(Alguém aí ainda não viu o trailer? Clique aqui para ver)
Bom, quase tudo sobre essa que é considerada por mim mesmo a prova da minha vida já foi dito por ocasião da Saga dos 200 Peito Parte I. Transcrevo abaixo em azul itálico os trechos da saga concernentes à ela (e quem já leu pode pular!):
“Rio de Janeiro, Maracanã, 17 de dezembro de 1987. Muito sol e calor. Eu estava balizado com o terceiro tempo (era para ser quarto, mas o primeiro – Alex Hermeto – tinha sofrido um acidente e não nadou), atrás apenas de LAM e Vicente. Aqueci muito bem, e escaldado pelos fatos do Finkel, nadei uma eliminatória fácil, mas como estava voando melhorei meu tempo (fiz 2:29.58) e peguei raia 4 para a final. Ainda nadei os 200 Borbola a 90% (2:13), soltei na piscina de saltos e fui para o Hotel Copacabana Plaza almoçar e descansar. Desta vez, dormi que nem uma pedra, e tive o providencial cuidado de não pensar em nada. A experiência de julho já estava ajudando!
Antes da final eu estava deveras tenso, e logo depois da tradicional soltura naquela piscininha gelada coberta, o Pancho veio falar comigo e fez em tom informal uma declaração crucial, algo como: “Renato, é claro que você tem chances nessa prova. Entretanto, ela não será a última: se você não for bem nessa, haverá inúmeras outras oportunidades!”. Aparentemente inocente, em uma revisão posterior considerei esse comentário muito inteligente, pois tirou boa parte da pressão que eu estava sentindo, e se no futuro eu nunca mais tivesse tantas chances (e pensando bem não tive mesmo!), a culpa certamente não recairia sobre o comentário.
Já faz quase 25 anos, mas lembro perfeitamente dos detalhes da prova final. Mesmo sem forçar muito, senti que estava na liderança logo nas primeiras braçadas. Eu tinha muita confiança na minha volta, portanto passar na frente nem era necessário, mas ao ver que estava liderando nos 50 e depois na passagem dos 100 tive quase a certeza da vitória. O Amendoim e o Rodrigo Junqueira sentiram que eu ia ganhar e já iniciaram a descida da arquibancada para me cumprimentar lá na piscina. O Drico Mello permaneceu lá em cima tocando guitarra e torcendo junto com o resto do time. Dei a virada, e apesar da empolgação, como estava liderando, preferi manter o ritmo nos terceiros 50m, momento em que percebi certa pressão da raia 6 (LAM). Na última filipina, disse para mim mesmo “é agora!” (não, não é modo de dizer: eu realmente disse isso para mim mesmo) e disparei rumo ao título. Bati a mão, olhei para o placar e quase não acreditei. 2:27.61, eu era campeão brasileiro!
Eu evidentemente não sabia, e nem acreditaria se me dissessem isso naquele dia, mas foi essa a maior alegria da minha carreira. Se eu fosse escolher UM momento esportivo para reviver, seria precisamente este, uma sensação indescritível. Em junho eu não pegava medalha em Paulista, em dezembro era campeão brasileiro! Me beliscava para ver se não era um sonho, e não era. Ao som desta canção de Jean Michel Jarre, Mario Xavier comandou a cerimônia de premiação, que o Lelo tem em VHS mas até hoje não digitalizou. Reparem na foto como o Lelo era magricela, talvez por isso…”
Escrevi tudo que vai acima SEM VER o vídeo, cuja digitalização ficou pronta no mês passado, e agora é possível ver que cometi dois erros. Então gostaria de corrigir os erros e chamar a atenção para mais alguns detalhes que lá estão. Mas primeiro, o vídeo com a íntegra da prova (com etiquetas explicativas).
O filme da prova da minha vida.
Detalhes adicionais.
É importante dizer que o Alex Hermeto seria provavelmente imbatível nessa prova, porém sofreu um acidente de ônibus e não pode participar. Ele já comentou aqui no Epichurus que esse acidente mudou sua vida. (Aliás, os quatro principais metais da minha carreira têm relação com o Hermeto, mas isso é assunto para outro post.). E também lamento a falta de uma foto minha com o Nenê, meu técnico na ocasião, fica ao menos um abraço e um agradecimento aqui a ele por me dar essa alegria.
Por fim, gostaria de dividir com vocês o que mais me impressionou no vídeo: assistindo agora, eu esperava ver muito mais sorrisos em mim mesmo. Antes da prova é até normal, mas embora o pai do Lelo não tenha dado um close pós prova, eu pareço estar sisudo (ranzinza talvez?) até no pódium! Hoje, 25 anos depois, penso que o semblante devia ser produto da imensa tensão que a gente sentia. Mas depois da prova? Talvez por já estar tenso pelos 400 medley do dia seguinte? Sei lá. Ao menos TBs de 1992 e 1994 (sobretudo esse último) eu estava bem mais descontraído.
