No post anterior – Atento, curioso e fascinado – contei sobre a reação de Alberto Klar diante da vitória e surpreendente performance de Cristina Callou no Julio de Lamare de janeiro de 1983 no Vasco da Gama e comentei: “vi aquela relação com admiração e confesso que poucas vezes vi se repetir um momento como esse, do técnico ter uma emoção incontida a partir do resultado do seu atleta”.
Essa eu não vi, mas ficou famosa aqui no Paraná. Quando o jovem Guilherme Belini, nadando pela Escola de Natação Amaral de Curitiba, venceu o Julio de Lamare de 1993, com 1m05s77 nos 100m peito, quebrou o recorde de campeonato e o recorde paranaense absoluto. Saiu da piscina e ao cair na piscina de soltura viu seu técnico Luiz Henrique Telles, o Gariba, vindo correndo e, sem titubear, pular na água com roupa e tudo para vibrar junto com ele.
Comigo aconteceu na 1ª final de Troféu Brasil que nadei na vida, em janeiro de 1987, no Minas Tênis Clube. Estava na raia 2 e eu alimentava uma remota expectativa de faturar um improvável bronze na final que tinha entre outros, o super velocista recordista brasileiro – Marcos Goldenstein, o medalhista olímpico – Jorge Fernandes, o último campeão do Troféu José Finkel – Luiz Fernando Queiroz, Otávio Cardoso da Silva, Paulo Batisti e eu, que havia sido prata no Julio de Lamare . Durante a prova senti que nadava bem e tinha uma pequena vantagem sobre Queiroz que estava a minha direita. Tudo o que vi foi que cheguei na frente dele. Não havia painel expondo os tempos dos atletas para o público e comecei a olhar em volta. Encontrei o Léo pulando com a prancheta na mão esquerda e o braço direito erguido acima da cabeça. Inacreditável! Ouro no Troféu Brasil.
Mais uma: em 1988 o mundo vivia a expectativa do duelo entre o campeão olímpico de recordista mundial, o alemão Michael Gross e o grande astro da natação mundial, o americano Matt Biondi nos 200m livre nas Olimpíadas de Seoul. O australiano Duncan Armstrong detonou Gross, Biondi, os recordes olímpico e mundial, faturou o ouro e seu técnico acompanhou a tudo assim (o video tem somente 1m33s e vale muito a pena):
Vejo o tamanho dessas conquistas e não acho as reações exageradas – nem mesmo a do australiano. Para mim há tanto significado nessas vitórias que como já disse, as admiro. E me pergunto: será que o profissionalismo chegou a tal ponto que a vitória é vista somente como mais uma variável do trabalho ou a reação é reprimida?
Refleti várias vezes sobre isso e acredito que entendi bem.
A relação entre técnico e atleta é uma relação muito próxima, diária, que gera muitas perspectivas e expectativas. Ora percebe-se um talento e o atleta não corresponde com o comportamento necessário para potencializar os resultados. Quando corresponde, elevam-se as expectativas, dedicação e fé, tudo feito meticulosamente conduzido de acordo com o melhor planejamento e mesmo assim, muitas vezes o resultado não vem. Outras o resultado projetado se confirma. E, raríssimas vezes, acontecem uma grande surpresa como nos casos citados.
Tudo isso repetido prova após prova, competição após competição, ano após ano e com os diversos atletas que em geral compõem uma equipe. E não rara, a frustração de ver o talento desenvolvido “em suas mãos” mudando de clube ou país ao seguir o natural caminho da busca de melhores oportunidades.
Não dá pra levar uma carreira longa assim.
Quanto maior o envolvimento, mais o que acontece na piscina impacta nas outras partes da vida desses profissionais. Retirar, ou nem tanto, minimizar a emoção frente ao fracasso e ao sucesso, a decepção e a glória é um mecanismo de autoproteção dos seres humanos que empunham os cronômetros e orientam seus atletas.
Alexandre Miyhara já explorou outros aspectos dessa relação no post – Amor e ódio – que vale a pena ser lido e que eu comentei assim:
Ah, a complexidade das relações humanas!
Acompanhei anos e anos da relação técnico-atleta e vi de tudo.
Inclusive técnico dizendo que errou e pedindo desculpas, e atletas assumindo a responsabilidade num fracasso.
Os estilos variam muito e bem mais jovem, questionava a paciência de técnicos obstinados, estudiosos que não tinham a reciprocidade em dedicação de parte da equipe de atletas. Como eu também era obstinado, avaliava até como desrespeito a postura desses atletas.
