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Natação e cia.

A hipotermia de Poliana

(Em primeiro lugar, espero que ela esteja bem – pelas notícias da Internet ela aparentemente está.)

A foto abaixo está  na Folha Online e me chamou muito a atenção.

Sair tão atrasada assim não é normal…

Vejam que já tem ao menos duas competidoras  tocando a água e a Poliana ainda está meio em pé. Alguém poderia  dizer que para uma prova de quase 2h a saída não é tão importante, o que seria uma grande bobagem, pois a posição inicial é MUITO importante em maratonas aquáticas. Uma rápida olhada em qualquer prova desse tipo mostra que as atletas saem sempre muito forte e se esforçam agressivamente nas primeiras braçadas justamente para se posicionarem bem.

Mas então por que a Poliana saiu tão atrasada?

Evidentemente não tenho a resposta, mas me ocorrem três hipóteses:

1)      Poliana estava desatenta – não conheço a Poliana, mas ela é uma excelente atleta de maratona e piscina e acho muito difícil um nadador desse nível estar “ desatento”  na hora da saída.

2)      A saída de alguma forma beneficiou as atletas do lado das raias à direita de Poliana. Mesmo assim a nadadora da raia 25 já está quase na água também.

3)      Poliana já não estava se sentindo bem, e mesmo assim tentou nadar, e (como vimos) não conseguiu chegar até o final.

A hipótese (3) é a minha aposta, e (já que o papel aceita tudo) eu poderia continuar especulando e dizer que ela poderia estar com um pouquinho de febre, e água a 19◦ + febre inicial + desgaste = hipotermia.

ATENÇÃO: não estou de forma alguma afirmando que ela estava doente, o único FATO é que ela saiu muito atrasada e nadadores desse nível em geral não fazem isso.

De qualquer forma, foi uma pena ela ter parado na quinta volta (de 6), ela que foi sétima colocada em Pequim. Que a saúde lhe volte rápido!

Só como último comentário, a hipotermia não é inédita para ela, veja essa notícia de agosto de 2010. (link)

Sobre rcordani

Palmeirense, geofísico, ex diretor da CBDA e nadador peba.

15 comentários em “A hipotermia de Poliana

  1. Polaco
    9 de agosto de 2012

    Eu concordo com voce, a saida e importante e pela foto realmente tinha algo errado.
    Eu fiz algumas travessias, inclusive a do mundial em 1991, que alem de agua viva, tambem estava fria (nao a 19, mas a 21) e eram 25km, onde a saida foi bem forte, exatamente para se posicionar melhor. Algumas opiniões minhas:

    – Como passou mal , fez certissimo em sair, inclusive acho que deveria ter saido antes.
    – Se não estava bem antes da prova, não deveria ter participado. Se o tecnico sabia, não deveria ter deixado ela competir.
    – E se eu fosse pular em uma prova com temperatura dessa, com certeza a preparação contaria com treinos longos em aguas parecidas e ganharia uns 4/5 kgs. Não sei como foi a preparação, mas imagino que isso deve ter sido planejado.

    A verdade é que não saberemos o que realmente aconteceu, pois não acho que vao falar que houve erro em treinamento etc, devem dizer que ela pasou mal e que é normal, e realmente é.

    • rcordani
      10 de agosto de 2012

      Legal Polaco. Na sua prova de 25km não valia vácuo e era um barco por nadador, correto?

      • Polaco
        10 de agosto de 2012

        corretissimo. barquinho para cada atleta e em cada barco um fiscal, alem do acompanhante e o barqueiro.

  2. LAM
    9 de agosto de 2012

    19 graus não é tão frio assim para este pessoal das águas abertas (para mim é quase impossível) mas é desagradável.
    Falamos na possibilidade de febre pois o organismo humano é muito mais sensível a pequenas variações da temperatura interna do que a grandes variações da temperatura externa.
    Veja um dia normal de inverno em Curitiba, 5 graus pela manhã, 25 graus na hora do almoço, 10 graus ao entardecer, ninguém passa mal por isso. Na contramão, um adulto com 38 graus já não trabalha direito, tem calafrios, dores pelo corpo, etc…
    Duas horas na água fria já são bem mais difíceis que 8 horas trabalhando em frente ao computador, com 0,5 grau acima (ou abaixo) da temperatura normal o desempenho pode ser enormemente afetado. ´
    Ao contrário de outras desistências, acho que esta foi necessária para preservar a integridade física da atleta.

