
        O perigo da Única Chance eliminar alguém importante existe, mas ele é exatamente o mesmo perigo deste mesmo cara errar a dose numa eliminatória ou semifinal, como aconteceu com o Lazlo (aquele carequinha) nos 400 IM.
        Assim como se tornaram campeões, superando todos os demais brasileiros, os nadadores selecionados tem que se preparar E obter seu melhor resultado naquela oportunidade, não esperar por uma segunda chamada, não haverá segunda chance no Rio 16, esta é a graça da Olimpíada.

        Quanto à data ideal para seletiva acho que nossa geração não consegue mais opinar, nossos ciclos eram de seis meses (TB & Finkel), hoje o treinamento está diferente. Pode ser q a melhor maneira seja a americana (30 dias) ou outra qq, mas a chance TEM que ser única.

      • rcordani
        12 de agosto de 2012

        Anônimo, concordo totalmente com você. Seletiva única já.

  5. Augusto uchida
    6 de agosto de 2012

    Nao sei perceberam mas o cielo nem cortou o cabelo. E tambem faltou aquele eye of the tiger na final. Nao é uma critica mas apenas uma percepção de que faltou aquele furor natatorium para encarar os cinquentinha

    • rcordani
      7 de agosto de 2012

      Augusto, eu tive um pouco a sua impressão logo após a prova, na emoção. Porém passados quatro dias, o que parece é que Cielo não estava nadando para menos do que 21.5 nessa olimpíadas, veja o resultado do Cielo na semifinal, e o francês surpreendeu e nadou para 21.3. Analisando com calma,aparentemente o francês realmente nadou para um tempo que o Cielo simplesmente não conseguiu fazer.

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Publicado em 5 de agosto de 2012 por em Natação, Olimpíadas.
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