“…mas ainda é madrugada??? Não interessa. Levanta e vai treinar!!!”
Os treinos de madrugada se incorporaram a minha rotina de treinamentos em 1983, quando eu tinha 13 anos e fazia parte da equipe do Clube Curitibano, comandada pelo técnico Leonardo Del Vescovo.
De todo o conjunto de ações planejadas e colocadas em prática ao longo dos anos, com o objetivo de atingir a excelência no esporte, afirmo, sem qualquer dúvida, que esses treinos foram a parte mais difícil. Não física, mas psicologicamente.
O treino começava às 5 horas e acontecia de duas a três vezes por semana, durante três a quatro meses por semestre. O corpo era exigido em seu limite e cada minuto que fosse possível dormir a mais, era tratado como sagrado. A rotina era pensada em todos os detalhes para que após o despertar, a eficiência fosse máxima. Eu deixava a bolsa com os materiais pronta e ao lado da porta de casa, as peças de roupas empilhadas na ordem em que eu as vestiria na cabeceira da cama (até porque dividia o quarto com meu irmão e não queria acordá-lo, logo, acendia apenas uma lâmpada fluorescente indireta que havia em nossa escrivaninha), um copo com uma mistura de cereais na cozinha. Era só por o leite e comer rapidamente, apanhar uma fruta e ir comendo em direção ao carro.
A turma do Jardim Social se organizava em caronas. Ao longo do tempo participaram Marcelo e Beto Lopes, Christiane Thá, Desiree Meister, Andrea Maranhão e mais tarde, Vanessa Cabrini. Lá em casa era minha mãe quem levantava comigo para atuar como “a motorista da vez” no dia em que a responsabilidade estava a cargo da família Magalhães. Percorríamos os cerca de 8 km que separam nosso bairro do clube rapidamente. Alta noite, ruas vazias e todas as luzes da cidade acesas. Poucas palavras.
A piscina era descoberta, os primeiros que chegavam puxavam as lonas pretas, tarefa que fortalecia o espírito de equipe e já servia como aquecimento. Não eram raros os dias em que uma neblina de vapor d’água se formava e por vezes impossibilitava que se visse o outro lado da piscina. Lembro-me de um dia de inverno rigoroso em que senti, ao pisar na pedra São Tomé que revestia o piso em volta da piscina, a mesma sensação de colocar os dedos na parede de um congelador que já atingiu a temperatura mas ainda não começou a formar gelo. Sabe quando dá uma grudada?
Ao mergulhar na piscina os pés ferviam pelo choque térmico. A temperatura da nossa piscina variava entre 26oC e 28oC, o que era visto como um grande privilégio, já que naquele mesmo instante, os rivais do Clube do Golfinho estavam fazendo exatamente a mesma coisa numa água de 2oC a 3oC mais fria.
Os treinos duravam cerca de uma hora e meia, tinham pouco mais de 4 km, com séries longas e pouco intervalo. Quase todos os colegas queriam cair rápido e resolver o mais rápido possível, afinal, depois só havia tempo de tomar uma ducha, café da manhã e correr para a escola. As aulas começavam às 7h20.
Esse “quase” do parágrafo acima está lá porque entre nós havia o Tite Clausi. Ele já tinha carro e estava na faculdade, com horários mais flexíveis. Chegava no horário e colocava sunga junto com os demais, porém, trançava as mãos e se encolhia na borda da piscina, ficava conversando com o Léo e tomando coragem enquanto eu já tinha nadado 600, às vezes, 800 metros. Para mim era muito difícil de entender aquilo, já tinha feito o mais difícil que era levantar. Por que não começar de uma vez? Lá pelas tantas ele esfregava as palmas das mãos e mergulhava atrás do prejuízo.
Mais surpreendente que o esforço dos atletas para cumprir essa rotina, era a dedicação dos pais que diante das suas atribuições e preocupações das suas rotinas, ainda atuavam como guardiães da disciplina dos filhos e tinham que levantar para levá-los ao treino. O fardo era tão pesado que muitos liberavam jovens de 15 anos para pegarem seus carros e irem dirigindo ao clube.
Dentre todos os pais, destaque para o casal Neusa e Joel Ramalho. Apaixonados por esporte, eles fizeram muito, não só por seus filhos Regina, Renato e Roberta (o Rodrigo ainda era uma criança), mas por toda a equipe de natação. Moravam numa chácara a 25km e alugaram um apartamento na esquina do clube, Edifício Torremolinos, para viabilizar a rotina de treinos. Mais do que isso, enquanto os atletas iam treinar eles iam para a cozinha preparar o café da manhã oferecido para toda a equipe e que boa parte dela aceitava. Quando saíamos do elevador e entrávamos esfomeados na sala da família Ramalho, havia uma pirâmide de sanduíches, jarras de vitamina e frutas nos esperando.
A refeição era rápida, descíamos correndo e embarcávamos na Kombi do Joelzão que seguia cheia até os colégios Positivo e Dom Bosco, onde eu cursava a 7ª série. Ali a energia estava a mil e chegávamos sempre, a um ou dois minutos do toque do sinal.
Infelizmente não há uma foto sequer da equipe reunida na madrugada, treinando sob os primeiros raios de sol que surgiam e que podíamos admirar uma vez que a piscina era descoberta e havia pouquíssimos prédios nos arredores do clube, do café da manhã na casa dos Ramalho ou da Kombi que nos levava para a aula, mas homenageio o querido Joelzão e D. Neusa (in memoriam) com as fotos seguintes do acervo da família (clique nas fotos para ampliar e ver as legendas).