Havia também a questão dedicar-se ao desenvolvimento do atleta e depois vê-lo passar de categoria e ir para outra turma ou optar por outro clube.
Hoje vejo que as diferenças são naturais e que a capacidade de despertar o significado nos que fazem “corpo mole” ou construir uma relação que o atleta não queira romper faz parte das competências necessárias para um profissional que pretende ser o líder da sua equipe e profissional de sucesso.
Ninguém nasce pronto ou está pronto ao se formar, ou em qualquer estágio da sua profissão. É preciso ter humildade e questionar suas estratégias e os impactos disso nos resultados. “Não há prêmios ou castigos, apenas consequências”.
Agora, tenho uma certeza comigo: se uma relação atleta técnico não tem uma integração pessoal bastante consistente, ela está aquém das suas possibilidades.
Convido os leitores a dividir suas percepções sobre o tema ou ainda, a registrar a história de algum técnico que tenha vibrado pra valer com a conquista do seu atleta.
Forte abraço a todos,
Fernando Magalhães
Bom Dia “SMAGA” .
Um post muito rico e positivo que pode render bastante…
Farei meu comentário e já peço desculpas pois o mesmo pode se transformar em outro post(será LOOOOONGO…)
Quando Atleta, sempre fui “PEBA” mas, um PEBA de raça, raça dos “BURROS DE CARGA”. Adorava terminar uma série tendo câimbras, vomitando, falta de ar, enfim sentir coisas que muitos não gostavam mas pra mim isso era sinônimo de: “ESTOU MELHORANDO” !
Minhas medalhas em competições importantes sempre vieram de revezamento, o resultado individual sempre na trave(o temido 4o. lugar) porém no Rev. o negócio era intenso e sempre tive que representar a altura dos outros mosqueteiros…
Em 1986, recém chegado ao ECP(Treinando com Marcio Latuf) veio no Campeonato Paulista Juvenil A e B de Verão a prova ou melhor o Rev de FOGO…
Rev 4×200 ECP(Polaco, Tulio, Fralda e Eu fechando Raia 5), Na raia 3 ECP(Naga, Rogério Yoshimoto, Pacheco e Peluso), na raia 4 CAP com nada mais nada menos que Marcelo Alves Grangeiro fechando !
O Professor Marcio, me disse pra ficar tranquilo pois os outros colocariam o time em vantagem e eu teria apenas que controlar… Controlar um BÚFALO que viria pra cima destruindo…
COLOCANDO UMAS ENTRELINHAS.
Logo após a saída, nossa situação não era de conforto como tinha sido passado, muito pelo contrário, era de sufoco. Como estávamos lado a lado(ECP e ECP) o Naga veio pra mim e disse: “- O Grageiro virá babando, controla os 1os. 100, deixa ele te alcançar um pouquinho dos 100 para os 150 e depois da virada, senta o pau…” Simples, objetivo mas nada fácil.
Nervoso Eu ? Nada, nada, nada… Responsa de fechar o Rev. , o recordista da prova ia cair 2 segundos e meio atras e, Eu só tinha que lembrar das palavras do Naga e bater na frente ! Tudo muito simples e tranquilo !
Fiz oque o MESTRE NAGA me disse e, ele estava certo ! Ganhamos o rev. Muita emoção, muita comemoração e os cumprimentos do Professor Marcio que naquela altura foram muito valiosos. Tinha chegado no clube fazia menos de um ano, pego uma bucha de canhão e até então tinha sempre ficado a espera de um grande momento… Posso dizer que este foi o meu maior momento na água !
Receber os cumprimentos, os parabéns com sorriso no rosto do COMANDANTE, não tem preço !
Em 1989, iniciei minha carreira como Professor(estagiário) em uma academia em São Bernardo.
Continuava nadando pelo ECP mas em um ritmo mais “slow”. Facu, treino e a nova função tomavam um bom tempo e demandavam dedicação, empurrei o ano de 89 e, no final retornei pra São Bernardo onde passei a defender o ESTILO CLUBE SULVINIL do Professor e IRMÃO Mirco Cevales e, de nadadores como Thiago Orso, Massura, Artur Albiero, Sergio Onha, Irmãos Fukimoto, Cristiane Nakama, Renata Miato, e mais uma leva de futuros talentos… Era o mais velho da equipe e por isso tinha que ser exemplo…
Voltei a ser o bom e VELHO BURRO DE CARGA ! Treinava “LIKE HELL” e ainda desafiava a “criançada”.
Nesta passagem final como nadador e transição para o Treinador aprendi muita coisa com meu IRMÃO e GURU Mircão, foi a experiêcia mais rica que já tive e depois deste momento, posso dizer que minhas diretrizes como Treinador já estavam traçadas.