    LAM, que parou no km 25 da maratona em 2001 por achar que o tempo final não seria bom…

    • rcordani
      10 de agosto de 2012

      Sim, a desistência foi muito importante – ainda bem que ela parou, deve ser dificílimo tomar essa decisão, hein?

  3. Rodrigo Munhoz
    9 de agosto de 2012

    Poliana foi defendida pelo Coach e pelo Daniel Takata em seus blogs: http://sportv.globo.com/platb/blogdocoach/ e http://www.raiaquatronews.com.br/ e acho que eles acreditam simplesmente na situação de hipotermia como razão da desistência. Nenhum deles notou a saída mais “lenta”. Acho que essas coisas acontecem… apesar de nadadores de águas abertas serem muito resilientes, obviamente não são indestrutíveis. Pena que ocorreu na prova olímpica. Melhoras pra ela. Será que vai para 2016, quando terá ~33 anos?

    • rcordani
      10 de agosto de 2012

      Em maratonas aquáticas a longevidade é um pouco maior, pelo menos era, não sei se a tendência do esporte vai se manter. Acho que teremos Poliana + Ana Marcela no RJ 2016.

  4. Marcelo Menezes
    9 de agosto de 2012

    O marido/técnico não falou nada de febre ou qualquer doença. Falou que ela treinou muito e estava muito bem preparada! A suspeita da hipotemia vem dos ventes quentes (27º – 28º) batendo nas costas contra a água fria (19º)! Disse também que ela fica lenta quando aumenta o peso. Não tem biótipo para quilos a mais.

    A única coisa que me causou estranheza é que ela treinava 14.000 metros por dia na piscina do Maria Lenk, que deve ter temperatura em torno de 27º. Imagino eu que uma atleta de travessias deveria treinar em água de temperatura similar a da competição!

    • rcordani
      10 de agosto de 2012

      Lelo, ela fez treinos em água fria sim, mas talvez não tão frios. A represa em São Bernardo é fria mas nem tanto quanto à água de Londres. E a campeã era bem “fofinha”, talvez uns quilinhos a mais ajudassem sim. Em travessias, muitos nadadores fazem regime de engorda.

  5. Cleto Filho
    9 de agosto de 2012

    Reblogged this on crconsultoria.

    • rcordani
      10 de agosto de 2012

      Cleto, obrigado pelo compartilhamento do post.

  6. Viviane Motti
    11 de agosto de 2012

    Eu já participei de uma prova em Niterói onde se não a metade ,quase a metade dos participantes desistiram pelo mesmo motivo da hipotermia.Fazia 35 graus fora e 18- 19 dentro da agua.Surpreendentemente apesar da ausencia de gordura fui ate o final.Eu lembro q passei os últimos 5km me questionando se eu estava bem,observando alguma mudança no meu ritmo ,mas mesmo nadando eu tremia muito.Na época acho que só nao desisti pq estava c muita vontade de ir p o mundial.Quanto a saída nao acredito q o fato dela sair um pouco mais lenta já indicasse indisposição .

    • rcordani
      11 de agosto de 2012

      Oi Viviane, obrigado pelo comentário. Realmente as condições que você relatou em Niterói eram similares a Londres – frio dentro e calor fora d’água, talvez tenha sido essa a razão do ocorrido.

  7. Daniel Takata
    17 de agosto de 2012

    Só uma curiosidade, a nadadora da raia 25 é justamente a que ganhou a prova!

    • rcordani
      17 de agosto de 2012

      Legal Daniel, valeu pela info. E a Poliana inicialmente tinha dito que ia se pronunciar na sexta (10/08), mas que eu saiba até agora não se pronunciou.

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Publicado às 9 de agosto de 2012 por em Natação, Olimpíadas e marcado , , .
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