E você, treinou de madrugada?
Convido-o a deixar nos comentários alguma lembrança dessa experiência.
Forte abraço,
Fernando Magalhães
Haha, muito boa a foto do Miyahara! E com pinta de PEBA, na raia 10!
Treinar de madrugada é um clássico da nossa época. Acho que hoje em dia o pessoal não estuda mais, então não sabem direito o que é isso! Algumas lembranças:
1) lembro do trauma de acordar e pensar “hoje eu não vou”, e esse pensamento durar 1s, e eu acabar levantando mesmo.
2) lembro de torcer para o técnico (Pancho, Nenê, Willian) faltar (e o lazarento NUNCA faltava). Na época do Willian a chegada da turma do Buggy já era indício forte de que o mesmo chegara.
3) sim, tirar a lona era um clássico. E em geral a gente só tirava de umas três raias, e quando acabava o treino a gente brincava de atravessar a lona remanescente por baixo, sob protestos do Pancho que achava isso muito perigoso, e contava que um argentino tinha morrido disso aí em 1913.
4) lembro da minha mãe me levando na belina, e na saída me pegando com o café da manhã preparado para eu comer no carro em direção à escola.
5) na escola o sono batia forte lá pelas 10:00.
6) mas o pior de tudo era ir dormir desesperado e saber que o despertador iria tocar logo mais…
Boas lembranças, Esmaga!
Caro Cordani,
acredito que mesmo hoje, até o atleta atingir um nível de desempenho que o permita entender que pode parar de estudar, já deve ter rolado muito treino duplo, só não sei se acontecem de madrugada.
Na Gustavo Borges, quem treina duplo, geralmente nada na hora do almoço e a noite.
Quanto ao seu item 1, é o mesmo que o breve diálogo que acontecia em minha consciência e está digitado logo após o título do post.
Por vezes, eu já estava “pescando” na 2a aula e sem dúvida, a angústia de ir dormir sabendo que o despertador iria tocar logo mais era terrível, mas acho que o pior era quando ele tocava mesmo.
Lindas lembranças, Esmaga. Me indentifiquei com vários pedaços, como certamente muitos o farão. Obrigado!
Duas épocas de treinos de madrugada me marcaram: No caso de Bauru, especialmente no verão, lembro de sair a noite, a pé (minha casa era perto) para cair na piscina e dali ver o sol nascer. Do alto da cidade, onde ficava o Luso, tínha-se uma vista relativamente privilegiada. A cidade era pequena em comparação com a minha próxima experiência em São Paulo, no Projeto Futuro. Ali no Ibirapuera, ficávamos eu, Rrruy, Dezordo e Odair, esperando o buggy do William, que geralmente vinha com o Lelo e Guila dentro. Também silêncio na ida. Caminho até a piscina do Paineiras ou do CAP no frio.
Torcíamos para o buggy não chegar (aconteceu umas duas vezes apenas…).
Em comum, lembro do senso de desafio vencido ao fim de cada treino. Acho que treinos de madruga são raros hoje em dia … bom pros nadadores? Talvez… Abraços!
Munhoz, bem lembrado esse aspecto da sensação do desafio vencido pós treino. Sem dúvida, era um grande desafio.
Sobre torcer para o técnico não chegar, eu não torcia.
Já tinha feito o mais difícil levantando e indo até, achava que o melhor era treinar mesmo.
O Léo nunca deixou de ir ou enviar um auxiliar e chegou atrasado somente uma vez.
Nesse dia, a maioria da turma foi embora, dois aproveitaram para tomar banho e eu e mais dois fomos treinar. Já sabíamos o objetivo do treino, conversamos e definimos a série, depois de pouco mais de mil metros nadados o Léo chegou, resgatou o Orlandão no vestiário e comandou a sequência do nosso treino.
Ótimas lembranças que levaram muitos a nunca mais quer saber de piscina. Aqui em Londrina, nosso querido Daniel Wolokita nos fazia treinar as cinco, com direito a tirar lona e tudo mais. Muitas vezes fui treinar chorando mas ninguém tinha pena não! O nosso café era no próprio clube sempre preparado pelo nossos maravilhosos pais. E na escola era inevitável a babada na carteira . Até hoje tenho pavor de despertador… Hoje em dia acordo as cinco para poder tomar café e chegar na academia cinco e quarenta e conseguir fazer o treino! Viciante não?
Patricia,
É, traumatizou um bocado de gente.
Eu peguei leve no comentário ali em cima falando em “pescada” mas você foi precisa ao mencionar a “babada na carteira”, rs.
E que baita disposição de até hoje despertar às cinco para treinar. Parabéns!
Como mãe que vivi esta rotina muitos anos,só tenho que enaltecer o esforço de vocês
Obrigado Arvilena, um beijo.
Sensacional o post!!!
Lembro muito bem da lona preta do CC, de como as poças d´água congelavam em certos dias de geada, mas por baixo a água ainda estava quentinha…
Meus temos de Curitibano foram inesquecíveis! Me lembro muito de todo mundo, principalmente do Joel!
Na minha festa de despedida do Curitibano, recebi uma placa dele em homenagem aos meus tempos de clube, que guardo com muito carinho até hoje, tem até uma foto dos irmãos Requião, com uma mensagem de despedida que tb guardo!
Dos treinos de madrugada, comecei no ECP, lembro que o sono era tanto que o Fred (Frederico Modenesi) estava de meia e cueca na borda da piscina, todo mundo vendo e não entendendo nada, ai o Bira (Ubiratan Glória), nosso técnico no infantil viu isso e começou a gritar “pra água, pra água”… dito e feito, lá se foi Fred de meia e cueca pra piscina!!!!
