EPICHURUS

Natação e cia.

A saga dos 200 Peito – parte I.

Voltando de uma looonga viagem epicurística, iniciei o ano de 1987 com 16 anos e muita vontade de treinar. O ano anterior não tinha sido nada bom, e eu havia me distanciado perigosamente das finais de brasileiro que obtivera em 1985. O que eu mais queria era voltar a estar entre os oito melhores nadadores do Brasil e ouvir a voz do Mario Xavier.

Logo em fevereiro, analisando os recordes paulistas JUV B, notei que o RP de 200 borbola em raia curta (2:10.9) estava um pouco defasado e que eu poderia tentá-lo. Fiz um plano com o Nenê (técnico) e Pancho (supervisor) e eles priorizaram os treinos para essa prova. Foi aí que fiz 2:10.78 no Paulista de Inverno no Internacional e obtive meu nome pré-anunciado pelo Mario Xavier, conforme anteriormente relatado aqui. Infelizmente, eu batera o recorde na penúltima série, e três nadadores (Oliveira, Mauriz e Grangeiro) me superaram na última, de forma que fiquei sem o recorde e sem medalha. Esse fato só é relevante a esta história pois a prova de 200 Peito era imediatamente antes dos 200 Borbola e justamente por causa do recorde que eu estava tentando bater, acabei não nadando os 200 peito nesse paulista.

Resulta que no Troféu José Finkel que seria duas semanas depois eu iria nadar apenas os 200 Peito e estava completamente sem parâmetro. Meu melhor tempo em longa era 2:35:68 do JD de Porto Alegre 1986 (13◦ lugar), mas era um tempo bem pior do que eu achava que podia fazer, pois em 1986 eu tinha treinado muito pouco.

A exemplo dos anos de 1984, 1986 e 1988, o Finkel de julho de 1987 foi no ECP (piscina longa), eu tinha feito o índice raspando, e estava balizado na primeira de três séries na raia 8. Nada tinha a perder, nadei forte e sem olhar para o lado. Fui com tudo até o final, fechando 100%, afinal, eu estava me sentindo muito bem, quem sabe eu não melhorava meu tempo e pegava uma finalzinha B? Cheguei, olhei para o Nenê e Pancho e não acreditei no que vi: 2:30.8! Melhorei quase cinco segundos de uma só tacada! Comemorei efusivamente ali na água mesmo. (Alguns anos depois Luiz Alfredo Mader – LAM – diria que essa comemoração fez com que os adversários – sobretudo os três do Curitibano, incluindo ele mesmo – desdenhassem das minhas chances de tarde, no que, aliás, tinham total razão). Bom, o meu tempo não apenas me garantiu “uma finalzinha B”, como me colocou na raia 4 da Final A!

Fui para casa descansar para a final, tentando não sonhar acordado, mas foi impossível. Não dormi um só minuto, eu só conseguia imaginar uma medalha, uma vitória, sei lá, devo até ter sonhado acordado com o recorde do Finkel (2:27.32)! Viagem total, mas a ingenuidade era até certo ponto natural para a primeira final de brasileiro absoluto e logo na raia 4! Na chegada para o aquecimento, ainda fui dar uma olhada nas medalhas que estavam expostas, sonhando com uma. Eu juro que tentei disfarçar, mas minha excitação devia estar na cara, pois na tradicional banqueta antes da prova o Vicente Pinho de Melo falou em tom de chacota “olha aí o favorito!”. Na prova final, física e emocionalmente exausto, ainda quase mantive o tempo da manhã, com 2:31.28, mas fui atropelado pelos concorrentes e amarguei um sétimo lugar.

Pela ordem de classificação na prova: 1 Alexandre Hermeto, 2 Newton Kaminski, 3 Renato Ramalho, 4 Vicente Pinho de Melo, 5 Edson Terra, 6 Luiz Alfredo Mader, 7 Renato Cordani e 8 Alexandre Mota.

O sétimo lugar “foi ruim mas foi bom”, considerando as expectativas. Animado com a colocação e com a entrada no rol dos nadadores finalistas brasileiros absolutos, treinei ainda mais forte no segundo semestre, desta vez focado nos 200 Peito, e cheguei ao Brasileiro Juv B (Troféu Julio de Lamare) de dezembro em ponto de bala. Os treinos foram quase todos em raia curta (pois a longa do CPM ainda não existia), cheguei a fazer 2:29 em tiro negativo, eu estava realmente voando. O Pancho adiou a viagem à Argentina segundo ele apenas para assistir a minha prova (e, de fato, ficou só no primeiro dia e foi embora). Como eu tinha treinado muito, o Nenê estipulou um polimento aumentado, o qual na ocasião me deu um certo medo, sanado quando chegamos ao Rio de Janeiro e caímos na piscina do Flamengo um dia antes da competição e eu me senti muito bem.

