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Natação e cia.

Meu Troféu de Futebol

Faltando menos de três meses para a Copa do Mundo no Brasil, achei apropriado escrever algo com futebol no meio.  Aqueles que me conhecem um pouco sabem, contudo, que eu sou um dos piores jogadores de futebol que já existiram no Brasil.  Na verdade eu odiei futebol por uma boa parte da minha vida. Então, apesar do título deste post ser verdadeiro, admito que contém um embuste.

Era um troféu de Futebol. E não foi um engano. Fui convidado para uma grande cerimônia no salão de bailes do Bauru Tênis Clube, a qual compareci com meus pais e o Sidão, meu técnico. Lembro de sair num sábado de manhã para comprar uma roupa na R. Batista de Carvalho, que, antes da chegada do Shopping Center, era basicamente a única opção para compras na cidade.  Eu nunca tinha usando uma camisa de manga comprida ou sapatos  sociais antes, mas sabendo que a festa era importante, resolvemos investir.

A verdade é que a ACEB – Associação dos Cronistas Esportivos de Bauru, que existia desde a década de 50 e bastante focada no times do Noroeste, BAC, Parquinho, etc, havia me escolhido como um dos Atletas Revelação daquele ano. Junto com uma dúzia de outros atletas de diferentes esportes em diversas categorias, divulgaram nossos nomes no Diário de Bauru com alguma pompa e chamaram a sociedade esportiva local para a festa.

Para variar, lembro que estava calor naquela noite do prêmio, ainda mais por conta da roupa engomada e do nervosismo. Eu nunca tinha ganho um Troféu antes e estava feliz de estar sendo reconhecido pelos recordes paulistas de 100 peito na categoria infantil, mas cheguei lá sem saber direito o que era tudo aquilo. Foi uma cerimônia bacana e eu estava animado de ganhar um troféu de verdade. A ACEB era respeitada e um monte de gente sabia do prêmio.

Só que a ACEB não tinha muita noção de estética esportiva: O meu primeiro troféu de nadador acabou sendo então uma Bola de Futebol Dourada, parafusada num pedestal de mogno, no ano de 1984 em Bauru.

Phuta decepção… uma bola de futebol?! O esporte que eu achava que estava “roubando recursos” da minha querida natação (e de outros esportes) estaria indelevelmente associado a minha primeira experiência trofelística… Tinha que ser um troféu customizado em forma de bola de capotão? Não podia ser uma daquelas estatuetas de deusa grega semi-nua com uma tocha olímpica básica? Tinha que ser original e feito sob medida?

Soube depois que a ACEB não tinha muita grana e só conseguiu fazer o tradicional “troféu – bola” graças a alguns empresários da cidade, que se cotizaram para realizar a premiação. Apesar de PEBA, eu ganharia alguns outros troféus – mais em linha com minhas expectativas estéticas e de nadador nos anos posteriores, o que foi legal.  Noto que, da perspectiva de hoje, aquela bola foi muito especial e sou grato a ACEB pelo reconhecimento, mas sobretudo pela lembrança divertida para mim e pelo objeto raro, até porque o prêmio deixou de existir alguns anos mais tarde. Acabou sendo o único troféu usado como objeto de decoração em casa, no seu charm “kitsch”.

E ainda posso dizer para meus filhos – que ainda não sabem ler – que o troféu é de futebol.

Sobre Rodrigo M. Munhoz

Abrace o Caos... http://abraceocaosdesp.wordpress.com

21 comentários em “Meu Troféu de Futebol

  1. Rogério Romero
    17 de março de 2014

    Muito legal Munhoz. Os detalhes sempre fazem a diferença. Nós, acostumados com chinelo e sunga, sempre tivemos problemas com vestimentas mais formais.

    Quanto ao título de pior do Brasil, sinto, mas este é meu e ninguém tasca. Nem no Tabajara F. C. consegui entrar.

    Abraço.

    • Rodrigo M. Munhoz
      17 de março de 2014

      Olha Piu… este é o tipo de disputa com você que é capaz de eu ganhar… Mas é melhor nem colocar a prova, pois temo que o espetáculo não seria digno de um ano de Copa do Mundo no Brasil.
      Grande abraço!

      • Fernando Cunha Magalhães
        17 de março de 2014

        Lamento queridos amigos, nesse quesito o LAM é imbatível!

  2. Aécio Amaral
    17 de março de 2014

    Sei, por experiência própria, que quando nadador joga bola só duas coisas podem acontecer…. ou ele se machuca ou ele machuca alguém! Porque gol, que é bom, ele não faz.
    Parabéns pelo troféu, Munhoz.
    Antigamente tinha mais desse tipo de premiação. Ganhei um desses na Esportiva Sanjoanense no início dos anos 70. Tínhamos uma equipe grande e só os doze melhores seriam premiados. Não sabíamos quem seriam esses doze e estávamos todos lá na maior expectativa. Fiquei muito contente quando o Mestre de Cerimônias anunciou meu nome e meio apavorado quando subi no palco para receber. Também tenho o troféu até hoje.
    Tá aí uma coisa que podia voltar….