Myha, belas lembranças e ótima essa história do Fred.
Lembrou-me uma passagem do finado Cabrine numa competição no Pinheiros (hoje Paraná Clube) na Av. Kennedy aqui em Curitiba. Ele nadou muito bem, saiu contentíssimo e no entusiasmo da conversa com os colegas, se secava e foi tirando a sunga na maior naturalidade, como se estivesse no vestiário, se ligou somente após o grito que uma colega deu ao ver o falo.
Quando o inverno chegava aqui em Campinas, treinar na piscina fria do Guarani era totalmente impossível – isso foi nos anos de 1981 a 1983. Para treinarmos para o Campeonato Paulista de Inverno o clube fez um acordo com uma unidade local do SESC que tinha uma piscina coberta (mas não muito aquecida…).
E o horário que o SESC nos cedeu era exatamente de madrugada!
Chegando lá, nosso técnico José Pedro Resende, o melhor que eu tive na vida, já nos esperava com um treininho de 3-4 mil!
Legal Tocalino,
bela homenagem ao José Pedro.
Também tivemos períodos de temperatura inviável para os treinos de madrugada por problemas na caldeira do Curitibano.
Várias vezes fomos treinar na academia Berek Krieger: piso aquecido, piscina de 17 metros e água a 30oC, hoje comum nas academias, mas nós nunca havíamos treinado naquela temperatura e o “radiador” quase fervia, mesmo assim era bacana.
Outras vezes fomos na Aquacenter Batel ou na Aquática.
OMG … deu até um frio na espinha ler esse post.
Muitos, muitos e muitos treinos na madrugada … eu não morava muito perto do clube e nem da escola, portanto acordava mais cedo porque a D. Cida fazia a gente engolir o café da manhã (Ana Paula e Juliana Filippini inclusive … o Denis eu não me lembro, acho que escapou dessa porque era menor) e na saída do treino o Seu Miro já tinha comprado um super sanduba e suco fresquinhos na padaria para irmos comendo até a escola. Eu diria terríveis … porque eu sempre fui falante e de manhã ouvir vários “cala-bocas” quando tentava estabelecer conexão com os colegas. kkkkk Mas ainda piora …os treinos da tarde na Munhóz começavam ao meio-dia, então eu saia da escola e ia almoçando no carro … marmita e talheres na mão … várias vezes as pessoas dos carros ao lado olhavam assustadas e eu sempre oferecia uma garfada. kkkkk Muito empenho, dos atletas e da família para milésimos de segundos de melhoria!
Nossa Paoletti,
que dureza duas refeições do dia dentro do carro.
Pra mim, seu relato é o mais duro de todos.
A que horas tocava o alarme?
Smaga , me lembro bem desta época , do Fusca Amarelo da Sua Mãe , e que as vezes eu tinha que ir esmagado la a traz no espaço que tinha no Fusca , dias de glória , minha mãe com seu corcel branco , com 6 crianças dentro indo para o clube , me lembre do nosso record de 12 mil em um dia , que loucura ! e que sono que eu tinha nas aulas ….. Um abraço Beto Lopes !
Boa Beto!
Várias vezes vc ocupou o “chiqueirinho” do “fusca bala”.
O Corcel é inesquecível, assim como a Brasília verde que virou prata.
O recorde de 12 mil num dia pra mim, virou 18.500m num dia de maio de 1988. Que tal?
Abraços
Bom assunto.
Sim eu treinei de madrugada. 4-4:30 AM aquele sono pesadíssimo qndo morava em Ribeirão meu pai acendia a luz na cara (era muito foda), mas era ele que dava a maior força (Seu Joaquim) acordava os 3 filhos (Eu , Celso e Custódio) e ainda enchia o opalão 4 portas de amigos, os Benedines, Cletinho e outros (havia dias q eram 10 dentro do opala). O “bom ” era chegar na borda e ver q a água estava gelada (qual o nadador q não reconhece uma água gelada???). Pense, inverno de Ribeirão meus amigos… era pular n´água e sair do outro lado, trincando de frio e com dor de kbça. Mácio Latuf não dava folga não, entre 6-8km. Acredito q hoje a galera nade isso em duas sessões. Depois era um bom banho quente e voltar para casa e preparar a bomba (Leite, ovo cru, soja, levedo de cerveja, mel de Guaxupé e aveia) .Pois é, devo confessar q tomava bomba naquela época. Ir pra escola e dormir às 10 da manhã na aula (não é Cordane?), os zóio virava e rolava até uma babada na carteira. Agora só acordo de madrugada se for pra surfar.
Abraço a todos pebas e epichurianos!
Sensacional Vladi… 10 caras no Opalão!
A bomba aqui em Curitiba tinha a sua versão que minha mãe chamava de “Levanta defunto”: leite, ovo cru, gérmen de trigo, biotônico Fontoura e mais alguma coisa. Parece que sua bomba era mais poderosa…hehe.
E aqui surge o segundo relato de “babada na carteira”… hehe, incontrolável!
Maga, com um ano de atraso vi a sua pergunta! kkk
Eu não lembro do horário que saíamos da cama, mas o José Luiz Munhóz era super rígido com horário. Se não estivéssemos na água às 5:00 am em ponto era castigo na certa, portanto, cedíssimo!
Engraçado porque até hoje sou mais diurna do que noturna. Quem sabe herança daquela época!
