Em toda a história da natação olímpica, os Estados Unidos conquistaram 230 medalhas de ouro num total de 520 medalhas. Três vezes mais que o segundo colocado, a Austrália, e o quádruplo se levarmos em consideração apenas as medalhas de ouro. O Brasil nessa historia toda está em 28º lugar, com um ouro, quatro pratas e oito bronzes. Países como a Ucrânia, Romênia, Irlanda e Zimbábue estão na nossa frente. Aparentemente temos muito a aprender e melhorar para nos tornarmos uma potência olímpica na natação. O caminho mais lógico para alcançar esse objetivo, obviamente de longo prazo, é aprender com quem é hegemonia no esporte.
Mas que modelo é esse que os Estados Unidos adotaram e que tem tido tanto sucesso? E porque não o copiamos?
A resposta pra primeira pergunta é fácil, já para a segunda não!
Basicamente e sem entrar em detalhes técnicos sobre o modelo, já que o ponto aqui não é esse, os americanos integram com sucesso o estudo e o esporte, massificando de maneira impressionante a prática da natação. Desde criança o esporte é oferecido na escola e faz parte do currículo da criança. O objetivo de longo prazo do jovem nadador, compartilhado fortemente pela família, não é uma medalha olímpica (embora sonhem com isso também), mas sim entrar num forte programa universitário, e conciliar o melhor dos dois mundos: uma educação de qualidade e um conceituado programa de natação com técnicos de ponta e estrutura de primeira. Explicarei esse objetivo familiar com mais detalhes mais pra frente, mas é importante deixar claro que participar do NCAA (Campeonato Universitário Americano), pra grande parte dos nadadores americanos é um sonho comparável ao de nós brasileiros participar de uma Olimpíada, por mais que isso seja difícil de compreender. Tento explicar um pouco o porquê nos pontos abaixo:
Brasileiros do Arizona State University. Os Olimpicos Cristiano Michelena, Emmanuel Nascimento, Renato Ramalho e Eduardo Piccinnini. Os PEBAs Marcelo Menezes, Eduardo Estefano, Jose Rodrigo Messias e Paula Marsiglia
Entenderam a semelhança com os jogos olímpicos?
Fazer parte da seleção americana de natação para participar de uma Olimpíada talvez seja a tarefa mais difícil do mundo, dado que pra eles não basta superar o forte índice olímpico sugerido pela FINA, mas sim precisam ficar entre os dois melhores de suas provas durante a seletiva única americana (a mais forte do mundo). Convenhamos que quem já nadou Olimpíada e/ou Mundial sabe que a equipe americana impõe respeito. Automaticamente olhamos pra eles e mesmo sem reconhecer os rostos, assumimos que aquele nadador deve estar entre os melhores do planeta. A glória de fazer parte da seleção americana é para pouquíssimos. “The next best thing”, como eles mesmo diriam, é a participação no NCAA.
Agora vamos a segunda pergunta. Porque não copiamos esse modelo? Pra responder primeiramente precisamos entender porque o modelo da certo. Não é uma simples questão de passar a oferecer a natação nas escolas e universidades brasileiras que em 20 anos seremos uma potência. O modelo americano dá certo por causa da mentalidade do seu povo.
O americano, na sua enorme maioria, estuda em escola pública. O estudo é gratuito até a High School (ensino médio), mas em contra partida as universidades são caríssimas. Pegando como exemplo a conceituada UCLA, o custo anual da faculdade é de USD 35.564,00. Isso equivale a uma mensalidade de aproximadamente R$ 6.250,00. Ressalto que isso é só o custo da faculdade, não incluído livros, seguro, moradia, alimentação, etc. No próprio site da UCLA, eles estimam que o custo anual por estudante seja de USD 54.780,00, ou algo em torno de R$ 115.000,00. É importante dizer que esse custo é menor para residentes da Califórnia (regra americana para estimular que os naturais do estado estudem no próprio estado), mas basicamente esse é o preço que um brasileiro ou um nativo de qualquer outro estado americano teria que pagar para estudar e nadar na UCLA.
Tirando alguns nobres colegas epicurianos que estão com a vida ganha, que família brasileira, americana ou de qualquer canto, tem R$ 115 mil por ano para bancar um estudante? Pouquíssimas! Então como a UCLA consegue ter um campus cheio de estudantes? Assim:
· A alternativa mais rara é a família bancar os estudos. Alias raríssima até por causa da cultura americana onde os pais entendem que a sua responsabilidade financeira termina ao fim do ensino médio. Por isso é tão comum vermos estudantes universitários trabalhando como garçons, lojistas, recepcionistas e afins. Fazem isso pra ajudar a pagar as contas já que a “mesada” é cortada ao entrar na faculdade.
· Outra alternativa e a mais comum é o famoso Financial Aid. O governo banca o estudo do cidadão e esse só tem que pagar de volta, com juros beirando a zero, após se formar. Muita gente escolhe essa opção, embora o fulano se forme com uma dívida considerável.