    • Rodrigo M. Munhoz
      17 de março de 2014

      Bem lembrado, Aecio! Nos clubes onde nadei, geralmente o futebol era proibido aos nadadorrs depois de um certo ponto na temporada. .. tambem, pudera: conheço varios casos de ausências em competições importantes por conta de uma pelada inocente antrs do treino. No meu caso esse risco era diminuído pelo fato de que ninguem nem me chamava pro time.
      Um abraço!

  3. Frederico Prudente Marques
    17 de março de 2014

    Conheci o Rodrigo algum tempo depois, acho que em 1986. Como contribuição posso dizer que, realmente, o Rodrigo era muito ruim de bola, mas um ótimo atleta e merecedor da homenagem….. abraços e parabéns.

    • Rodrigo M. Munhoz
      17 de março de 2014

      Pois é, Fred… em 1984 eu era provavelmente mais perna de pau ainda…mas na água sempre me garanti e ainda o faço! Abraços!

  4. Lelo Menezes
    17 de março de 2014

    Boa Munhoz! Troféu de Futebol pra comemorar façanha de natação eu nunca tive, mas o que eu tenho de medalha de “Honra ao Mérito” não é brincadeira. Acho que os campeonatos regionais da década de 80 as davam de baciada.

    • Rodrigo M. Munhoz
      17 de março de 2014

      Coisa rara, Lelo… ao contrário daquelas medalhinhas ” genéricas” que nos davam nos regionais… se bem que eu as valorizava bastante também, visando alcançar a marca de “mais de mil” a qual ainda mão cheguei!
      Obs …Qualquer dia levarei meu trofeu bola num poker night para causar inveja no R. Abrtz!

  5. rcordani
    17 de março de 2014

    Esse troféu é uma farsa, deveria ser devolvido! Quem já viu o Munhoz com a bola nos pés sabe…

    • Rodrigo M. Munhoz
      17 de março de 2014

      Epa! Farsa não! E também não dá pra devokver, pois a ACEB aparentemente não existe mais… pelo menos não achei vestigio da mesma na internet… pena… sofrem as crônicas desportivas da Cidade Sem Limites!
      Mas, voltando ao troféu, eu tô ligado que você queria um igual, pois juntaria seus dois esportes favoritos em um símbolo icônico! Mas nem vem que não tem!
      De qualquer forma, um abraço!

  6. Fernando Cunha Magalhães
    17 de março de 2014

    Eu jogava direitinho, muito mais por aplicação que por talento, e quando não tentava fugir do feijão com arroz. Sabia dos riscos do esporte bretão e me preservei em grande parte da minha carreira, deveria ter me preservado ainda mais. Rompi os ligamentos nas areias da praia de Calhau em São Luis, no mesmo mês em que ganhei o Finkel e bati o recorde brasileiro. Uma pena. Tenho certeza que algo na minha carreira teria sido melhor se não fosse esse acidente.

    Bem legal o seu Troféu e muito boa sua história, gostaria de ter um desses.

    • rcordani
      18 de março de 2014

      Eu estava nessa pelada na praia do Calhau. Realmente essa contusão não ajudou em nada a sua carreira…

    • Rodrigo M. Munhoz
      18 de março de 2014

      Valeu Esmaga! Eu sei de outros nadadores que também sofreram contusões futebolísticas que atrapalharam na piscina. Pena mesmo essa sua contusão , mas você foi um super nadador e nunca saberemos o que realmente impactou no fim… por isso não me torturaria . Forte abraço !

      • Fernando Cunha Magalhães
        24 de março de 2014

        Valeu Munhoz, abraços!

  7. Julio Rebollal
    18 de março de 2014

    Conheço um nadador que deixou de competir pois se lesionou no futebol de botão!!

  8. Julio Rebollal
    20 de março de 2014

    Marcelo Cruz, o “Peixe”, às vésperas de uma competição, cortou a palma da mão e levou cerca de cinco pontos ao tentar separar com UMA FACA dois “jogadores” do seu time de botão (estavam colados para ficarem mais altos e atuarem como zagueiros). Não lembro o ano.

  9. Sidney N
    20 de março de 2014

    Legal Munhoz. Fiquei feliz em saber que estou em boa companhia no que toca a pebice futebolística. Certa vez fui parar na sala de cirurgia por conta de uma fratura no antebraço ao cair de mau jeito depois de furar uma cabeçada e tomar uma cama-de-gato.

    • Rodrigo M. Munhoz
      21 de março de 2014

      Tipiquíssimo de nadador e futeblista Peba, hein Sidney? No meu caso só quebtei o braço feio mesmo andando de bicicleta…

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Publicado às 17 de março de 2014 por em "Causos" fora d'agua, Futebol, Natação, PEBAs e marcado , , , , .
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