Beijos a todos (e me desculpem a falta de resposta)!
Bom saber que não sofri sozinho.
Nunca me esqueço dos treinos de madrugada. Comecei a dobrar com uns 12 anos, eu acho, 2 x por semana. Em Araçatuba era “relativamente fácil”, pois a cidade era menor e ia treinar de bicicleta. Sempre tinha um ou outro que morava mais longe e ia tomar café da manhã em casa antes de ir para a escola. Como o técnico morava perto do Corinthians (meu primeiro clube) se ele não aparecia na hora, íamos até a casa dele chamá-lo – sim éramos CDFs e masoquistas! hahaha Literalmente batíamos na janela dele para acordá-lo. Mais tarde, no Araçatuba Clube, a dobra passou a ser na hora do almoço – bem melhor!
Duro mesmo foi treinar de madrugada quando vim para o Pinheiros. Acordava às 3:50 para conseguir pegar um busão que me deixava na porta do clube umas 4:30/4:40, para cair na água às 4:50. Para ir para a faculdade, pegava uma carona no Opalão de fuga do Cassiano ou com a Lud Grammont.
Conto essas coisas para as pessoas hoje em dia e ninguém acredita… O mais engraçado é que, às vezes, quando estou no escritório tarde da noite/madrugada/no fim-de-semana e começo a ficar muito cansado ou desanimado, sempre penso comigo: “seu FDP, vc acordava de madrugada para treinar, sofria que nem um cachorro todo dia e ainda competia! Vai afinar agora? Mete perna seis tempos e termina essa p…!”
Abraços
Yamada, 3:50 é um recorde. Cara, que é isso????
E sua reflexão sobre o “seu FDP…” ainda é mais acentuada porque vc (assim como eu), não ganhava nada (ou muito pouco) para fazer aquilo, ou seja, pode inventar aí uma perna de 8 tempos pra terminar esses trabalhos.
Quando o Yamada passou a morar perto de casa foi um alívio pra minha mãe. No começo ela levava a gente, depois ela dava o carro pro Yamas e ela ficava dormindo. kkkk Eu já dormia de maiô, pra poupar uns minutinhos a mais de sono. Bjs!
Olha só… Yamada gozando de altíssima credibilidade nos Gramont.
Muito legal!
Bom post, Smaga, mas não boas lembranças….
Esses treinos devem ter traumatizado 95% dos nadadores. De positivo só lembro a energia boa que eu chegava na escola, pique total, mas que se transformava em sono insuportável no meio da manhã, como já falado por outros, e mais insuportável ainda depois do almoço, qdo. tinha que fazer lição ou estudar antes do treino da tarde. E os amigos comentando o cheiro de cloro na classe…
Tb. lembro de um canto de passarinho que me arrepiava a alma inclusive qdo. ouvia nas férias, mas que hoje se transformou em coisa normal em SP e cantam inclusive muito mais cedo e muito mais alto (sabiás geneticamente mudados, monstros do sono, perturbadores da paz alheia). Acho que meu ódio contra eles vem do tempo dos treinos…
Ah, tem tb. o Márcio Latuf e sua animação, chegando cantando, imitando galos, ambulâncias, bombeiros, berrando (será que era isso? – sei que eram barulhos altos), acho que era prá quem tava dormindo no chão acordar de vez.
Uma vez, qdo. eu e o Túlio já íamos de carro, a gente entrou no carro, ele tentou ligar uma vez, o carro falhou. Aí nos olhamos com certa esperança de carro quebrado… Tentamos mais uma vez, nada de ligar, voltamos correndo prá cama sem nos sentir tão culpados… (o carro ía ligar na terceira com certeza!!!).
Admiração e agradecimento gigantes aos pais (mais mães que pais) que dirigiam, esperavam, preparavam lanches, davam o maior apoio.
Que rotina maluca a gente tinha!
Tulipa,
após o desabafo, acho que chegou a hora de perdoar a Majestade, o Sabiá. Que tal?
O Vladi não tinha mencionado tanta animação do Márcio. Que bom que era assim, certeza que ajudou muito na disposição da galera.
O Pancho não gostava muito de treinos de madrugada. Dizia que tinha mais pontos negativos do que positivos. Ele achava que cansava muito, mais do que ajudava. Fizemos algumas tentativas, e eu me lembro de, na oitava série, chegar com os cabelos molhados às 7:00 da manhã na escola, mega orgulhosa, e dizer que eu já havia treinado. Mas ele achava que dois períodos de treino era produtivo sim, considerava isso muito bom. Só não gostava do horário… Então, ele implantou um negócio que era assim: Ao meio dia saíamos da escola e íamos direto para o clube treinar, sem almoço, só com um suco ou coisa leve. Treino de 1 hora e meia e almoço no refeitório do clube. Daí descanso, tempo para tarefas de escola, no clube mesmo. às 17:00 treinávamos de novo, daí até umas 19:30/20:00. Não sei se adiantava alguma coisa, mas eu adorava! Ainda mais que tinha um quiosque de sorvete La Basque no Paineiras, e toda tarde rolava um sorvete! Sem contar que aquele tempo de “descanso” com seus amigos era demais! Vocês se lembram Renato e Carlão?
Sim, eu lembro, isso aí ocorreu em um ano apenas, deve ter sido tipo 1982. Eu lembro de perambular pelo CPM entre um treino e outro. Nessa época a gente treinava bastante na piscina recreativa de 42m, e o Pancho ficava com uma calculadora fazendo regrinha de três para determinar o tempo que a gente estava fazendo.
