A Copa do 1990 foi muito ruim pra mim. Eu iria assisti-la nos Estados Unidos, pra onde eu pretendia ir em Maio, a fim de fortalecer o Inglês para estar preparado para a faculdade que começaria em Setembro, mas meu pai sofreu um enfarte pouco antes da viagem e tive que adiá-la. Com meu pai lutando pelo vida e a ansiedade de treinar e estudar fora do pais, acabei assistindo a Copa com pouco entusiasmo, mas não posso dizer que não sofri ao ver o Maradona driblando todo nosso time e eliminar o Brasil da Copa. Na verdade me sentia um azarado em termos de futebol. Nasci em 1971, um ano depois do último titulo mundial do Brasil e de lá pra cá, só desastres em todas as copas.
Em 1978, não lembro de muito, mas lembro dos jogos com muito papel picado. Lembro de um gol do Zico anulado porque o juiz apitou o fim do jogo segundos antes da bola estufar a rede. Lembro da indignação do meu pai com o Peru que entregou o jogo pra Argentina e perdeu de 6, impossibilitando o Brasil de jogar a final.
Em 1982 quebrei a tradição de assistir o 2o tempo de todos os jogos do Brasil na casa do vizinho, o Ulysses, cujo pai, o tio Nelson, era médico do Palmeiras (daqueles que entravam em campo mesmo). Família gente boa e fanática pelo Verdão. Resolvi assistir o jogo todo contra a Itália em casa e culpei a quebra de tradição pela tragédia. A ironia do dia da desgraça foi que a Tragédia de Sarriá viraria a Tragédia do Sabará, hospital infantil onde passamos a noite pois um cano de 3 cm de diâmetro perfurou a perna do meu irmão enquanto brincávamos no playground apos o jogo. Por sorte não perfurou nenhuma artéria e ele se recuperou, depois do baita susto.
Em 1986 decidi assistir todos os jogos em casa, mas de novo quebrei a corrente da sorte ao assistir o jogo contra a França na casa do vizinho Ulysses. Novamente minha mudança de hábitos causou o erro de pênalti do Zico e teimoso, decidi permanecer na casa do vizinho na disputa de pênaltis e acabei amaldiçoando o doutor Sócrates e o Júlio César naquela quartas de final.
Isso sem contar o meu Palmeiras, que não ganhava um titulo importante desde 1976.
Da pra ver que eu precisava tirar a uruca pra Copa de 1994 e finalmente tudo começou a ir bem no futebol, com o Palmeiras saindo da fila com o titulo brasileiro de 1993.
A Copa de 1994 foi nos Estados Unidos e eu quase fiquei por lá, para assistir in loco, mas precisaria desistir do Finkel, e o patrocinador não viu com bons olhos o meu pedido. Desisti da ideia e voei pro Brasil. Seria a primeira Copa que assistiria todos os jogos com a galera da natação.
Os primeiros dois jogos foram tranquilos, com vitoria de 2×0 contra a Rússia e 3×0 contra Camarões. No entanto, o terceiro jogo trouxe de volta o fantasma da uruca com apenas um fraco empate com a Suécia. Assisti o jogo no famoso Mocó, uma republica de alguns josuibas nadadores. Quem se ferrou mesmo foi um gringo (não lembro se escocês ou irlandês) que passava um tempo com a galera na republica. Saidinho, ficou brincando que torceria pela Suécia e acabou levando um pascú no fim do jogo.
Assisti as oitavas de Final com uma galera do Paulistano em casa. Jogo difícil onde ganhamos dos anfitriões por 1×0, num jogo marcado pela cotovela que o Leonardo deu no americano e que o tiraria da Copa.
Nas quartas talvez o jogo mais emocionante. Assisti em São Roque, com o Dudu e família. O Brasil faz 2×0, mas deixou a Holanda empatar. Branco entra no jogo e vai cobrar a falta do meio do campo. Gritamos “Branco não!” pra em seguida, em coro, gritar sem parar “Branco! Branco! Branco!”. Golaço inesquecível.