· Uma terceira alternativa é buscar uma bolsa acadêmica. Se o cara se destacar nos estudos durante a vida estudantil, ele tem chances de conseguir tal bolsa, mas são poucas e muitas vezes vinculadas a um grupo étnico e quase sempre com a obrigatoriedade de alto desempenho acadêmico universitário. Bobeou numa matéria e pode perder a bolsa.
· A última é a bolsa atlética que com certeza é a maneira mais fácil de não ter que bancar os estudos ou parte deles. Universidades de ponta disputam a tapa os principais talentos do esporte. As promessas são inúmeras, regras são contornadas, tudo para o atleta escolher aquela universidade.
O excelente parque aquático da Arizona State University era um dos motivos citados para convencer os recrutas a escolherem a ASU.
Tá dando pra entender porque o modelo dá certo e porque a família apoia o esporte?
Quando um casal americano tem um filho, ele sabe de antemão que a alternativa pra que eles não tenham que bancar o caríssimo estudo universitário daqui a 18 anos ou que essa bucha não fique com seu filho, pagando anos a fio a dívida com o governo, é o destaque daquela criança no esporte. Por isso praticamente todo americano pratica esporte desde cedo e por isso que a partir de uma certa idade ele se especializa no esporte que tem mais aptidão, seja futebol americano, basquete, baseball ou natação. Lógico que sonham com um ouro olímpico, mas a família já bota desde cedo na cabeça da criança que ela precisa se dedicar no esporte para poder entrar numa boa faculdade. E com uma nação do tamanho dos Estados Unidos incentivando o esporte de todas as suas crianças, é fácil entender porque dos milhões de praticantes uma pequena, mas considerável parte se destaca em cada geração, em todos os esportes, o que tornam os Estados Unidos o país mais consagrado nos esportes olímpicos.
O modelo é quase infalível, embora a natação universitária americana corre perigo. Uma das regras, fortemente monitorada, chama-se Amateurism. Basicamente ela obriga o atleta participante do NCAA (de qualquer esporte) a ser amador, o que significa que ele não pode receber um centavo sequer de patrocinadores, clubes, e da própria universidade. A exceção é a bolsa de estudo, que engloba além dos custos da faculdade, custos de moradia, livros e alimentação. Para esportes como o futebol americano, o baseball e o basquete, por exemplo, essa regra não incomoda. O atleta sabe que vai ganhar dinheiro (muito por sinal) após a faculdade, quando for recrutado pelos times profissionais para jogar na NFL, MLB e NBA respectivamente. Já para o nadador, está regra é fatal porque evita que ele ganhe dinheiro durante o auge da sua carreira (os anos da faculdade). Até o inicio da década de 90, o NCAA era repleto de campeões e medalhistas olímpicos. O dinheiro era pouco e o atleta preferia permanecer no programa universitário. Entretanto, quando o dinheiro começou a entrar em maior quantidade, os atletas de ponta começaram a questionar o sistema. A campeã Olímpica Summer Sanders foi a primeira a dizer “não” para o NCAA. Preferiu se profissionalizar. Outros atletas seguiram seu exemplo e hoje muitos nadadores de ponta preferem o profissionalismo e a grana que vem com ele, do que fazer parte do NCAA. Sinais dos tempos! Um bom exemplo disso é a Missy Franklin, que causou enorme surpresa ao anunciar que iria abdicar dos milhões de patrocínio para poder nadar no NCAA.
Para a natação americana no entanto a profissionalização não traz um impacto negativo. Troca-se a universidade por um clube e o sistema funciona. O nadador de ponta do futuro continuará começando sua carreira na escola e novos campeões continuarão surgindo. Já para o NCAA, uma adaptação ao mundo do esporte profissional precisa acontecer com urgência, ou esse campeonato que já esteve entre os mais fortes do mundo, tende cada vez mais a se apequenar. Na edição do NCAA 2012, apenas dois atletas americanos (no masculino) conseguiram vaga na seleção olímpica – Connor Jaeger foi bronze no NCAA, mas conseguiu o 2º melhor tempo nos 1500m nas eliminatórias americanas. Nas Olimpíadas terminou em 7º. James Feigen, ouro nos 50 e 100 livre no NCAA, conseguiu a vaga para o revezamento 4x100m livre como 5º homem. Nadou apenas pela manhã, abrindo o revezamento americano com 48’49. Graças à descabida regra olímpica, mesmo sem nadar a final, garantiu a medalha de prata. De todos os medalhistas masculinos do NCAA 2012, James foi o único a sair das Olimpíadas com uma medalha. Muito pouco para uma competição que até a década de 90 tinha medalhistas olímpicos em muitas provas. Alias, algumas delas já demonstram que o NCAA esta ficando muito pra trás. Daxon Hill, ouro no NCAA nos 200m livre em 2012, ficou apenas em 19º nas eliminatórias para as Olimpíadas. A mesmíssima posição alcançou Austen Thompson, ouro nos 400m Medley no NCAA. Algo incabível há 10-15 anos.