Me tornei Treinador e tive o prazer de assumir o comando de um grupo de “crianças” da categoria Petiz 1(11anos) e comanda-los até Sênior(18+).
Ficamos juntos por mágicos 12 anos.
Aprendi como nunca e fiquei feliz em poder ensinar também.
Pude comemorar recordes de campeonato, recordes estaduais, medalhas em estaduais, nacionais, sulamericanos, multinations, copas do mundo e mundial. Cada momento foi único e muito valiosos mas, posso garantir que os que mais marcaram foram as comemoraçōes pessoais, as superaçōes, as derrubadas de barreiras, os PEBAS que alcaçavam seus objetivos… Estes momentos realmente me fizeram sentir a verdadeira essência de ser um Treinador. Se um dia escrever um livro acredito que já tenho o título: “-Do PEBA ao CAMPEÃO, todos com muita emoção!”
Como Treinador sempre me norteei na frase: “Cada um cada um !”
Se alcançar o “SEU” objetivo(não me interessa qual seja) serei o primeiro a comemorar !
Já quebrei a mão ao comemorar um título estadual esmurrando uma pilastra, já mandei um sonoro PUTA QUEO PARIU no microfone de uma emissora de televisão ao comemorar uma marca fanomenal de um Atleta, já recebi um agradecimento em uma rádio da Mãe de um Atleta de 17anos que havia baixado seu tampo de 100 Borbo na curta pra 1’09”, me sentei no início do ano em uma padoca com outro Nadador que me agradeceu todas as vezes que gritei e lhe dei esporros oméricos para que sempre tivesse atitudes positivas(este AGORA Homem teve como melhor resultado um 9o. lugar em um Campeonato Paulista Juvenil nos 200 Borbo. Hoje um GRANDE PROFESSOR de música), todas experiências únicas e de resultados diferente, objetivos diferente(CADA UM CADA UM), mas no final apenas um só objetivo: “MOTIVAR” os comandados para atingirem seu objetivos e neste momento comemorar como um RETARDADO !
Esta motivação, também inclui o bom e velho “ESPORRO”.
No posto de COMANDANTE, faça isso e tenho a certeza de que FORMARÁ muita gente BOA.
Forte abraço e ótima semana.
Sensacional Indi.
Bom dia Indiani,
muito obrigado por deixar a emoção e o texto rolar.
Seu relato está ótimo e enriquece demais o post.
Em minha percepção, atingiste a visão de um verdadeiro Líder Educador.
Posso dizer que apesar de PEBA, ver Vocês nadando nesta época foi muito inspirador… PARABÉNS por terem feito a diferença !
Forte abraço.
A vez que mais surpreendi meu técnico foi no Maurício Becken de 1980, quando eu tinha 1:36.0 de 100P e fiz 1:32.99, me classificando para a final totalmente inesperada. Lembro de chegar e olhar para o Pancho, que gritava e comemorava nas arquibancadas, os braços para cima como se eu houvesse marcado um gol, na hora eu não entendi direito o que estava acontecendo.
Boa Cordani!
O Sr poderia fazer um esforço e tentar lembrar as palavras que Pancho teria proferido na ocasião?
Das palavras, não. Mas o espírito logo depois da efusiva comemoração foi: tudo muito bem, tudo muito bom, mas agora vai descansar que de tarde temos a final…
Fiquei com saudades, muito tempo sem ler os valiosos posts… posso dizer que se não tudo, mas quase tudo devo a dois técnicos que moldaram minha carreira. O primeiro, Paulo Marlieli, atual proprietário de escola de natação em BH, que desde muito cedo, entre meus 8 e 12 anos, gritava exasperado na borda: “respira”, “quero ver sangue na boca!”, “quero fibra de campeão!”. Assustador? Essas expressões voltaram à minha cabeça em muitas provas importantes anos depois, não como ameaça, mas pura motivação, semper quando degladiava para encontrar um pouco mais de força. Muitas vezes o agradeci, já mais velho, por me fazer acreditar sempre. O segundo, José Thomás Vilhena, que carinhosamente chamávamos de Tonelada – hoje provavelmente muito mais magro do que eu rsrsrsrs. Zé era histérico, ilário, atacadísimo. Andava com uma agenda embaixo do braço com as anotações dos treinos. Mas o lugar que agenda mais gostava de ficar era estatelada na parede da arquibancada. Era a primeira vítima da ira quando não conseguiamos cravar o tempo exigido. As outras eram pranchas e bóias que voavam piscina adentro. Se tinhamos medo? Não, ele sempre voltava arfando, se acalmando e começando tudo de novo. Saimos do treino e contabilizamos os prejuízos: páginas soltas, agenda molhada, etc. Ambos foram muito mais do que técnicos, se tornaram referência/modelo dentro da minha casa e cumpriram seus papéis de educadores com maestria.