O Charlão… esse aí só ficava comendo os sorvetes recém-lançados da La Basque!.
Regrinha de três pra converter o tempo da piscina de 42m é uma lembrança bem legal, ainda não tinha ouvido essa.
Lembro sim Marina, era muito legal passar a tarde toda no clube. Essa foi uma das épocas em que a metragem dos treinos aumentou muito e era divertido passar a tarde toda no clube. O único problema é que não era liberado o gol a gol e eu não podia derrotar o Renato no intervalo dos treinos.
Maga, adorei o post e a lembrança do empenho da mãe e do pai. Me lembro bem dos cafés da manhã lá em casa, mas eu ainda não treinava de madrugada. Quando comecei dois períodos já tínhamos voltado a morar na chácara e o Gordo já dirigia. O pai ia na Coral (padaria na esquina do clube) e voltava com pacotes enormes de pão quentinho, queijo, presunto e sacos de leite… começava a produção em série de sandubas e vitaminas. Quase sempre eu acordava com o barulho do liqüidificador. E quando chegava o horário de ir pra escola, o pai gritava: vai sair a Catarina! Rsrsrs, boas lembranças!!
Dadula,
bem lembrado o “Vai sair a Catarina!”.
Obrigado pela pesquisa das fotos e por essas lembranças.
Um beijo.
Não da para esquecer, realmente. As vezes até a sensação me volta ao acordar e dou graças a Deus por não ter 16 anos. Tema crucial, Smaga, gravado no DNA de cada um. Nos diferenciava na escola chegar de cabelo molhado, corado, bem disposto e orgulhoso.
No MTC a torcida era para o porteiro não acordar kkkk. Um dia ele sumiu, ficamos 20 minutos chamando, os vizinhos acordando irados. Qquando já estávamos comemorando a “sorte”, alguém ja tinha pulado muro (provavelmente o Custódio) e surgido com as chaves. A serie teve que ser mais longa para dar tempo de ir para aula.
Será que vou ter coragem de fazer o mesmo com minha filha….
Abs.
É Cristiano, o tempo dirá… a coragem terá que ser dela, se ela quiser, certeza que vc encarará novamente essa rotina, agora em outro papel.
Em detalhe eu lembro mesmo de dois treinos de madrugada: do primeiro, em agosto de 84, que a grama tava branquinha DEPOIS do treino; e daquele q o Léo se atrasou meia hora, quase todo mundo na rua, com os carros ligados, aguardando o fim da contagem regressiva prá sair cantando pneus…
Essa 1a eu não lembrava, era digna de constar no post.
A 2a acho que foi no mesmo dia que mencionei pós comentário do Munhoz.
Eu nunca tive problemas em acordar cedo e achava que o dia rendia mais e já chegava na escola em outro ritmo. Atualmente prefiro a “madrugada” para dar umas braçadas, começando as 6 da manhã (ao invés da 5:00 de antigamente). Lembro que depois do treino da tarde era difícil fazer alguma coisa em casa e normalmente eu ia dormir por volta das 20:30 ou 21:00. A tática de deixar tudo pronto na noite anterior era fundamental, pois na correria de levantar, tocar café e partir para o treino era comum esquecer alguma coisa. Lembro de ter nadado umas 3 vezes de shorts pois eu tinha esquecido a sunga.
Boa Charles, deitando 20h30 fica fácil levantar 4h30.
Sem dúvida uma boa estratégia.
Excelente post Esmaga.
Lembro muito bem desta época, também comecei os treinos da madrugada com 13/ 14 anos no CAP, depois do segundo ano, meu pai não aguentava mais a rotina de 4 treinos por semana e liberou o carro. Nesta época já estava no Paineiras.
O que me chama muito atenção nos dias de hoje é conhecer um molecada de 14 anos que raramente joga bola ou faz qualquer outra atividade física e passa quase toda a tarde no game e nós a pouco mais de 20 anos, estávamos nadando 12K por dia!
boas lembranças.
Valeu Abdo,
certamente, com o carro liberado, a tarefa de levantar cedo ficava psicologicamente facilitada.
E é realmente surpreendente que garotos de 14 anos não gostem de jogar bola.
PQP estou com os olhos cheios de lágrimas, senti meu pai, que deixou-nos em fevereiro, aqui do meu lado. na real na minha casa quem sempre se empenhava era minha mãe, como sempre dizemos: precisou de um homem, chame a Celeste.
mas dos treinos de madrugada lembro do café da manhã da minha mãe. dois esquemas: um para comer no clube, naquela arquibancada de madeira do golfinho, térmica de nescal com gemada, outra com suco de laranja e um pote com deliciosos mimos. o segundo e preferido esquema era ir para casa, pq morávamos bem pertinho. a mesa era a coisa mais linda deste mundo e o top era a nega maluca maravilhosa. fábio storelli e felipe michelena eram os figuras frequentes neste programa.
no meu último ano treinando, já não aguentava mais, eu matava muito treino. meus pais não deixavam eu relaxar até terminar o ano, brasileiro de juiz de fora. mas eu matava tanto que no dia que a neblina da piscina era forte ficava na raia 10 no cantinho oposto da baliza e longe dos olhos do reinaldo, colocava uma pranchinha de isopor na cabeça e me escondia deixando o tempo passar!!!
ontem estava trabalhando em POA e encontrei o querido lufe “luís felipe carchedi”. excelentes lembranças, demos boas risadas.
viva os tempos e os amigos da natação!!!
viva a vida!!!