De qualquer forma, vamos deixar os americanos lidaram com seus problemas. O importante é discutir o que o Brasil pode fazer para adaptar parte desse modelo aqui? Eu, pragmático que sou, acho que copiar 100% do modelo seria uma utopia. Temos inúmeros desafios mais básicos para nos preocuparmos. No entanto acredito que dá pra dar o primeiro passo. Porque não investir na integração do esporte olímpico nas escolas públicas brasileiras? Porque não capacitar essas escolas com o mínimo de recursos para que o aluno possa, além do ensino fundamental, se desenvolver em algum esporte tornando-o parte do currículo escolar? O investimento público faz sentido, pois o projeto tem cunho social. Quantas dessas crianças não são de comunidades carentes e através do esporte não terão condições de melhorar sua condição social, ou no mínimo se distanciar do crime ou das drogas? Quem sabe a médio prazo, clubes como o Pinheiros, o Flamengo e o Minas não possam criar parcerias com o estado e custear parte desses programas, com o retorno de recrutar os novos talentos que surgirem nas escolas para fortalecer suas equipes? Deixo claro que esse modelo beneficiaria todos os esportes e não somente a natação. O Brasil é grande como os Estados Unidos. Com o incentivo para que mais crianças pratiquem esportes desde cedo, naturalmente surgirão mais futuros medalhistas olímpicos, para quem sabe o Brasil figurar constantemente entre as 10 principais potencias olímpicas a partir de 2024-2028!
Excelente texto Lelo, uma verdadeira aula.
Entendi perfeitamente o efeito de massificação que o “chamariz” da universidade gratuita aos talentos esportivos proporciona e, aliás, já sabia disso.
As dúvidas que tenho são as seguintes:
– O modelo foi criado pelo Estado ou pelas universidades?
– Todas as universidades são públicas ou há universidades privadas também?
– Todas tem a mesma política de bolsas esportivas?
– Existe desde quando (essa pergunta é pra saber se os caras já eram potência olímpica antes de existir o modelo)?
– Foi criado para tornar a nação uma potência olímpica ou isso foi um bem-vindo efeito colateral?
Agora, que loucura essa decisão da Missy. Será que o patrocínio seriam milhões mesmo? E em caso positivo, será que o Amateurism tem o mesmo rigor de anos atrás, ou rola algum por fora?
Outra coisa:
Você acredita que essa integração com o esporte melhorou o nível de formação do estudantes?
Há impacto no grau de desenvolvimento da nação e qualidade de vida da sociedade como um todo?
Na sua opinião, devemos almejar ser uma potência olímpica por questão de auto-estima do povo, só pela nossa paixão pelo esporte e prazer em ver nossos conterrâneos entre os melhores do mundo ou isso vai além?
Difíceis essas perguntas Esmaga e cada uma delas daria um belo texto.
Não acredito que diretamente o esporte melhorou o nível de formação dos estudantes nos EUA, embora seja fácil argumentar que muita gente não teria a oportunidade de fazer faculdade se não fosse pelo esporte.
Quanto ao impacto no grau de desenvolvimento da nação, eu acredito que o esporte engrandece o cidadão ensinando disciplina, trabalho em equipe, promove saúde, competição sadia, respeito pelo próximo e tudo isso tem impacto, no longo prazo, no desenvolvimento da nação.
Quanto ao Brasil, acho que nos falta sim um pouco mais de nacionalidade, mas acredito que a massificação do esporte é mais importante pra formação de melhores cidadãos do que a criação de uma potência olímpica, a qual vejo muito mais como uma consequência bem positiva de uma política de desenvolvimento social através da integração do esporte nas escolas!
Valeu Esmaga!
O NCAA foi criado em 1906 com o objetivo de proteger jogadores universitários de futebol americano que se machucavam gravemente durante os jogos. Basicamente criaram regras diferentes do jogo profissional para melhor proteger o atleta universitário. A entidade se expandiu para cuidar de outros esportes e tem como principal finalidade zelar pelo atleta e protege-lo do assedio profissional enquanto o mesmo precisa focar nos estudos. Funcionou muito bem durante décadas, mas precisa se adaptar melhor aos dias de hoje. Não da mais pra conter o profissionalismo no esporte. Tem que conviver com ele. Uma curiosidade que pouca gente deve saber é que quase todo esporte universitário americano tem regras diferentes do esporte olimpico. Na natação, além da competição ser em jardas ao invés de metros, no nado de costas o atleta podia sair com os pés fora d’água e os atletas praticamente ficava, com o corpo todo fora d’água para dar impulso da saída. Outra coisa curiosa é que saltos ornamentais fazia parte da competição de natação e valia pontos no campeonato. Por exemplo, tinha os 100 jardas livre, depois a prova de plataforma de 10 metros e depois a prova nobre da natação, os 200 jardas peito!