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Valeu Cristiano, ótimas lembranças e estratégias interessantes.
Muito legal você registrar seu reconhecimento.
Seria bacana se o Paulo e o Zé Thomás passassem por aqui para registrar as percepções deles.
Quem sabe…
Os meus técnicos foram fundamentais na minha vida de natação. Acho que só eles prá me fazerem nadar 1 X 10.000 num sábado de manhã na longa sem chorar o tempo todo (pequena chorada nos 4.000, se me lembro bem), depois de uma semana de treinos de 10.000, variados, umas delícias de variações… ; ou me fazerem achar que ele pular no meu abdomen enquanto eu fazia abdominais (milhares!) era normal e eu não ía processá-lo por tentativa de homicídio…; foram eles que me fizeram ser PEBA (como vocês falam, eu não) achando que era até que razoável….
Foram eles, e só eles, que me fizeram ganhar as medalhas que tenho, a disciplina que tenho, as memórias que tenho, as alegrias que tenho; eles suportaram meus mal-humores e alguns ainda tiveram que TRABALHAR comigo!!! (Muita sorte desses poucos! Aprenderam muito comigo nessa época, rsrsrs. )
Vi técnicos chorando, sim. De alegria e de tristeza. Esse vi e chorei junto, aliás, choramos vários atletas junto com ele. (técnico é meio como mãe, dói demais ver chorando…).
Briguei com técnicos que adorava e com os que não me dei bem também. Briguei pela equipe, prá tirar técnico que não deu certo… Fiquei com fama, por anos, mas acho que foi pro bem de todos…
Aí fui lidar com os técnicos na FPN… Outro enfoque, outra abordagem, conhecendo outros lados, melhores, piores, tendo que lidar com problemas muito mais difíceis do que o 1 x 10.000… Experiência única. Que não repetiria.
E aí virei professora… e hoje falo pros meus alunos nas aulas de pular corda que quem pulou só uma vez, na próxima deve tentar duas. E quem pulou 76, na próxima vai tentar 77. E que os dois serão ótimos iguais se melhorarem essa UMA vez. Acho que o técnico ERA isso. Fazer acreditar, fazer tentar, fazer lutar, fazer não desistir. ERA eu digo pq. hoje, com patrocínios, grana envolvida, contratos, comissões, já não sei mais nada. Tou por fora das relações de hoje, das pressões, das cobranças, mas com certeza devem ter mudado, infelizmente.
Bruno Buck, Bira, Márcio Latuf e Alberto, só posso agradecer. (mesmo pq. o que tinha prá xingar já xinguei com a cabeça dentro dágua fazendo alguma série ridicularmente dolorida que vcs inventavam!).
Bjo a todos, Tulipa (Anna Paula)
Oi Anna Paula,
tenho no currículo 2 tiros de 4.000m, ambos na longa, nos quais acredito que mandei muito bem.
Agora, certeza que eu também choraria se tivessem mais 6.000m pra nadar depois daquilo tudo.
Tá louco, meu!
Quanto a um técnico de pé em cima do abdomen, nunca ouvi falar. Estratégia estranha…
Legal seu ponto de vista como professora.
Quanto a sua abordagem “das relações de hoje das pressões, das cobranças, mas com certeza devem ter mudado” acredito que são variações naturais da mudança das características das profissões ao longo dos tempos. Também estou por fora, mas mesmo assim eu não colocaria o “infelizmente”. Vejo a valorização como uma coisa positiva e acredito que se a relação se deteriora é por falta de competências na habilidade de integração entre as pessoas (combinados mal combinados) ou falta de caráter de uma das partes.
Fernando,
concordo que houve mudanças enormes, prá melhor, na questão valorização tanto atleta quanto técnicos, da nossa época prá frente. Mas acho que isso tb. tirou um pouco da “pureza” da relação, embora você esteja 100% certo em relação à falta de caráter, ou princípios, podendo interferir. Há histórias onde a ganância acabou interferindo demais na carreira tanto de técnicos como de atletas, e assim será, não tem mais volta, na minha opinião. E aí falo não só de dinheiro, mas de substâncias… (na verdade, acho que as duas coisas estão bem ligadas, um é o motivo do outro e o outro é o motivo do um…)
Mas você está certíssimo, a valorização dos profissionais e atletas da natação foi excelente.