Dadão,
imagino sua saturação para preferir ficar parado na água fria, ao invés de treinar, não adiantava continuar mesmo.
Quero te agradecer, é sempre muito legal a forma como você traz sua emoção para os comentários.
Forte abraço e viva a vida!!!
Excelente post! Eu tinha sempre o mesmo pensamento do Cordani: “Hoje eu não vou!”, mas ia, invariavelmente (assumo, era a chata CDF, rs). Acordar tão cedo era mesmo muito duro, mas eu sentia uma alegria inexplicável quando o sol começava a nascer… O mito de que alguém tinha morrido engolido pela lona também era repetido pra gente. O mais incrível era o meu pai, que se empolgava tanto com esses treinos de madrugada que me deixava no clube e ia correr na praia! Boas lembranças!
Calma Ligia,
não é porque era CDF que seria necessariamente chata, rs.
Quanto ao nascer do sol, um espetáculo mesmo. Interessante que dentre aqueles minutos tem um em que a combinação dos elementos torna o todo ainda mais belo e depois da virada eu por vezes mudava o lado da respiração para contemplar aquela beleza em mais algumas vezes.
Maga, excelente texto!!!
Outro dia estava indo de madrugada para o aeroporto, escutando notícia no rádio e me lembrei destes tempos!… Meu pai sempre me levava e depois tomava café na casa da minha Vó, na Iguaçu… Seguia para aula com aquele cheiro de cloro e cabelo lambido… Na hora do lanche, aquela fome absurda…
Lembro também do LAM com seu fusca bala, do desfile de roupões…
Nadei na mesma época do Miha e devo ser o único deste post que foi na despedida dele! Saudades meu amigo!
Alô Sabará,
o fator “casa da Vó” na av Iguaçu certamente facilitou muito essa rotina, hein (para os de fora de Curitiba, esclareço que é a rua paralela a do clube).
E o fusca do LAM, sem dúvida, é um dos grandes ícones desse período.
Treino de madrugada… Segunda a sexta as 5 da manha,ao contrário dos relatos treinava sozinha naquela enorme piscina da fonte nova.Alem de mim,Sérgio e minha mãe .guerreira que acordava as 4 h para fazer minha vitamina, meu lanche pos treino e me acordava as 4.30 para que eu dormisse mais um pouquinho.nunca reclamou,apesar de eu acordar mau humorada e de dar a primeira palavra após a série principal do treino.ai eu dava bom dia e sorria .Meu ultimo ano de escola eu trenei todo de madrugada.as 20.30 já estava dormindo.o pior p mim era estar sozinha e apesar da Bahia não ser frio no inverno fazia frio e a piscina gelada.aff não tenho saudades nenhuma.so serviu para q hoje pudesse acordar de madrugada para cuidar dos meus pequenos sem reclamar as 5 da manha.
Sozinha Vivi, que dureza!
Tão duro que percebo até um tom de desabafo, mas com certeza, serviu para mais coisas além de acordar na madrugada para cuidar dos pequenos sem reclamar.
Grande Maga, SHOW!!
Que emocionante lembrar, nos mínimos detalhes, os treinos de madrugada. Eu lendo seu texto parecia que estava vendo fotografias, que nunca existiram.
Nós, “rivais”, do Clube do Golfinho tínhamos outra preocupação: existência de água quente no chuveiro!!! Quando tinha, era 1 chuveiro para 3 pessoas…
Na verdade não fiquei nem um pouco traumatizado, ficaram ótimas lembranças. Foi a época que aprendi a dirigir, portanto achava ótima a idéia de ir treinar, rsrs.
Já minha segunda fase de treinamento de madrugada foi mais leve, porem mais eficiente e com um espetacular amigo, VOCÊ!!!
GRANDE ABRAÇO!!!
Bogodar
Bog, meu amigão.
Essses treinos de 2001 com o saudoso Chaiben foram realmente muito bacanas,
mas vamos combinar, que entre cair 5h e 6h30 há uma diferença GIGANTESCA.
Assim como fazer um volume de 40 – 50km por semana e 15 – 16 km, mas já entendi que a percepção dessa eficiência está justamente nessa consideração e analise de suas super performances nacionais nos 50m peito naquela époco.
Fiquei muito contente com seu comentário, obrigadão.
Lendo todos os comentários e a grande repercussão desse post, mergulhei ainda mais em minhas memórias e lembrei que várias enquanto estava no ônibus indo para o treino da tarde (o expresso Cabral – Portão, ou o Santa Cândida – Capão Raso), sentindo a exaustão e muitas vezes sentindo a cabeça cair naquelas “pescadas” eu ficava planejando enviar uma carta para FINA ou ONU pedindo a regulamentação de treinos duplos, ou de madrugada, somente a partir de uma determinada idade.
Evidente que nunca fiz, mas acredito que seja um elemento a mais para dar a dimensão do desafio que era manter essa rotina.
Outro ponto que lembrei quando o Bogodar mencionou esses treinos da época em que eu já tinha 32 anos. Eram só 4 sessões por semana de cerca de 4km, mas junto a rotina do trabalho, provocava um sono incontrolável a noite, na hora em que a família ainda estava no pique e eu e elas queríamos interagir. Foi nessa época que me permiti comprar um combinado de suplementos que fez uma diferença enorme, tanto para me manter acordado, quanto para levantar bem para ir ao treino e treinar melhor do que antes. Se houvesse na década de 80 teria feito uma GRANDE diferença.
Semana complicada, só consegui ler agora! Excelente post Esmaga!