Quanto as universidades, existem tanto aos publicas quanto as privadas, ambas pagas pelo aluno embora as publicas tenham aporte do governo.
As regras de recrutamento limitam um número “X” de fullrides por esporte. Fullride = Bolsa completa. Esse número é o mesmo para todas as universidades do NCAA Division 1. Exemplo: a Universidade de Arizona State tem 12 fullrides. Ela pode dar as 12 bolsas pra 12 nadadores e aí os demais pagam 100% ou, da umas 4-5 fullrides para os principais nadadores e distribui as demais bolsas para mais nadadores dando 70% pra um, 42% pra outro, 10% pro fulano, 30% pro sicrano. Assim você pode ter mais nadadores com bolsa parcial e uma equipe mais completa.
Quanto a Missy, não tem acordo não e ela perderá milhões por ano conforme essa matéria da ABC: http://abcnews.go.com/Sports/olympics/missy-franklin-forgo-millions-swim-college/t/story?id=16923530
Prezado Lelo Menezes,
Como leitor assíduo dos excelentes artigos publicados neste site, e por morar nos EUA desde 2001 (já incomodei o site anteriormente, comentando um outro artigo aonde também tentei traçar um paralelo entre a natação no Brasil com a dos EUA), aonde meus 5 filhos (de 2 a 12 anos) praticam a natação em diferentes níveis compatíveis com suas idades, gostaria apenas de acrescentar alguns pontos relativos ao modelo de natação integrada ao estudo apresentado em seu artigo, porém focando mais no ensino básico e médio ao invés do universitário.
Acho que seu artigo está corretíssimo ao descrever o nível de competição, bem como os benefícios e os problemas que um atleta enfrenta ao chegar ao nível da elite universitária nos EUA. Entretanto, para se chegar a esse nível, o caminho é bem longo e tortuoso, começando ainda no primário. Eu arrisco dizer que é praticamente impossível (excessão feita apenas a alguns fenômenos), se chegar ao nível olímpico nos EUA sem que o futuro atleta comece a nadar em torno de 6 a 7 anos de idade. O, então, nadador já deverá estar envolvido com uma rotina de treinos diários e de frequentes competições a partir dos 9 ou 10 anos de idade.
O desafio, entretanto, para os nadadores e suas famílias nessa fase, é que não existe estrutura na grande maioria das escolas públicas americanas para que se ofereça natação competitiva entre a primeira e a sexta série do ensino básico, o que obriga os nadadores (e suas famílias) a procurarem equipes (e não clubes, como no Brasil) para se desenvolverem desde o equivalente à primeira série do primário.
Desta forma, quando os alunos chegam ao colegial (ou melhor ao Junior High, que nos EUA é equivalente a 7a série no Brasil), se quiserem ter algum futuro na natação universitária, eles já tem que estar num nível muito superior ao da natação oferecida pelas escolas ao nível de segundo grau. Isso força os nadadores durante o ginásio a terem que treinar diariamente em seus times (fora das escolas) e, quando no colegial, a terem que escolher entre abdicar dos treinos oferecidos por suas escolas para focar apenas nos treinos oferecidos por seus times (o que requer uma licença especial de suas escolas para que os nadadores saiam das escolas todos os dias uma hora mais cedo para treinarem em sues times. Porém, seus técnicos tem que demonstrar às escolas que eles nadam um mínimo de 15 horas por semana fora da escola). Caso contrário, são obrigados a encararem os treinos nas escolas e, ainda, treinarem em seus times diariamente após a escola. Para os adolescentes, no final do colegial, nadar entre 3 e 5 horas em dois turnos por dia pode ser uma rotina aceitável. Porém, para um pré-adolescente, de 12 anos, entrando na 7a série, encarar 3 horas de treino por dia, é realmente um grande desafio, que acaba moldando ainda nessa fase aqueles que efetivamente terão condições ou não de continuarem a se desenvolver no colegial e, em seguida, no altíssimo nível universitário.
Então, com a dispensa escolar ou não, os nadadores que almejam se tornarem nadadores a nível universitário entram em uma rotina espartana de treinos e competições fora da escola desde muito cedo aqui nos EUA. Para que essa rotina funcione, é realmente necessário que a família inteira participe, não apenas para garantir as idas e vindas das piscinas diariamente mas também suportando psicológicamente e financeiramente os jovens atletas (que tem que pagar para nadarem por um time, mesmo quando chegam aos níveis de elite, sem contar os custos com uniformes, alimentação especial, viagens e por participações em competições, aonde se paga por evento a ser nadado).
