EPICHURUS

Natação e cia.

Travessia do Canal de Ilha Bela e a Barba Salgada de Epicuro

Logo depois da tartaruga aparecer e desaparecer, a escuna nos deixou do outro lado do canal e muita gente ficou reclamando. Não entendi a razão daquilo, afinal, só tínhamos que nadar uns 400 metros até a praia do porto grande, ainda precisávamos do aquecimento e queria sair da chuvinha fraca que começava a cair. Também pensei que seria bom começar logo a prova da Travessia do Canal de Ilha Bela , aproveitando o mar liso e a falta do vento daquele momento.

Mas quando vi meninos e meninas tiritando de frio – mesmo usando roupas de neoprene – e com o queixo tremendo, lembrei que aquele certo mal humor inicial tinha mais a ver com o receio de enfrentar algo estranho e desconhecido do que com a organização em si. Frio na Barriga… Medo. ” Sentimentos Normais” – pensei, lembrando das duras histórias dos meus amigos que nadavam águas abertas prá valer… Polaco, Paulinho, Renato, Waldyr, Adriana… e muitos dentre aqueles 142 nadadores deviam ter amigos assim e/ou histórias parecidas. Além disso, entre aquela praia de fundo lodoso e o Engenho Dágua na Ilha Bela tínhamos uns 4 Km de água para empurrar. Nada mal como desafio para uma manhã de domingo. Para mim, seria uma estréia em algo que eu sempre desejara fazer, desde que conheci a Ilha Bela no fim dos anos 80: Atravessar aquele braço de mar a nado. E pelo que ouvi, vários colegas nadadores tinham o mesmo pensamento.

E assim, na buzina de largada. saímos. Diferente de outras provas, dessa vez eu era o único da equipe PEBA presente e não tinha uma estratégia clara. Como não poderei comparecer na prõxima Fuga das Ilhas com os amigos, resolvi me inscrever nesta prova. O combo de prova mais longa com feriado impediram o convencimento de meus comparsas de costume.

Saí na boa e pude ver o Samir e os caras da ponta abrirem uma distancia boa antes da primeira bóia, guiados pelo Patrick Winkler – organizador incansável – dessa vez de SUP. Eu estava disposto a ir numa intensidade firme e constante, mas confortável – nos mesmos moldes do tiro de 30 minutos de umas semanas atrás. Fiz isso até mais ou menos um quarto da prova, quando encontrei um cara que me passava num ritmo ligeiramente mais forte. Decidi acompanha-lo e o fiz por mais uns 20 min, quando tive que tirar a touca e recolocar os oclinhos que caíam, perdendo o contato. Mas aquele “push” valeu muito! A prova passou mais rápido e acabou sendo mais tranquila do que eu esperava. As condições do mar e de clima dificilmente poderiam ser melhores e para completar, um cardume de paratis me esperava perto da última bóia na prainha bucólica da chegada.

Ainda me resta sem resposta a questão de usar ou não roupa de borracha. Eu nunca usei, por achar que restringe o movimento, mas dizem que é bom. Tendo sido liberada, muita gente aderiu a elas nesta prova da Ilha Bela. O Alexandre Rehder (chegou a dar 49″ em curta nos 100 Liv) me contou que acha muito bom, mas que o benefício alcançado depende muito do biotipo. E ele tem o biotipo totalmente diferente do meu, sendo bem alto e com pernas compridas. Contudo, um fator mais convincente a favor do neoprene me parece ser o fato de que 4 dos 5 primeiros usaram trajes…

O resultado geral não foi nada fraco: Já conhecido do Epichurus, o maratonista aquático Samir Barel liderou de ponta a ponta, fechando em 47´07, seguido do Bruno Yamamoto – 47’31 e do Alexandre Rehder – 49’04- os resultados oficiais completos estão aqui.

