EPICHURUS

Natação e cia.

Um quatro três dois

O leitor atento do Epichurus sabe da predileção deste blog pela prova de 200 peito, a prova de menor velocidade média da natação mundial, e portanto a menos explosiva e a com maior poder estratégico.

Estratégia em prova de 200 me lembra o Pancho dos anos 90, que era obcecado pela estratégia do “Um Quatro Três Dois”.  Isso significa que os primeiros 50m são os mais fortes (um), os segundos 50 são os mais fracos (quatro), os terceiros cinquenta são melhores que o segundo (três) e o último parcial é segundo mais forte (dois), só atrás da abertura. Basicamente uma prova negativa a cada 50m, excetuando o primeiro parcial que é muito beneficiado pela saída (e principalmente pelo fato de que os outros três parciais começam a contar pela batida de mão).

Na época, eu me lembro do Oscar Hogenboom e o Barrão também ficarem obcecados com essa estratégia, às vezes parecia que eles preferiam executá-la e perder do que ganhar. Acompanhe na imagem abaixo o desempenho na semifinal dos oito semifinalistas nos 200 peito:

Resultado da semifinal dos 200P no Mundial de Barcelona.

Resultado da semifinal dos 200P no Mundial de Barcelona.

Vamos analisar o desempenho da semifinal dos oito finalistas por esse ângulo?

Gyurta 1 3 2 4

Koch 1 2 3 4

Willis 1 3 2 4

Sinkevich 1 3 2 4

Jamieson 1 3 2 4

Mattson 1 3 4 2

Yamaguchi 1 2 3 4

Tateishi 1 3 2 4

São cinco “1 3 2 4”, dois “1 2 3 4”, um “1 3 4 2” e um “1 3 2 4”. Ou seja, forte predominância do 1 3 2 4. Isso significa que a estratégia 1 4 3 2 está ultrapassada? Pode ser, mas eu aposto que o pessoal segurou o último parcial, que é a forma tradicional de esconder o leite nos 200 peito.

Amanhã depois da final voltamos a analisar o vencedor e as estratégias dos melhores. Aposto que o 1 4 3 2 vai aparecer nos melhores colocados, volte aqui para conferir!

Sobre rcordani

Palmeirense, geofísico, ex diretor da CBDA e nadador peba.

18 comentários em “Um quatro três dois

  1. Ludmila Grammont
    1 de agosto de 2013

    Saudades do Pancho! Lembro dessa estratégia dele, tentei nadar desse jeito nas provas de 200 borbola mas nunca consegui. Acabei me lembrando de outras coisas engraçadas do Pancho, tipo o “alegria alegria” (significava que o treino tinha alguma coisa muito terrível) e o “bolinha ao quadrado”, que pra ser sincera não me lembro muito bem o que era isso, mas devia ser algo ruim e minha mente para me proteger acabou deletando da minha memória. Saudades dele….

    • rcordani
      1 de agosto de 2013

      haha, boa Ludmila, “bolinha” era quando você fazia seu melhor tempo de treino, já “bolinha ao quadrado” quando você fazia no treino o seu melhor tempo da vida incluindo competição!

      E quando vinha o “alegria, alegria”, sai de baixo!

      • Miyahara
        2 de agosto de 2013

        Faaala Ludmila!!!! Lembrei hoje dos tiros de meia hora em que nos primeiro 50, ou 100mts, o Pancho jogava pranchinha, palmar, boinha e pés de pato na água pra dizer que “foi zoerinha” que não ia ter tiro e que provavelmente ia rolar um solto e chuveiro…

        mas quando as pranchinhas não vinham (óbvio que sempre esperávamos vê-las flutuando na água), aiiiiii lascou..!!!

        Mas em tiro de meia hora não tinha 1432, era 12222222222222222222222222222222222222222222….3456789101112…..

  2. Rodrigo M. Munhoz
    1 de agosto de 2013

    Caracas…. frequentemente fazia o típico 1234 nos 200 peito… Porém, no meu caso significava apenas que havia adqurido um Pavarotti crescente no decorrer da prova. Peba…

  3. Lelo Menezes
    1 de agosto de 2013

    Eu era adepto do 1243 e as vezes o 1342

  4. Pedro Costa
    2 de agosto de 2013

    Bem, Renato, provavelmente você já conhece as estratégias dos oito melhores nos 3 ultimos mundiais e duas ultimas olimpíadas,então já deve saber a resposta… Além disso o Gyurta volta muito forte!
    Mesmo assim vou arriscar opinar e dizer que o “1324” é realmente um percursor do “1432”, mas aposto que a maioria dos finalistas não terá um resultado que reflita essa tática. Parece-me (bem leigamente e subpebamente) que o preparo está tão forte que se nada sempre muito próximo do limite, de forma que há pouca margem para acelerar no final, naquele pensamento de que “se eu acelerar agora, quando ‘bater o lactato’ , a prova acabou”.
    Enfim, eu apostaria numa predominancia do 1423 .
    Abraços!

    • rcordani
      2 de agosto de 2013

      Haha, Pedro, não analisei o passado não, só lembrei do Pancho e resolvi analisar desta vez. Vamos ver na final!

  5. LAM
    2 de agosto de 2013

    1432 significa q o fulano não dei tudo de si… chegou sobrando
    No CC não tinha este papo, mas creio q os meus melhores resultados foram 1324

    • rcordani
      2 de agosto de 2013

      Concordo LAM.

      Eu não era adepto da estratégia 1 4 3 2, eu gostava mais do “parciais iguais fora o primeiro”. Tipo 1 2 2 2.

  6. Fernando Cunha Magalhães
    2 de agosto de 2013

    Bem interessante essa análise.
    LAM certamente aplicou 1432 no JUBs de 87, mas cozinhou demais o parcial e era muito superior aos adversários. Pena a desclassificação.
    Agora, o sujeito fazer isso na final do mundial ou olímpica, tem que ser muito fera. E eles são.
    Vamos ver o que dá.

    • rcordani
      3 de agosto de 2013

      Eu pensei que LAM havia ganho os 100 e 200P em Belém, foi desclassificado? E o 1 4 3 2 foi para ganhar de quem nos últimos 50?

  7. Lelo Menezes
    2 de agosto de 2013

    1423 pro ouro e 1234 tanto pra prata quanto pro bronze. Assassinaram a teoria do Pancho!

  8. Pingback: Um quatro três dois – FINAL « Epichurus

  9. Pedro Costa
    2 de agosto de 2013

    O Gyurta, se desconsiderarmos os 3 centésimos, fez um “1422”, próximo do “1222” idealizado pelo Cordani…
    Agora, de uma outra perspectiva (o da colocação) Gyurta fez um “3-7-1-1”, sendo que esse “1”, no final é o que mais importa! Interessante, que analisado somente o “lap”, sua colocação seria “3-6-1-1”, sendo ainda que a diferença, na ultima volta para o segundo, foi maior que a da penultima, ou seja, tentando “remodelar” a tática do Pancho, se considerarmos em termos relativos às passagens dos demais competidores (todos de alto nível) em vez de relativos a suas próprias passagens, o vencedor Gyurta fez uma tática “3-4-2-1”. Como em termos relativos o primeiro parcial não fica destacadamente melhor que os demais, creio que fica resgatado o espírito da estratégia “pancheana”… Abraços!

    • rcordani
      2 de agosto de 2013

      Verdade, boa Pedro, esse seu novo comentário saiu concomitante ao meu novo post!

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Publicado às 1 de agosto de 2013 por em Mundial Barcelona 2013, Natação e marcado , , .
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