Mais ainda, os pais dos atletas também tem que se comprometerem a auxiliarem seus times performando um número mínimo de horas de trabalhos voluntários para o time durante o ano inteiro. Esses trabalhos voluntários incluem desde cronometrar provas (normalmente 2 cronometristas por raia + touch pad e um computador redundante, fornecendo 4 tempos por evento, por raia), até a organizarem as longas filas de nadadores por raia e por evento (os famosos “ready benches”), isso sem contar a montagem e desmontagem de toda infraestrura de cada evento, incluindo a lanchonete (quando seu time é o anfitrião da competição).
Então, pensando no caso brasileiro, me parece que, como você mencionou, é utópico esperar que um país com tantas necessidades básicas venha a investir quantidades enormes de recursos para propiciar a natação como um esporte acessível a grande massa nos niveis de educação elementar. Entretanto, me parece bem viável o desenvolvimento de um modelo paralelo ao de clubes, focado nas escolas/times de natação que já existem em grande quantidade no país, porém com maior participação familiar, o que além de baixar os custos, traria uma integração garantida dos nadadores e de suas familias com seus times.
Cordialmente,
Claudio Martino
Houston, TX
Claudio, essa rotina para um sujeito de doze anos é realmente pesada, mas pode ter certeza que 95% dos leitores deste blog treinavam no mínimo 3 horas por dia aos 12 anos!
Fantástico, Renato, obrigado pela informação, a qual seguramente será utlizada em casa, naqueles dias difícieis de levar meus filhos para os treinos.
Abs,
Claudio
Cláudio, excelente os seus comentários! Primeiramente sempre existiu essa coexistência entre a escola e o clube. Muitas escolas fecham no verão e o nadador precisa de um clube pra não ficar 3 meses parado. Na universidade inclusive tinha gente que após o NCAA em Março treinava em um clube até a próxima temporada. O que eu não sabia é a falta de estrutura das escolas publicas. Fiquei mais de 10 anos nos Estados Unidos e meus colegas americanos sempre elogiaram seus programas pré-universidade. O que eu vi acontecer foi o corte de alguns esportes nas universidades e muitas vezes o programa feminino de natação era uma das vitimas. Muitas meninas acabam pedindo transferencia para outras universidades.
Quanto ao esforço desde jovem, como o Renato já falou, natação é assim mesmo! Eu comecei a treinar dois períodos com 10-11 anos. Com 12 já treinava bem mais que 3 horas por dia. É uma rotina um pouco sofrida e os louros serão colhidos bem mais tarde, por isso o apoio da família é fundamental. Com 11 anos meu pai me levava as 04:40 da manhã pro Pinheiros, ficava dormindo no carro e depois do treino ainda parava na padoca pra eu tomar um Toddynho em lata e um sanduíche de queijo frio. Faz parte!
Abraço!
Muito bom texto, seguido por ótimos comentários ! Vida dura a do nadador mirim americano com esse negocio de 15 horas, hein?! Só que não deve ser muito diferente do que treinávamos com a mesma idade. Imagino que em certas cidades, JH e HS publicas tenham programas de natacao fortes e boa infra… Acho que acaba sendo (um pouco como no Brasil, mas com muito muito muito mais capilaridade) uma questão de “sorte” de onde se mora. Abraços !
Valeu Modena e acho que é por aí mesmo! A capilaridade americana é anos-luz maior que a nossa, embora eu acredite que um garoto do interior da Dakota do Norte tenha dificuldade de encontrar um bom programa de natação!
Muito bom Lelo. Eu não tive essa vivência, mas o que eu sei é que o sujeito em geral saía do Brasil peba, ia pros EUA e voltava ganhando de mim, como foi o seu caso – hehe!
Quanto à Missy: devem ter feito um acordo sim, é impossível que ela tenha aberto mão de tudo. Talvez propaganda esteja liberada. Se não me engano o Coach escreveu sobre isso.
Boa R.
No Troféu Brasil de 89 (que foi em Jan de 90) o sr. já foi devidamente massacrado nos 200m peito quando sai com o bronze e vossa senhoria construía sua saga de cinco 4º lugares seguidos. E eu ainda treinava no Brasil…hehe!
Agora falando serio e ainda escreverei sobre isso, a grande diferença de treinar aqui ou nos EUA, pelo menos pra mim, foi o nível das competições e a mudança de mentalidade onde aprendi que treinar com 100% de esforço o tempo todo (padrão Brasil) não era o melhor jeito de treinar. Demorei pra aceitar isso, mas quando aceitei melhorei muito!
Quanto a Missy, acredito que não tem acerto não. Além do artigo da ABC que copiei na resposta pro Esmaga, tem esse da Forbes que também fala que ela perderá milhões:
http://www.forbes.com/sites/aliciajessop/2012/08/03/college-or-pro-missy-franklin-may-miss-out-on-big-endorsement-dollars-by-competing-at-the-collegiate-level/
Quarenta e seis centésimos! A tragédia do Ibirapuera!