Eu comecei a treinar de madrugada muito cedo, com 10 anos de idade, como Infantil A no ECP. Daquela época me lembro do meu pai me levando pra escola e sempre parando numa padaria pra comer um queijo frio com toddynho em lata.
Já no Juvenil a grande lembrança era o buggy mesmo e a esperança que ele não fosse passar, mas ele sempre passava! Dureza!
Nos Estados Unidos as coisas melhoraram bastante, não só porque não tinha mais água fria, como também os treinos eram oferecidos as 5am e as 6am e eu sempre ia no treino das 6.
Boas lembranças hoje, mas na época era odioso treinar de madrugada.
Legal Lelo, parece que essa combinação de boas lembranças hoje, com a sensação odiosa à época, é comum a quase totalidade daqueles que viveram essa experiência.
Tão legal quanto o post foram os comentários dos leitores que compartilharam da mesma experiência de treinar de madrugada. Confesso que tentei algumas vezes, mas como era opcional foi difícil manter a disciplina. Por isso admiro aqueles que conseguiam manter o foco e a motivação e encarar o desafio dos treinos pesados tão cedo.
Um fato recorrente nos relatos parece ser o apoio incondicional das famílias. Isso me faz pensar que o sucesso de qualquer projeto formação de talentos passa necessariamente pelo envolvimento dos pais e responsáveis. Será que estamos dando a devida atenção a esse aspecto nas categorias de base?
Abraços e parabéns pelo texto!
Então Sidney, as notícias que tenho, mesmo que um pouco distante, são da equipe competitiva da Academia Gustavo Borges e do Clube Curitibano, aqui em Curitiba. A realidade não muda, a maioria dos atletas que se dedicam intensamente, tem um apoio muito próximo dos pais.
No CC tem alguns atletas de fora, que estão longe da família, e tem o suporte do clube. Gente que a natação tem ainda como significado, a perspectiva de uma vida melhor.
Na GB, na semana passada houve um clínica com o Albertinho Silva e o PC Marinho, biomecânico da CBDA, o evento foi concorridíssimo, e além das sessões de biomecânica e estratégias de treino, houve também palestras para os pais ampliarem seus conhecimentos em como dar um suporte para seus filhos.
Ou seja, parece que sim.
Obrigado e abraços.
Muito bacana os detalhes de cada um!
Tive basicamente 3 períodos de madrugada. Na pequena Londres, mais ou menos o mencionado por muitos, às vezes à pé, às vezes no buggy do Tio Júnior, outras vezes algum pai levando uns 10 meninos. Com lembrou a Patricia, o café (um ennnorme chocolate quente) era no clube mesmo, mas não raro vazia um segundo lanchinho em casa antes da aula – e era magro (tempos que não voltam).
Depois, na gelada Curitiba, quando saia para rua pegar carona, com o próprio Reinaldo ou com a família Sprengel. A parte do chuveiro estar ou não quente era um suspense para aqueles que terminavam um pouco mais tarde, conforme relato do Bogodar.
Por fim, no Minas, onde para chegar no Minas 2 passava uma kombi pegando a galera. Detalhe indigesto: não estava em estudos regulares nesta época, mas como vazia parte da equipe…
Apenas senti falta da névoa de cloro que permanecia por toda manhã, não adiantando o quanto de sabonete passava no banho. Quem nunca lambeu a mão para sentir aquele cheirinho??
Abraço a todos.
Boa Piu,
essa de ter que ir de madrugada ao Minas 2, sem precisar ir para aula depois, deve ter gerado indignação a cada levantada.
E essa da lambidinha para sentir o cheiro do cloro era clássica, rs.
O treino de madrugada sempre me trouxe arrepios ! Nao pelo treino em si, mas pela noite anterior que era um pesadelo. Lembro-me de nadar costas a noite, e olhando para o céu estrelado pensar: eu estarei aqui novamente antes do Sol.
Hoje do outro lado, procuro de todas as formas evitar este treino. Ou pedindo para os nadadores estudarem a tarde, ou para aqueles que estudam pela manha, treinarem das 14:00/16:00 , descansar e se alimentar 16:00/17:00 , e as 17:00 entrar para a serie do dia. Tudo por uma boa noite!
Boa Christian,
lembrou bem dessa sensação do fim do treino após o pôr do sol e a reflexão de que mesmo antes dele voltar a nascer estaríamos lá novamente: angustiante!
E você faz muito bem de buscar alternativas para que seus pupilos não precisem passar por isso sem comprometer a qualidade dos treinamentos.
As palavras do Vladimir mais acima são filosóficas: “qual o nadador que não reconhece uma água gelada?”. Quando li isso, quase não acreditei… Era o mesmo que sentia com aquela piscina me “dizendo”: Tô gelada!.”. Comigo, esses treinos começavam em fins de agosto ou início de setembro… Em outros anos, tinha treino também ao meio-dia…. mas às 5:00h era cruel!
Normalmente, ia até às 6:30, quando saía todo mundo correndo para a aula. Mas acho que o pior era mesmo depois: o chuveiro conseguia estar mais gelado que a água da piscina, e muitas vezes, o banho de gato era para tirar um pouco do cheiro do cloro!!!!
E lembro de meus colegas de escola se assustarem de me ver de cabelo molhado já às 7:30 (geralmente, nada de pente!).
Mas apesar de tudo isso, sempre achei que meu rendimento era melhor no fim de ano com esse treinos.
Oi Ricardo, aonde você treinava?
Pelo jeito o chuveiro provocou traumas em atletas de vários clubes por esse Brasil. Sorte que lá no Curitibano não tínhamos esse problema.
