As Olimpíadas acabaram e como eu previa, tudo saiu dentro ou acima do esperado, pelo menos na organização do evento. E para nós brasileiros, os jogos tiveram todos os famosos clichês que estamos acostumados a ver …
A Jade chorou de dor…
O Diego Hypólito chorou emocionado…
A Fabiana Murer amarelou…
Neymar deu seu chilique ao vivo…
Galvão falou besteira e tomou um “presta atenção” dos jornalistas estrangeiros…
Por sorte não teremos mais esses clichês em 2020. Jade, Hipólito e Murer não tem idade pra seguir a carreira, Neymar, acho que com o ouro no bolso, não deve se interessar em voltar a jogar nas Olimpíadas e o Galvão, bom, o Galvão é sempre uma incógnita, mas a princípio se aposenta antes de Tóquio!
Infelizmente no entanto conviveremos eternamente com outros clichês que parecem estar longe de extinção.
1: O Clichê Dourado é um que o Epichurus adora criticar, mas a mídia insiste em utilizar. “Esse bronze vale ouro” deve fazer parte do curso do jornalismo esportivo. O bronze vale só bronze, gente! Simples assim!
2: O Clichê do Herói é outro que a mídia adora, principalmente quando endereçando atletas paraolímpicos. Herói é quem entra num prédio em chamas pra salvar um cachorrinho preso nas ferragens. Atletas paraolímpicos são exatamente o que o nome diz, atletas, que se dedicam tanto quanto qualquer outro atleta para atingir suas metas. Deve ser um saco ser chamado de herói simplesmente por ter alguma deficiência…
3: O Clichê do Sofredor é o que mais me incomoda e é plenamente utilizado por nossos atletas tupiniquins. “vocês não sabem o quanto eu sofri pra estar aqui…“. Sério, sofreu mesmo? Todo atleta sofre casseta! Vida de atleta é sofrimento. É uma vida cheia de privações, de dor e geralmente de poucas recompensas. Se você chegou nas Olimpíadas, você é certamente a elite da elite do seu esporte! Você sofreu, mas chegou lá. Os PEBAs sofrem igual e ainda torcem pra você pela televisão. Para de mimimi!
E como foram os esportes da CBDA no Rio e o que esperar em 2020!
A natação pra variar ficou abaixo da expectativa e saiu sem medalhas…
As meninas do polo, em sua estréia olímpica, perderam todos os jogos…
Os meninos do polo ficaram em 8° de 12 equipes, mesmo com investimento milionário e um monte de sérvios naturalizados…
Nos Saltos Ornamentais, coitados, deu mais notícia a garota que resolveu fornicar um dia antes da prova do que o resultado da galera…
Não dá pra criticar as Águas Abertas, que conseguiu um bronze com a Poliana, graças a desclassificação da francesa, mas cá entre nós aqui, embora seja uma cobrança injusta, todo mundo no fundo esperava um ouro da Ana Marcela, até pela competição ser no nosso quintal…
Já as meninas do nado parece que melhoraram, embora briga por medalhas mesmo esteja fora de cogitação…
A minha projeção para 2020 é triste. Na natação, com um time velho e com pouquíssimos novos talentos vai ser difícil trazer medalhas. O polo feminino só foi ao Rio por ser o país sede. Pra Tóquio deve ficar de fora. No masculino, que mostrou até alguma evolução, saberemos com o fim da grana dos Correios, se os Sérvios-brazucas permanecerão aqui por amor a pátria ou se vão voltar pro velho continente. Se voltarem a chance de estarmos em Tóquio cai vertiginosamente… Saltos e Nado Sincronizado farão o papel coadjuvante que sempre fizeram e nossa esperança continuará a ser as Águas Abertas, mas nossas duas estrelas não estão ficando mais novas. Acho que a Poliana não chega em 2020, pelo menos não competitiva. A responsabilidade, de novo, vai cair no colo da Ana Marcela, caso não apareça nenhum novo nome nesse meio tempo!
