Hoje circulou entre as Federações Aquáticas do país um Boletim (veja aqui), cujo teor pode ser resumido em duas linhas.
“Prezada comunidade.
O gato subiu no telhado.”
Apesar de não explicitar, é evidente que o boletim acima foi emitido em função do vencimento do contrato dos Correios com a CBDA.
(Para quem não sabe, os Correios patrocinam a CBDA desde 1991. A atual gestão sofreu com a drástica redução do valor do contrato, que era de 16,2 milhões em 2016 para 5,7 milhões em 2017, ano em que Miguel Cagnoni ganhou a primeira eleição e assumiu a entidade.)
Pois então, o tal contrato de 5,7 mi por ano venceu no último dia 31/01/2019 (ontem), e não temos notícias de renovação. Alguns veículos recentes tratam do assunto, veja no Globosporte ou no UOL, mas não há nenhuma confirmação ou negativa de renovação publicada sobre o assunto.
Mas o que significa para a Confederação a perda desse contrato? Grosso modo, significa a perda de cerca de 40% do faturamento da entidade, e é exatamente por isso que a CBDA emitiu o boletim acima. Se não houver novos patrocínios, a entidade pode reduzir muito as atividades, ficando restrita ao mínimo.
Trata-se de uma lástima para a comunidade dos esportes aquáticos brasileiros, justamente quando uma talentosa geração vem surgindo com força suficiente para brigar por finais e medalhas olímpicas em Tokio, em pelo menos três modalidades. É claro que não sabemos se o contrato seria renovado dadas as atuais condições financeiras dos Correios, mas a falta de transparência certamente não ajudou a selar o deal. O ambiente do novo governo (avesso ao patrocínio estatal) também não ajuda.
Da minha parte, fica a grande frustração pela gestão atual não ter conseguido sequer um patrocínio novo, além de perder o que tinha. Vou elencar (dentre inúmeras) apenas três declarações do atual presidente, depois vocês me digam se as palavras foram cumpridas:
11/04/2017 DURANTE A CAMPANHA
“Quanto à transparência, nós não podemos nem dizer o que isso significa hoje em função de todas essas situações que ocorreram recentemente na CBDA. A transparência tem que ser obrigação em qualquer entidade, em qualquer realidade que se faça hoje na administração esportiva no Brasil e no Mundo. Por isso, a colocamos em um valor de destaque na nossa campanha eleitoral.” Lance, 11/04/2017 (link).
06/07/2017 PRIMEIRA REUNIÃO COM O PRESIDENTE DOS CORREIOS
“Nosso compromisso é fazer uma gestão transparente. Queremos que os Correios tenham orgulho em patrocinar os desportos aquáticos brasileiros” Blog dos Correios e Site da CBDA 06/07/2017, (link)
01/03/2018 LOGO APÓS A PRIMEIRA ELEIÇÃO
“Queremos fazer uma gestão com inovação, em todos os sentidos, mas com muita transparência. Precisa ter prestação de contas. Com o patrocinador se sentindo à vontade, ele vem, pois os esportes aquáticos têm muita visibilidade. Com o caminho político pavimentado, acho que temos tudo pra fazer as coisas – relatou Miguel Cagnoni.” 01/03/2018, no dia da sua segunda eleição. (link).
As palavras acima foram cumpridas? Fica a seu critério avaliar, leitor.
Por fim, queria fazer aqui uma analogia filosófica.
Transparência não é condição suficiente para uma Confederação receber patrocínio, mas é certamente uma condição necessária.
Vamos torcer para os Correios voltarem atrás e assinarem o contrato, sob pena de… o gato cair do telhado.
Ziegelstein in Katzengestalt (piqs.de ID: 4393bd3004276be871f055060598742e)
Estava esperando esta manifestação, pois recebemos a comunicação estes dias.
Concordo com você: A transparência é o começo de tudo…Saber o que se faz com o dinheiro, onde é gasto, é essencial para conseguir patrocínios e andarmos para frente.
Que decepção!!
Kon, acho realmente que o Miguel quando assumiu queria fazer o negócio “by the book” e fazer história, no bom sentido. Não sei exatamente em qual ponto da trajetória ele mudou de ideia e resolveu seguir a tradição da velha cartolagem. O que sei é que no momento em que eu percebi isso, caí fora.
Mas não estou fazendo juízo de valor da gestão em si. É que para mim essa questão da transparência era muito importante. E nesse aspecto, concordo contigo: que decepção!
*** !
Não tem mais outro termo a ser falado !
Este diretor tem o mesmo sobre nome do ex .
Esportes sem incentivo morre !
Corrigindo Diretor não Presidente da entidade “””
Rodrigo, dei uma editada no seu comentário para mantermos o nível. (eu não me incomodo com palavrôes, apenas me incomodo com xingamentos)
Voltando ao tema, o atual e o ex são de uma época que já passou. Época em que o presidente podia fazer o que quisesse sem dar satisfações à sociedade. Nesse sentido, são parecidos sim.
Boa tarde quase noite para todos.
Além do gato ter subido no telhado, acho que se ainda não caiu deve ter dado uma bela escorregada…
Costumo dizer que: QUEM TEM 1 NÃO TEM NENHUM…
Por 27 anos a CBDA acreditou(e nós também) que o dia 31 de Janeiro de 2019 jamais chegaria, mas chegou!
Meu questionamento é, com todo o histórico da confederação como é possível nunca se ter assinado ou buscado constantemente novos parceiros/patrocinadores?
SADIA GOL SPEEDO WATER PLANET entre outros entraram e saíram rapidamente, apenas a SPEEDO continua fornecendo materiais…
Estamos literalmente enrascados e com certeza essa não é a melhor noticia para se dar ou ler faltando menos de 18 meses para as Olimpíadas…
É Renato, ao “levantar a Lebre”, realmente fica difícil do Gato não cair do telhado…
Forte abraço e obrigado por tudo o que faz pelo “Nosso” Esporte!
Indiani, obrigado pelo comentário. De certa forma nessa discussão eu concordo com a discussão que está se formando no Face (no meu post e em outros também) sobre o esporte de alto nível ser patrocinado pelo setor privado.
Mas o ponto é o mesmo: setor público você ganha patrocínio com conversa, conchavo e interesse. Esse tempo acabou.
Já patrocínio privado se consegue com resultado, transparência e imagem de competência. É o que precisamos nesse momento!
E já que falamos em gato e lebre, será que já podemos tirar o cavalinho da chuva?
Renato, ótima reflexão. O maior problema dos dirigentes brasileiros é a ideia de posse, só conseguem ver a confederação como propriedade. Por isso, não é de se estranhar que presidente de federação no Brasil, na maioria das vezes, só saí do poder em dois casos: preso ou morto!
Bom, Rafael, você está correto, mas essa era a realidade anterior, agora que a regra mudou para uma reeleição no máximo isso (espero) tenha acabado…