Excelente abordagem sobre o tema Lelo…aqui em Mococa apresentei um projeto essa semana onde consta (alguns dos tópicos) de uma parceria com uma escola particular para bolsas de estudo desde a escolinha de natação (bolsas parciais até integral – em fase de aprovação) e, tb um projeto piloto para crianças (7 e 11 anos) que estudam em escolas estaduais ou municipais (e não são sócios do clube) para participarem da escolinha (gratuitamente) de natação….esperar ações do órgão público tá difícil….abraço e parabéns pelo texto!!!
Valeu Gustavo e parabéns pela iniciativa! Tenho certeza que trará ótimos resultados! Taí um 1º passo para integração dos estudos com o esporte!
Abraço
Interessantíssimo o texto do Lelo sobre o funcionamento da natação nos USA, sem dúvida o maior produtor de campeões no esporte.
Entendo que caso o Brasil em algum momento , resolva , de fato, ser uma potência no esporte , teremos que escolher uma das seguintes hipóteses:
– Começar do zero copiando o modelo americano que une escola/faculdade e esporte em um único sistema , quase impossível já que não temos piscinas e técnicos competitivos, em praticamente nenhuma instituição estudantil brasileira, seja ela pública ou privada, e o esporte é praticamente todo desenvolvido pelos Clubes esportivos e escolas de natação.
– Achar uma fórmula baseada no “sistema”brasileiro já existente , como diz em parte o Claudio em seus escritos, integrando, estudo, Clubes Esportivos e escolas de natação, incentivos governamentais específicos e até famílias.
Aqui acho possível achar algum caminho, talvez não para todo o país mas em algum Estado, Região ou Município que lembre que o esporte não acontece apenas a cada 4 anos nas olimpíadas.
Também achei interessante a informação do Claudio sobre a necessidade de os pais precisarem pagar/colaborar na formação dos filhos/atletas até uma idade em que este já se mostre realmente um destaque do esporte. Lembro também uma entrevista na TV em que um brasileiro, morando na Austrália, dizia que as despesas de seu filho na seleção australiana de pólo aquático eram pagas por ele. Enquanto isso , no Brasil , algumas vezes ao ver o filho chegar em terceiro no campeonato regional petiz (ainda existe a categoria?) o pai vai ao Clube exigir maior “apoio”ao filho.
Parabéns ao Epichurus e seus redatores por mais um artigo instigante.
Abs,
Lolo
Obrigado Lolo! Concordo contigo. É muito difícil implantar algo no curto prazo para todo o país. A iniciativa tem que começar pequena! O exemplo do Gustavo em Mococa me parece um excelente caso de começar essa integração numa pequena comunidade!
Abraços
Realmente Mococa parece um bom ponto a começar, afinal na minha memória é a única cidade que tem uma competição perdurando por anos e com nome de um “ídolo” local, Chico Piscina,(espero que ainda esteja acontecendo).
Cultura geral excelente,este é o papel de um blog” informar”.Culturalmente o perfil americano é o explanado.Trazendo cá para nós.Educar sempre.Ainda o esporte aquático é formado em clubes. Temos um país sem políticos sérios que burlam tudo para continuar no poder. Haja visto a CPI do sr. Cachoeira.Hoje a notícia é que há fraudes de milhões na lei de incentivo e que o Ministério dos Esportes nada faz para mudar tal situação.Lelo que tal questionar por que um atleta do nível de Cielo estar sem clube?Será que os “egos das pessoas não estão sempre em primeiro lugar. Brasil precisa crescer em ética,cultura,licitude e não ter medo de dizer fracassei.Errei pedir ajuda.Estamos à porta de uma Olimpíada e não temos atletas .Sabe por que? Clube qual o papel formador?Federação qual seu papel?Confederação quem ela é?Lelo temos muito,muito que aprender em tudo não só na natação.Temos que aprender a ser ,para depois queremos ter.
Valeu Roseli. Sem duvida a realidade brasileira pouco ajuda o esporte olimpico. Acho que os clubes formam sim nadadores. Alguns poucos clubes brasileiros como o Pinheiros e o Minas tem estruturas de primeira para revelar talentos. Obvio que é pouco. O ideal é que tenhamos clubes formadores em diversos estados. Mesmo assim acho que o principal problema hoje é que a natação é pouco acessível! Saia das grandes capitais e a criança não tem onde nadar. Talvez num 1º momento devemos pensar que o importante é a criança ter acesso e ser incentivada a pratica desde cedo, mesmo que seja outro esporte…
Abraços
Prezados,
Apenas um rápido recado.
Excelente texto Leo, complementado com informações que eu desconhecia pelo Claudio. E aqui, do lado público, vejo que o primeiro movimento necessário para o esporte entrar realmente na escola é naquelas de horário integral. A grade regular já está muito pesada para exigirmos algo mais que as ralas 2 (às vezes menos) aulas de educação física. Ainda assim, considerando nossas atuais estruturas, quantas tem piscina?
A solução paleativa seria parceria com clubes para absorverem os alunos no seu contraturno. Isso já acontece, mas não de maneira sistemática.