Isso tudo se agrava com a CBDA, com seu presidente a 28 anos no poder, afundada em denúncias de corrupção! Torço, assim como praticamente toda comunidade aquática, por mudanças urgentes no comando, mas não esperem milagres. Por mais competentes que forem os novos gestores, pegarão uma CBDA delapidada pela má administração, uma falta de renovação gigantesca nos esportes, fruto da falta de incentivo nas categorias de base e o pior, sem dinheiro pra efetuar mudanças estruturais, pois a fonte estatal vai secar. Dias difíceis virão! Melhor torcer pras coisas entrarem no eixo devagar, sonhar com um 2020 sem “esse bronze vale ouro” e focar em 2024 pra frente! É o que tem pra hoje!
uma perola que me marcou mto nessas olimpiadas foi do bruno schmidt logo apos ganhar o ouro. o cara chorando, esgoleando, quase sofrendo, dispara “faz uma semana que nao durmo”.
nossa hein… vc ganha ouro nas olimpiadas e a primeira coisa que fala é isso? fora que num pais onde mta gente nao come a vida toda, o cara me solta essa perola do “pobre-coitadismo adiquirido”
“adquirido”
Pois é Felipe. A mesmíssima “mania” veio da Rafaela Silva, ouro no judô feminino, que reclamou veemente que foi hostilizada nas redes sociais pela desclassificação em 2012. Mas em 2012 ela foi desclassificada por golpe ilegal, ou seja, tirando as críticas racistas que são um absurdo e que aparentemente aconteceram, de uma modo geral, as críticas foram justas…
Lelo, compartilho da sua preocupação sobre o futuro da CBDA… principalmente se a turma que está lá não sair nas próximas eleições!
Tamo junto! Acho que agora, depois do bloqueio dos bens e acusações terríveis, difícil a turma ficar lá… Basta agora torcer por buraco não ser tão fundo e que a nova administração seja competente e honesta…
Renato, deixe-me completar sua colocação: preocupação com a CBDA e principalmente, com a natação brasileira
Enquanto isso, mesmo sendo investigados eles nao cansam de manobrar… http://espn.uol.com.br/post/632982_cbda-tenta-apoio-para-deixar-voto-de-atletas-seis-vezes-menor-que-de-federacoes
É uma vergonha essa CBDA
Perfeito seu texto Lelo! Adorei! E que vergonha a situação da CBDA! Beijos!
Valeu Paola! bjs
Excelente o texto Lelo. Talvez tenhamos o Hipolito chorando novamente em 2020 … hehe. Vamos ver o q acontecera c o nosso esporte de elite com orcamento mais baixo p o prox ciclo. Eh a chance p mudarmos o foco p a base e apostarmos em atletas mais novos. ab
Valeu Vreco! Espero de verdade ter sido a última vez que vi o Hipólito chorar. kkkkk
abs
Caro Lelo,
Muito feliz o seu texto tratando com leveza e humor um porção de problemas do nosso esporte olimpico e agora paralimpico.
Acho que os dias amargos que nos esperam servirão para amadurecimento e se vierem com Coaracy & Cia na bancada da Papuda tanto melhor.
Só se prepare para ver muita gente que você preza afundando junto com a CBDA, volto sempre no mesmo ponto, os caras não criaram este mhega ixquema sem a ajuda do ecossistema aquático.
Boa Laurival e não tenho dúvidas que o barco vai afundar levando muita gente…
Acho que devem aparecer novos nomes sim… infelizmente isso vai acontecer menos por planejamento do que por acaso e uma ajudinha da lei dos grandes números. E muitas crianças devem ter se inspirado a fazer esporte durante o Rio 2016, o que deve ajudar em algumas modalidades, senão em 2020, pelo menos em 2024.
Mas o duro me parece a constatação mais uma vez que estamos na base da esperança de um futuro melhor… quando “hope is not a strategy…”
Vamos torcer pela inspiração do Rio 2016, afinal o que ficou de legado foi o calor humano da torcida. kkkk