Estávamos na semifinal, a qual foi tranquila, apesar do magro placar de 1×0 contra a Suécia, com gol de cabeça do Romário. Depois de 24 anos estávamos de volta numa final de Copa do Mundo. Eu iria assistir em São Paulo, novamente com o Dudu, mas acabei aceitando o convite de ir ate São José dos Campos, para assistir a Final com Amendoim, Bonotti e Ruy.
Bom, acho que seria meio irrelevante contar sobre aquele jogo e a emoção que foi ganhar aquela Copa e afastar a uruca de uma vez por todas. Teve muita birita, muita comemoração e ate andança de joelhos pra pagar promessa e pra mim é fácil dizer que aquele 17 de Julho foi um dos dias mais marcantes da minha vida. Pena não ter nenhuma foto daquele dia!
Depois da Copa de 1994, assisti todos os jogos do Brasil em Copas do Mundo com a galera da natação. Todos com exceção da final de 1998, pois estava em Lua de Mel… e deu no que deu né!
O engraçado de toda essa historia é que os 4 da Final de 1994 nunca mais se reuniram para assistir um jogo do Brasil! Bom, na verdade os 4 assistiram muitos e muitos jogos do Brasil juntos depois daquela final, mas sempre junto de outros tantos nadadores.
Demorou 20 anos para os 4 se juntarem novamente, somente os 4, para outro jogo do Brasil. E dessa vez foi na estreia da Copa de 2014. Espero que a reunião traga boas vibrações para essa seleção. Time will tell, mas que começamos bem, ahh começamos sim!
Ah, Lelo… Entao foi voce o culpado das derrotas de 82 e 86!!! Fica esperto esse ano hein? Abrtz
Cuidado Munhoz! As minhas interferências na performance brasileira foram sem intenção, mas a sua torcida contra o Lúcio em 2002 nunca será esquecida…
“e finalmente tudo começou a ir bem no futebol, com o Palmeiras saindo da fila com o titulo brasileiro de 1993.”
Nao sei se vc quis dizer que foi em nivel nacional… mas nosso verdão saiu da fila com o titulo paulista de 93, no dia 12 de junho!
Abração
Bem lembrado Felipe! Eu fui com o título mais importante do ano embora o Paulista tenha vindo antes.
UMa pena um site inicialmente voltado para a natação desperdiçar tanto tempo com o futebol, que já tem espaço demais na mídia.
Romeo, o blog do Coach fala de natação todo santo dia e é excelente. Aqui a galera para mesmo durante a Copa do Mundo.
NÃO! A culpa da derrota de 86 foi da Malu, uma “porraloca” que conheci em São João da Boa Vista…. Eu tinha levado um tombo de moto e quebrado o escafoide (um dos ossos que compõem a articulação do punho). Diagnóstico confirmado e prognóstico de seis meses engessado….. Aí entrou a Malu. Numa noitada conheci a moça e ela disse que tinha uma simpatia poderosa e que iria ao meu escritório no dia seguinte para “costurar” a minha fratura. Eu estava apenas com uns 30 dias de gesso. E ela foi mesmo. Me ensinou uma reza, ela rezava, eu falava a minha parte e ela dizia … então te costuro! E dava um ponto com linha e agulha num pedaço de pano. Fez isso de novo no dia seguinte. Logo em seguida o médico fez nova radiografia e constatou que a fratura estava curada, e graças à Malu eu “economizei” 5 meses de gesso…..
Bom, aí veio a Copa de 86, com o Zico machucado, e que quase foi cortado, a Malu resolveu “costurar” o joelho dele por telepatia. E ele sarou, entrou no jogo com a França e perdeu o penalti durante a partida. Se ele tivesse feito o gol não teria havido prorrogação, e seria a França a pegar o avião de volta.
Então, Lelo, fique sossegado. A culpa foi da Malu!
Excelente história Aécio. Tô bem mais aliviado. Kkkkk
Em compensação em 2002 fizemos o Brasil virar contra a Inglaterra, depois do tropeço do Lucio!
Exato, mesmo com o Munhoz torcendo contra pra assassinarem o Lúcio.
Lelo, fiquei com uma certa dúvida em relação ao massacre sofrido pelo Brasil nessa copa, você assistiu esse jogo com a galera? Ou podemos considerar que você foi um dos culpados por essa humilhação?