(Mascando clichê é uma canção espetacular do Premê)
O esporte mais apreciado e comentado do Mundo não poderia escapar dos clichês. Eu gosto especialmente de quatro deles.
Futebol é detalhe
Refere-se ao fato de que futebol é um jogo com poucos tentos, e isso faz com que os detalhes, uma bola que entra aqui, uma bola que deixa de entrar ali por centímetros, façam toda a diferença. É isso que aumenta a quantidade de zebras nesse esporte com relação aos outros.
Quem acha que a Holanda aplicaria aquela goleada na Espanha caso aquela bola do Diego Costa tivesse entrado e a Espanha houvesse aberto 2×0 no placar? Eu não.
Futebol é momento
Não adianta “estar jogando bem” no ano anterior, sequer no mês anterior. A Costa Rica saiu desacreditada de seu país após perder do Japão por 3×1 (2 de junho) e empatar com a Irlanda (7 de junho). Nessa Copa, o time “deu liga”, e a Costa Rica bateu os campeões mundiais Uruguai (14 de junho) e a Italia (20 de junho). Em menos de vinte dias o time passou de PEBA para sensação, e já tem comentarista palpitando que eles vão para as semifinais! (OBS: veja porque não vão, no clichê abaixo Futebol é camisa).
Recordemos que em 2001 o Brasil perdeu para Honduras, mas foi campeão em 2002. Já em 2005 o Brasil encantou o mundo, para em 2006 protagonizar aquele fiasco.
Futebol é confiança
O time que “embala” progressivamente vai se tornando mais forte até ficar imbatível. O melhor exemplo desse clichê é a Italia 1982.
Veja os resultados da Itália na fase de Grupos em 1982:
Italia 0 x 0 Polonia
Italia 1 x 1 Camarões
Italia 1 x 1 Peru
As críticas da imprensa italiana fizeram com que o time de Enzo Bearzot se recusasse a falar com a imprensa. Assim, “fechada”, arrancou uma vitória heroica que ninguém esperava contra a Argentina (2×1) e acabou com a festa do considerado melhor time até então na Tragédia do Sarriá:
Italia 3 x 2 Brasil
A partir daí acabou com a Polônia (2×0) e arrasou com a Alemanha de Rumenigge e Schumacher (3×1).
Ou seja, o mesmo time que não conseguiu ganhar de Camarões e do Peru meteu três na Alemanha na final.
É por isso que não se pode jamais descartar times como a Alemanha/Argentina/Brasil/Italia baseado em ter jogado mal algum jogo anterior. Não cometa a criancisse de dizer: “A Argentina teve dificuldades de ganhar do Irã, quando pegar uma seleção forte vai perder!”. Ahã.
Futebol é camisa
Na primeira fase da Copa, zebras são comuns. Em 48 jogos, seria muito pouco provável que todos os favoritos ganhassem seus jogos (veja o clichê Futebol é detalhe). Porém, nas fases mais para a frente, os jogadores dos países que tem mais tradição parece que encarnam as glórias do passado e têm mais chance de vencer aqueles que estão para conseguir a primeira glória. A falta de história pesa demais no futebol.
Quem esquece da Dinamáquina 1986 ou de Camarões 1990? Nenhum deles passou das quartas de final!
É por isso que Costa Rica, Colômbia e Chile podem até surpreender mais um pouco, mas terão muito mais dificuldade quando tiverem todos os holofotes e a responsabilidade de honrar a condição de sensação. Se isso um dia acontecer em Copa do Mundo (nunca aconteceu), aí sim poderemos entoar o maior clichê de todos, um de que nem gosto muito: futebol é uma caixinha de surpresas.
E você, leitor, qual é o clichê que te agrada?
Boa, concordo com todos os clichês inclusive o famosíssimo “Futebol é uma caixinha de surpresas”. Só faltou um que sempre me deu muito medo: “Quem não faz, toma!” Esse é batata e acontece com freqüência com o nosso Palmeiras, embora também aplicável a ultima eliminação brasileira em copas do mundo.
Quem não faz, toma é muito bom e verdadeiro, irmão do “futebol é bola na rede”.
Cordani, bacana o post, bem fundamentado, até.
Vai um aí para a coleção: “no futebol, são onze contra onze…”.
Abraços!
Sim, Niwa, boa, esse é primo do “todo jogo começa zero a zero”.
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Boa, R! E será que o “nao tem jogo facil na Copa” é um cliche de verdade?
Munhoz, será que “não tem mais bobo no futebol”?
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