E aí está senhoras e senhores aquela que selecionada entre centenas e centenas de provas se constitui na melhor prova da minha vida (e que graças ao baú do João Guilherme Menezes está preservada).
Espero que tenham gostado. Perdi algum detalhe?
Boa Renatão, sobrou na prova…parabéns…eu fiquei nervoso hoje já sabendo do resultado, imagino vocês……agora explica a barra da calça levantada, foi estratégia para desestabilizar os adversários?
Sei lá essa da barra da calça levantada, ridículo isso aí. Agora, o nervosismo era imenso mesmo, incrível a gente ter sobrevivido!
Pescando Siri. 🙂 Parabéns Campeão!!!!
Hehe, abraço Cesar!
Caro Cordani,
A edição ficou sensacional. As etiquetas deram um toque especial. Parabéns pelo trabalho!
Já comentei sobre minha visão sobre o momento que vivíamos e minhas percepções sobre a prova no post da saga.
Agora, relembrar com o vídeo é diferente.
Achei sua vibração pós chegada efusiva, adequada e até acima da média do padrão que víamos dos outros vencedores na época. Não se culpe por não ter aproveitado momento tão nobre.
Incrível a evolução dos estilos, boa parte dos finalistas está afundada na água. Vicente já era notório na época, sobre os demais, a percepção mudou com o tempo.
Imagino sua alegria em resgatar essas imagens e perpetuar sua vitória nas nuvens da internet.
A Dora, Mabel e Rafa já viram?
Celebraremos isso com um brinde em nosso próximo encontro.
Abração,
Esmaga
Sim, a perpetuação é muito boa, eu sabia que o vídeo existia mas não tinha certeza que estava preservado. Quando digitalizamos os VHS, o primeiro que fui ver se estava íntegro era esse, e realmente fiquei muito contente ao ver que estava. Vou mostrar para as crianças à noite.
Concordo, Esmaga. Não achei o Renato sisudo, não. Aliás, já vi o Renato sisudo em váaaaarias ocasiões, mas acho que ele comemorou bem essa vitória aí.
muito bom
Valeu Dado, grande abraço.
Renatao que EXCELENTE!!!! Mais uma vez parabens! Tempos bons….
Bons tempos mesmo, Vicente, e o senhor para variar passou muito fraco, ainda bem! 🙂
Show !!! Ainda sonho muito com tudo isso. Abs
Bom te ver por aqui, Polenta. Grande abraço.
Boa Renato! Muita sorte sua que esta fita não tenha se perdido nesses anos todos… Especiais essas lembranças e sua memória da data ainda me impressiona!
Obviamente a parte que se refere ao mim e a qquer suposto desrespeito ao Lelo é uma grande calúnia!… Eu até acho que pode ter sido ele quem me ignorou pois estava concentrado e já na beira da piscina… Mas de qquer maneira estou agora meio temeroso que esta intriga cause celeumas de vingança na competição em Ribeirão Preto por exemplo…devo me prevenir?
Abraços pra todos e em especial pro Lelo (pra compensar)!
Munhoz, as imagens são muito fortes e não dá para esconder. Eu tentei, mas o que fazer, elas falam por si!
Sim, eu se fosse você temeria uma forte represália por parte do Lelo, isso se ele se dignar a trocar o videogame pelas piscinas, conforme prometeu no ano passado…
Ok… Só mais um comentário… Você tava com uma cara meio ranzinza hein?! 🙂
Renato, é tarde para lhe dar os parabéns? poderia ter dado no dia, mas a melhora de apenas 20 centésimos em um ano e o bronze num dia de vitória certa me deixaram “sisudo” também…
Assistindo vejo que vc realmente estava melhor que todos nós naquele dia
LAM, que virou os 150 na frente embora não apareça no filme…
Mas o senhor estava rindo ANTES da prova, correto?
E agradeça que acabou a piscina, mais uns centímetros e o Benasayag te tirava do pódium!
E quem grita “Vai Alfredooo” logo antes da saída, o Christiam?
pela voz acho q o Smaga
Lembro muito bem dessa prova. A torcida do Paineiras vibrou muito com essa conquista. Foi o highlight da competição.
Eu sempre suspeitei que o Munhoz não gostava do Lelo e agora não tem como ele negar isso. Espero que pelo menos agora ele pare de fingir que é amigo do cara.
Outro highlight foi a estadia na casa da Regina que se seguiu à competição, o Porps fez valer a prancha de surf que provocou a ira do Nenê.