Qunato a estratégias “estranhas”, ah, isso teve de monte por aí…
Esse post me deu saudades também… acho que surpreendi umas vezes meus técnicos, em especial o Sidão e eu podia ver que isso causava muita alegria… compartilhada claro! O lance é que eu dava em geral maus resultados até na véspera de competições importantes, quando, polido e raspado melhorava bem. Acho que era um pouco de alívio também aquela felicidade toda no fim da prova! 🙂 Bom post.
Interessante a percepção de alívio, acredito que nunca havia pensado sob essa ótica e realmente tem a ver… tantas horas de esforço e dedicação, tanto planejamento, sonhos e alívio de perceber que tanto não resultou num fracasso.
Só tive um técnico na vida, o Pancho. E ele realmente sabia comemorar as conquistas de seus nadadores! Vinha pulando pela arquibancada abaixo, de braços abertos, muito, muito feliz! O que causava uma sensação indescritível em seus atletas, eu inclusive! Durante a prova ele nadava comigo também, dando passagens, gesticulando, acompanhando, principalmente as provas mais longas. Quando fui técnica, durante 5 anos, eu fazia o mesmo!
Lembranças diferentes do Renato. Parece que Pancho era mais efusivo com as meninas. Que bom que vc traz tão boas memórias e pode proporcionar o mesmo aos seus jovens pupilos.
caramba, que bacana Maga, Indiaaaniiiiii, Paulinha…
Com o relato da Marina, me lembrei de uma reação muita engraçada do Pancho… estava nadando 1500L em um Paulista no Yara Clube…e o Pancho ficava na grade com a plaquinha das parciais… como eu estava em uma raia lateral, não me lembro se era 2 ou 7, eu o via muito bem, inclusive suas feições ao levantar a placa.
a primeira foi 8, depois 9, depois 0 (já levantando o braço e gritando com cara de bravo), depois 1, depois 2 (agora já estava furioso), depois 3… (ódio… daquele que todo argentino sabe mostrar e neste momento senti que ele estava me xingando)… na outra passagem ele não me mostrou e o olhar dele pra mim foi de um misto de decepção e “vou te cortar carajo”) e por fim na próxima passagem ele estava de costas….
é, essa prova não foi nada boa… mas lembrando agora minha pebisse, fio muito engraçado! e reflete bem a reação do técnico.
Valeu Maga!
Myha,
essa do Pancho está ótima!
Detalhe que ele virou de costas pra vc ver que ele tinha virado de costas, mas tenho certeza que não deixou de cronometrar nenhum parcial.
Falando de técnicos, tive alguns, e hoje penso que o Zé Munhoz era ‘todos em um’.
Ele virava de costas como o Miha narrou, ele jogava coisas (nos atlatas, por vezes), mostrava as plaquinhas com as passagens, andava com a gente durante as provas longas e era fomoso pelos treinos impossíveis de serem completados.
Mas me lembro de um Finkel no Inter de Santos (acho) em que eu ganhei os 200 L mesmo não havendo a menor expectativa que isso acontecesse. Bati no placar, olhei para as outras meninas chegando e imediatamente olhei para o Zé (antes de olhar para o placar). Estava paralisado … olhando o placar … estático … só quando ele viu o tempo e confirmou a raia ele comemorou, mas aí comemorou com gosto. Braços para cima chacoalhando a prancheta numa mão e o cronômetro na outra enquanto assobiava.
Depois ouvi relatos dos pais que estavam na arquibancada e disseram que ele ficou tão assustado que não marcou o tempo depois da passagem dos 100 e ficava repetindo … “ela vai morrer” e depois “será que ela vai morrer?” … hahahaha Isso é que é confiança no atleta, não?
Beijos
Oi Paoletti,
Muito legais suas lembranças do Munhoz.
Com esse registro fica uma homenagem ao excelente trabalho que ele fez.
Para mim as maiores referências são as performances da Celina e as suas, embora ainda tivesse vários outros destaques naquela equipe.
Sobre esse 200m livre, lembro muito bem, porque a Renatinha Carneiro treinava conosco no Curitibano e estava voando nos treinos. Toda a equipe botava a maior fé que ela venceria a prova.
Só que uma garota magra e alta, que eu não conhecia até então, saiu no gás, pôs um corpo de vantagem no parcial (agora sei que surpreendendo até o próprio técnico) e segurou a onda. Lembro até hoje que a RC fechou com 29’9 e veio pegando, mas vc ainda teve energia para segurar a vitória – se não me engano 2’03″9 contra 2’04″2.
Uma prova sensacional! Merece os parabéns de novo, 23 anos depois.