Na chegada, confraternização, conversa animada sobre a sorte que tivemos em estar ali naquela prova perfeita e uma  premiação, digna de Epicuro: Depois de sorteios da Mormaii e da premiação dos cinco primeiros no geral, medalhas para o mais jovem (12),  o mais velho (69) e os 3 primeiros de todas categorias. O que achei mais bacana foi que dos 142 que começaram a prova (171 inscritos), todos (100%!) completaram. Mesmo travessias menores normalmente tem muitas desistencias… Pra não falar que tem gente que nem completa provas de 200m! Nessa, ninguém ficou para trás.  Eu fiquei em 14o. no geral e – (legal!) ganhei a categoria 40-49.  Meu primeiro ouro da vida em uma travessia de verdade. Uma boa surpresa que valeu ter viajado de volta para São Paulo ainda meio salgado, depois de apenas uma ducha rápida na saída corrida da pousada. E é assim que gosto.

Sobre Rodrigo M. Munhoz

Abrace o Caos... http://abraceocaosdesp.wordpress.com

9 comentários em “Travessia do Canal de Ilha Bela e a Barba Salgada de Epicuro

  1. Fernando B. Editore
    25 de novembro de 2014

    Valeu, Munhoz! Nadei no canal na semana anterior e se tivesse de roupa de borracha (mesmo que para “flutuar” mais) teria cozinhado. Abraço!

    • Rodrigo M. Munhoz
      25 de novembro de 2014

      Eu vi seu bom resultado nos 2,5k da semana passada, Fernando! Parabéns igualmente ! Eu também tenho minhas dúvidas que ficaria confortável numa roupa de borracha, mas fiquei com vontade de experimentar… Adicionalmente, a água deu uma esfriada no feriado, o que ajudou. Abraços !

      • Marcia Novaes
        30 de março de 2015

        Oi Rodrigo!! Tentando achar algumas noticias sobre o prof Tião da Gama Filho, cheguei até vc. Gostaria de saber se sabe algo mais sobre ele. Sou ex-aluna dele.

  2. rcordani
    26 de novembro de 2014

    Munhoz, quanto à roupa, a diferença é gritante, coisa de 2s cada 100m. Se a prova permitir, quem nadar sem roupa está dando lambuja aos outros.

    • Rodrigo M. Munhoz
      26 de novembro de 2014

      Pois é… foi o que todos me falaram… mas ainda desconfio um pouco do potencial desconforto e limtação dos movimentos. Vc usaria roupa (se liberarem) no Fuga das Ilhas?

      • LAM
        26 de novembro de 2014

        usar roupa é abusar do poder econômico…

  3. Fernando Cunha Magalhães
    30 de novembro de 2014

    Munhoz,

    Parabéns! Olhei os resultados e vi que além do ouro, você abriu quase 10 minutos do Biondi.
    Dia de glória! rsrs

    Falando sério, achei que seu espírito de wellness vai indo muito bem já encarando uma travessia dessas.
    E ainda apertar o ritmo no meio?! – achei que pagaria o preço.
    Muito legal.

    Nadei duas vezes com roupas de borracha emprestadas no Reveza 10 da Ilha de Anhatomirim.
    A primeira de manga longa a segunda sem manga, que achei melhor.
    Não senti a indiscutível melhora percebida entre os atletas do meio.

    Quando nadei com a de manga comprida, a água estava mais gelada.
    Esticava o braço na frente e sentia água entrar na roupa, ela passava por um aquecimento em contato como meu corpo e quando eu respirava, caía água morna no meu rosto.
    Além disso, sentia aquele fluido confinado se movimentando entre meu corpo e a roupa.
    Experiência bem estranha. Ainda bem que só levou 19 minutos.

    Ou seja, fique bem atento aos detalhes quando for escolher seu traje.

    Abraços

    • Rodrigo M. Munhoz
      30 de novembro de 2014

      Valeu Esmaga! Estou decidido a experimentar uma roupa na próxima oportunidade, mas não sei se estou muito a fim de comprar uma … Boa dica no lance das mangas, talvez sem mangas seja melhor pra mim mesmo e nem tinha pensado nisso!
      E essa travessia de Anhatomirim vale uma aventura PEBA e/ou um post para breve? Aguardo novidades…
      Abraços!

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