Por isso continuo batendo na tecla de que alavancar o esporte universitário é menos difícil num primeiro momento.
Abraço a todos.
Leia-se: Lelo
Piu, parcerias com os clubes seria fundamental, mas concordo que é difícil. Nas escolas o mais plausível para a realidade brasileira seria a massificação do atletismo, handebol, basquete e vôlei.
Valeu Piu! Acho que a massificação do esporte nas escolas publicas não precisa necessariamente abranger a natação. Como o Renato já falou, talvez no inicio o foco tem que ser em esportes onde o investimento é menor. Pro nosso esporte, talvez um convênio da escola com alguma piscina publica seja a solução de curto prazo, mas entendo que essa solução limita bastante onde da pra aplicar essa idéia.
Quanto a natação universitária, eu apoio a idéia mas o desafio será atrair nadadores de ponta e pra isso precisaria capacitar aquela universidade com um técnico conceituado e um parque aquático de primeira. Além disso a universidade precisa se filiar a CBDA para que os seus nadadores nadem as principais competições nacionais. Acho que vai demorar décadas até o JUBs virar um Troféu Brasil! Mesmo assim, acho que a idéia é boa e viável a curto prazo!
Abraços
Lelo,
Somente um complemento em relação ao “Financial Aid”:
O “Financial Aid” pode ser dividido em três principais categorias: “grants”, “government loans” e “private loans”.
As “grants” são, essencialmente, abatimentos de “tuition & fees” (o custo do curso em si), combinados, ou não, com ajuda de custo para “room & board” (casa e comida…). São bancados, normalmente, com recursos próprios das universidades (naquelas que dispõem de polpudos “endowments” – fundos de recursos doados à universidade por ex-alunos, empresas, etc…). A maioria das universidades tem capacidade limitada de conceder “grants”… sendo as mais “ricas”, como Harvard, Yale, Princeton, MIT, Stanford (para citar algumas universidades privadas), além de University of California (incluindo UCLA, Berkeley, etc…) e University of Texas (citando duas universidades públicas consideradas “ricas”) as que mais frequentemente fazem isso, em escala significativa. Entretanto, principalmente no caso das Ivy Leagues (grupo de 8 universidades antigas, incluindo Harvard, Yale e Princeton), os “grants” só são concedidos por mérito acadêmico… não havendo “grants” para atletas (salvo se o atleta se enquadrar em critérios ultra-seletivos de mérito acadêmico, também). Fora desse rarefeito universo de universidades super-ricas, os recursos para “grants” são bem mais escassos.
Os empréstimos concedidos por fontes governamentais têm custo baixo, mas, nem todos conseguem obtê-los em volume suficiente, o que leva à necessidade de empréstimos privados, ou seja, de fonte com fins lucrativos, a um custo mais alto, para padrões Americanos.
O que ocorre, é que, com o aumento brutal do custo da educação universitária nos USA nos últimos 20-25 anos (aumento muito superior ao da inflação – entre 1986 e Junho de 2012, a inflação de educação foi de 498,31%, contra 115,06% do índice geral), os estudantes e suas famílias tiveram que começar a tomar emprestado $$$ em escala enorme, sem que houvesse correspondente aumento real de renda nos USA no período (a renda das famílias de classe média ficou praticamente estagnada, em termos reais, no período…). Resultado: níveis de endividamento insustentáveis, que, combinados com o desemprego/subemprego resultantes da crise iniciada em 2007/2008, estão levando a um preocupante e acelerado aumento da inadimplência nos “student loans”. Como o volume total de “student loans” é de mais de 1 trilhão de dólares (sim, trilhão…), um volume superior ao estoque de toda a dívida de cartão de crédito nos USA, o risco é de uma re-edição da história do Subprime, no crédito imobiliário…
Detalhe: em mudança de legislação ocorrida em 2005, os “student loans” passaram a não mais entrar num processo de “personal bankruptcy”… Traduzindo: há caminhos legais para alguém “quebrado” se livrar de praticamente todo tipo de dívida nos USA, MENOS a dívida estudantil, que será cobrada “ad infinitum”…
Em suma, espera-se que haverá cada vez menos “Financial Aid” disponível, e, além disso, os estudos mostram que a “alavancagem” via empréstimos estudantis viu a taxa interna de retorno do investimento despencar ao longo dos últimos 20-25 anos… fazendo cada vez menos sentido econômico…
Esse é um dos maiores problemas estruturais dos USA hoje… ao lado do custo de “healthcare”, e dos buracos imensos nos fundos de pensão de estados e municípios…
Opa Hoffmann. Obrigado pela aula em Financial Aid. Sensacional! Eu não tinha idéia desse possível subprime estudantil. Me lembro de passar no prédio administrativo da universidade por alguma razão ou outra e a fila do Financial Aid era sempre enorme. Grande parte da galera que fazia engenharia comigo e não era atleta utilizava o Financial Aid.