Apesar de não ter vivido essa época, o vídeo me deixou com muitas sensações nostálgicas da minha época, seja pela voz do Mario Xavier, pela piscina do Julio de Lamare, por todos os oito finalistas executarem a “grab start”…
Além de deixar os parabéns ao Renato pelo post, muito bom como de costume, também gostaria de deixar os parabéns a todos os colaboradores do Epichurus, pois hoje um ano se completa do primeiro post neste blog! Que muitos venham pela frente!
Obrigado Daniel, o post de aniversário deverá vir na segunda feira (com um possível delay faístico bauruíba).
Uma coisa que era muito forte eram as palavras do MX: “aí estão os oito melhores nadadores do Brasil nessa prova”. Quem estava na prova se sentia orgulhoso, e quem estava fora queria entrar. Posso apostar que milhares de crianças ouviram essa frase e objetivaram pegar final um dia.
Uma outra coisa legal dessa final especificamente foi a distribuição dos times. ECP, MTC, CAP, CPM, CRF, CRVG, CC e CIR. Um de cada clube, quatro paulistas (sendo um de Santos), dois cariocas, um mineiro, um paranaense. Ficou bem na foto.
ABRAÇO NO PARQUE AQUÁTICO JULIO DE LAMARE NESTE SÁBADO CONVIDAMOS TODOS AQUELES CONTRA A DERRUBADA DO PARQUE AQUÁTICO JULIO DE LAMARE A COMPARECEM AO ATO PÚBLICO DE ABRAÇO NO COMPLEXO A SE REALIZAR NO PRÓPRIO LOCAL NESTE SÁBADO (18/5) ÀS 9h, COMPAREÇAM E DIVULGUEM AOS SEUS CONTATOS.
Boa sorte no evento, Djan. Abraços
Parabens mais uma vez! Esta gravacao me fez lembrar o MB deste mesmo ano, onde tambem tive meu primeiro ouro brasileiro, com a quebra do recorde nos 4×100 livre, vou tentar resgatar a fita com o “Cheiro”…
Voce pediu por detalhes…destaco no momento da largada: “oh, aaaaaagua”; os ambulantes no JD sempre presentes; outro: o LAM coloca a culpa no primeiro ano da faculdade…Eng.Mecanica, calculo1, fisica, etc. Por favor LAM era o ano mais tranquilo e estimulante do curso… abraco a todos!
Boa Saboia, mas esperar sair algo do baú do Cheiro, cê tá de brincadeira, né?
Essa da água foi phoda. O juiz pede silêncio para a partida, aí o cara da água aproveita para se fazer ouvir, que anta!
E o LAM, tsk, tsk, tsk. Eu estou com o filme do dia do “Sonho Olímpico“, mas não sei se ele merece vê-lo…
Não estava colocando a culpa, pelo contrário, em 87 a UFPR teve 100 dias de greve… dava prática ter treinado duplo direto 🏊
Sensacional os postits com os comentarios. Parabens!
Valeu Dudu.
Sensacional! Impressionante a minha cara de criança e corpo de etíope. Essa foi minha 1ª final de JD, estava nervoso e os 2’30 pela manha e a raia 3 na Final me deram a esperança de medalha. Passei forte como gostava de fazer. Travei na volta e o 2’29’99 me trouxe muita alegria por ter finalmente quebrado a emblemática barreira dos 2’30, mas fiquei um pouco desapontado com o 6º lugar. Em retrospecto acho que os 4 meses fora das piscinas (de Maio a Agosto) devido a cirurgia para colocar dois pinos de platina no tornozelo foram responsáveis pela semi-travada da volta. Quem sabe se 1987 fosse um ano típico não dava pra ter tirado o bronze do Faísca?
Já a sua prova foi perfeita do inicio ao fim. Esse ouro acho que ninguém te tirava mesmo!
Dava Lelo, claro que dava… Vc ganhou de mim logo depois no TB do Golfinho, não ganhou
Essa prova acho que tinha 8 esperanças de medalha. Dei sorte de você ter chances de pegá-la, pois por essa razão seu pai filmou!
Só vi hoje o post! Essa vida de trabalhadora está me matando! (brincadeira, estou feliz de sair da licença e voltar a trabalhar). Parabéns!!!
Recebi esses parabéns no dia da prova, um recado no hotel quando peguei a chave. Muito legal. Beijos, irmã.
Pingback: Retrospectiva de um ano de Epichurus | Epichurus
Pingback: 2014 é ano de Copa e de Epichurus às segundas. « Epichurus
Pingback: Com apenas 17 anos… | Epichurus
Pingback: Os resultados do JD-1987 (e um show do Edu) | Epichurus