Agora, sem dúvida, estou com você. O rendimento melhorava muito com esses treinos.
Treinei pelo Fluminense (quando fazia tb o horário de meio-dia) e pelo Vasco (onde o chuveiro era gelado até em dia de verão!). No Vasco, quando batia 5:30, ocorria o primeiro grito do Ricardo Moura era para o começo do treino – se houvesse muita demora para cair, eu levava uma boa pranchada na b…. Ele dizia – e eu concordava – que “a demora somente iria adiar o inevitável, e pior era ficar naquele “namoro”, só de sunga, do lado de fora. Então, pranchada neles, e já para dentro!”. Mas, difícil mesmo, deve ser para quem treina – ou treinava – no Botafogo! Aquela piscina sempre foi gelada. Ela fica do lado da praia e deve bater um vento danado. De manhã cedo, deve ser complicado.
É bem verdade que nunca nadei no Golfinho / PR no inverno, só no verão. Mas, mesmo nessa época, a piscina do BFR era muuuito mais fria !
Ricardo,
competi em julho de 1987 no Botafogo e quase morri de frio.
A partir do 2o dia resolvi ir aquecer no Guanabara, onde a situação era menos crítica para não sofrer tanto e alcançar o objetivo da prática.
Pra mim, o treinamento diário naquelas condições parece ser algo impensável.
Taí uma coisa que, de tão sofrido, ninguém esquece. Lembro de quando eu já tinha carro, pegava o Jayme e o Daniel Wolokita na Emiliano e descambava pela noite na Tapajós e depois Hugo Simas em direção ao Pilarzinho. Depois de tirada a lona, ficava um vapor tão denso que dava prá se esconder dos argentinos Carlos Fernandes e Leonardo Del Vescovo, no outro lado da piscina e ficar matando o aquecimento. Até o Barney caguetar, é claro. Depois do treino a mãe do Filizola e outras abnegadas mães faziam o café no bar da Ivonca.
Legal Enio,
o blog é democrático e o Barney terá direito a réplica. rsrs
Será que exercerá ou vestirá a carapuça sem contestações?
Qualquer coisa, vc volta com a tréplica…
De onde vc saia para capturar os Wolokita na Emiliano?
Saia da Visconde de Nacar, antes da Augusto Stelfeld. Morei muito tempo naquela casa. Hoje é um escritório de contabilidade. Abração.
Acordar de madrugada nunca foi problema. Difícil sempre foi levantar a pálpebra ao chegar no Golfinho. Mas era mais difícil fazer o aquecimento sem a prévia de gol a gol com bolinha de tênis nas cadeiras da cantina, que era rotina nos treinos das 16h. Nos dias de muito frio naquele vestiário de madeira, era impossível secar os pés para calçar as meias porque o Bila sempre passava com a régua escolar acertando os dedos dos mais distraídos que estivessem em pé nos bancos. Santa Maria Cecília, minha mãe foi heroína nestes tempos como chofer. Como dona Celeste para o Dado, se não fosse dona Maria Cecília, não tinha piscina. Depois do treino, chegar até a BR 116 no Medianeira, não era brincadeira não. Se fosse no trânsito de hoje, certamente não daria tempo. Minha tristeza foi baixar hospital para operar de apendicite quando estava fazendo polimento para o José Finkel. Fim de carreira.
Legal Roberto,
quantas recordações em tão poucas linhas.
Do Golfinho ao Medianeira é um tiro longo, concordo com você, certamente hoje não daria tempo.
E o que será que teria dado naquele José Finkel?
Em que ano foi?
Espetacular o texto.
Lembro que os meus primeiros treinos duplos foram ainda no Graciosa Country Club e eram feitos assim: Minha mãe me pegava no colégio ao meio dia e levava para o clube. Acabado o treino comia um sanduiche e ia direto pra aula de ingles.
Na madrugada tudo começou no Clube Curitibano. Antes de ter 18 anos e dirigir, tive uma temporada em que o Pará (Olival) e seu irmão mais velho (Cleiber) passavam lá em casa as 4:30 e iamos para o sacrifício. Depois que tirei a carteira tudo ficou mais fácil, apesar de várias vezes perder a hora e dar uma desculpa.
O meu trauma era o maldito choque térmico. Até hoje sofro ao entrar em uma piscina um pouco mais fria e até para entrar no mar me enrolo. Toda vez eu pensava, no próximo treino caio direto, mas nunca conseguia… vinha o bloqueio e o papo com o Léo….
Bons tempos de sofrimento.Várias vezes dormia na sala de aula, ou dentro do carro entre uma aula e outra da faculdade.
Outro dia conversando com o Christian (atual técnico do CC), me contou que ninguém mais treina de madruga… apesar de ser sacrificante foi uma experiência única e onde muitas amizades se forjaram para sempre…
Eu vivi para contar a história e me encho de oregulho de contar como foram difíceis e divertidos aqueles dias…
Grande abraço.
Tite Clausi
Tite, estava há semanas esperando seu comentário.
Que bom que você escreveu!
Sobre o choque térmico, vc leu o post do Cordani da semana passada?
Se não, vai lá: Nadando a 14oC e com saudades da piscina a 21oC.
Éramos uns privilegiados, acredite!
E mais uma vez, vc esteve a frente do seu tempo. O Christian faz hoje o que vc já fazia no Country – dois períodos durante o dia.
Abraços!
Pingback: Parque Aquático Julio de Lamare, muito prazer! « Epichurus