Quanto aos grants, talvez explique porque as Ivy League School não tenham tanta tradição na natação, embora o campeão Olímpico David Berkoff tenha feito Harvard!
Abraços
Pois é, as Ivy Leagues são mais fracas em natação, e em esportes em geral, mesmo quando comparadas com outras universidades de igual prestígio acadêmico, como Stanford, por exemplo… A questão do Financial Aid ser somente baseado em mérito acadêmico é a principal explicação. Existem as exceções individuais, como o David Berkoff, mas, geralmente, são casos em que a família tem o $$$ para pagar a faculdade, ou ainda, os casos em que o/a atleta são aqueles super-humanos com talento esportivo de altíssimo nível, combinado com performance acadêmica de futuro ganhador de Prêmio Nobel…rs… Isso explica porque as Ivies dão mais ênfase às competições entre elas, num “clubinho” de 8 universidades, mais niveladas em termos de esportes (Harvard, Yale, Princeton, UPenn, Columbia, Dartmouth, Brown e Cornell). Isso, inclusive, é um “acordo” que elas têm… coisa que vem de muito tempo atrás…
Lelo,
No memento so passei pra deixar um…
PQP! Esse post e os comentarios deveriam ser encaminhados ao planalto!
Depois comento com calma… mas esse negocio de olimpicos vc pebas nao esta legal.
Grande Abraco,
Castor.
Castor, promessa é dívida! Ficamos no aguardo dos seus comentários com calma.
Com relação ao peba, não esquenta, se você quiser a gente chama você de peba também! E relembre a lição do campeão olímpico e peba Felipe Muñoz:
https://epichurus.com/2012/10/25/a-licao-de-felipe-munoz/
Sou olímpico PEBA com muito orgulho. Realmente sensacional a menssagem del Muñoz.
Abraços
Valeu Castor!
Sabe que esse negocio de ser PEBA é uma grande brincadeira, com exceção do Renato Cordani que é PEBA de verdade, mas invariavelmente quando algum leigo descobre que fui nadador de seleção brasileira, a pergunta se nadei Olimpíadas sempre aparece. E quando digo que não, a decepção é clara. Ou seja, pro publico leigo ir para as olimpíadas = bom, não ir = PEBA! Acho que vale até um texto sobre isso! Alias tem gente pior. Uma vez discuti com uma menina no trabalho porque ela criticou o 5º lugar da Joanna Maranhão nas Olimpíadas – “Nossa! Que menina PEBA, nem medalha pegou!” É a triste realidade dos nossos esportes olímpicos, num pais que só pensa futebol! Semana passada fiz um teste com minha equipe no trabalho e perguntei quem já tinha ouvido falar do Bruno Fratus. Ninguém respondeu que sim!
Grande abraço
Parabens Lelo e toda a galera que comenta. O Epichurus esta arrasando. Cada texto e comentario eh uma aula.
Eh um prazer ler os seus textos.
Valeu!
Opa! Valeu Alemão!
Abraços
Acho que o caminho para a Nataçao brasileira é fazer parcerias com universidades disponibilizando bolsas para atletas que estão nesses clubes , podendo assim estudar e continuar treinando … Cada clube teria um determinado número de bolsas fazendo assim com que pais e atletas olhassem para o esporte brasileiro com olhos diferentes
Fábio,
Na década de 90, clubes como o Santa Cecilia que também eram universidade já ofereciam bolsa em troca dos atletas nadarem pelo clube. O modelo até deu resultados razoáveis, já que o Santa Cecilia tinha uma boa equipe, embora nunca foi um potência na natação. Acho que a solução teria que ser um pouco mais ampla e abrangendo universidades federais que pudessem trazer excelência de estudo casado com um programa de natação comparável aos principais clubes brasileiros.
Abraços
Muito bom o texto e muito bom o blog! Leitura obrigatória a partir de hoje…
Quanto às mudanças necessárias para atrelar a escola ao esporte no Brasil, não acredito que seja algo de outro planeta. Nosso país viveu uma década de muito bem-estar econômico, a crise em 2008-2009 não nos pegou de forma tão pesada, fala-se em trens-bala, fizemos um panamericano, faremos uma copa e uma olimpíada, temos ajuda social do governo (bolsas-X) para tudo, criamos infra-estrutura para fazer hidrelétricas monstruosas no meio da floresta, BNDES distribui bilhões à rodo para os maiores empresários do país, etc, etc… No contexto dos últimos anos, acho que dá seguramente para dizer que se algo não foi feito no Brasil, foi por falta de vontade política e de capacidade da sociedade pressionar o seu governo para tal fim. É um pouco triste perceber a nossa parcela de culpa nisso tudo, e também de ver pipocar evidências de que esses 10-15 anos de bem-estar econômico já se foram e que estamos entrando em outro ciclo de endividamento sem termos gasto nada para fazer uma transformação social significativa e duradoura (ou esportiva, o que dá no mesmo).
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