Rio de Janeiro, Maracanã, 17 de dezembro de 1987. Muito sol e calor. Eu estava balizado com o quarto tempo (terceiro, se considerarmos que o primeiro – Alex Hermeto – tinha sofrido um acidente e não nadou), atrás apenas de LAM e Vicente. Aqueci muito bem, e escaldado pelos fatos do Finkel, nadei uma eliminatória fácil, mas como estava voando melhorei meu tempo (fiz 2:29.58) e peguei raia 4 para a final. Ainda nadei os 200 Borbola a 90% (2:13), soltei na piscina de saltos e fui para o Hotel Copacabana Plaza almoçar e descansar. Desta vez, dormi que nem uma pedra, e tive o providencial cuidado de não pensar em nada. A experiência de julho já estava ajudando!

Antes da final eu estava deveras tenso, e logo depois da tradicional soltura naquela piscininha gelada coberta, o Pancho veio falar comigo e fez em tom informal uma declaração crucial, algo como: “Renato, é claro que você tem chances nessa prova. Entretanto, ela não será a última: se você não for bem nessa, haverá inúmeras outras oportunidades!”. Aparentemente inocente, em uma revisão posterior considerei esse comentário muito inteligente, pois tirou boa parte da pressão que eu estava sentindo, e se no futuro eu nunca mais tivesse tantas chances (e pensando bem não tive mesmo!), a culpa certamente não recairia sobre o comentário.

Já faz quase 25 anos, mas lembro perfeitamente dos detalhes da prova final. Mesmo sem forçar muito, senti que estava na liderança logo nas primeiras braçadas.  Eu tinha muita confiança na minha volta, portanto passar na frente nem era necessário, mas ao ver que estava liderando nos 50 e depois na passagem dos 100 tive quase a certeza da vitória. O Amendoim e o Rodrigo Junqueira sentiram que eu ia ganhar e já iniciaram a descida da arquibancada para me cumprimentar lá na piscina. O Drico Mello permaneceu lá em cima tocando guitarra e torcendo junto com o resto do time. Dei a virada, e apesar da empolgação, como estava liderando, preferi manter o ritmo nos terceiros 50m, momento em que percebi certa pressão da raia 6 (LAM). Na última filipina, disse para mim mesmo “é agora!” (não, não é modo de dizer: eu realmente disse isso para mim mesmo) e disparei rumo ao título. Bati a mão, olhei para o placar e quase não acreditei. 2:27.61, eu era campeão brasileiro!

Foto do pódium e placar. Só faltou a voz do Mário Xavier e a música do Jarre.

Eu evidentemente não sabia, e nem acreditaria se me dissessem isso naquele dia, mas foi essa a maior alegria da minha carreira. Se eu fosse escolher UM momento esportivo para reviver, seria precisamente este, uma sensação indescritível. Em junho eu não pegava medalha em Paulista, em dezembro era campeão brasileiro! Me beliscava para ver se não era um sonho, e não era. Ao som desta canção de Jean Michel Jarre, Mario Xavier comandou a cerimônia de premiação, que o Lelo tem em VHS mas até hoje não digitalizou. Reparem na foto como o Lelo era magricela, talvez por isso…

Em janeiro 1988 ainda fiz vestibular para geofísica enquanto treinava para o Troféu Brasil e caía de bicicleta, queda essa que me rendeu uma Benzetacil e vários dias sem treinar. Não sei se é fato ou boato, mas na época “tomar antibiótico” era tido como bastante prejudicial à performance. Apesar da dolorosa, ainda nadei um Troféu Brasil decente no Clube do Golfinho em Curitiba, ficando em sétimo nos 100 peito, oitavo nos 400 medley e quarto nos 200 peito (1- Torteli 2:27.83 2- Hermeto 2:28.17 3- Malburg 2:28.53 4- Cordani 2:29.41).

Opa, espera só um minuto, quarto lugar no TB? Atenção, notem bem essa colocação: um quarto lugar é chato? É ruim? Esperem pelos próximos capítulos (parte II aqui) e entendam por que meus amigos repetem tanto:

“Renato, a vida não é um 200 peito!”…

Sobre rcordani

Palmeirense, geofísico, ex diretor da CBDA e nadador peba.

69 comentários em “A saga dos 200 Peito – parte I.

  1. Anônimo
    27 de setembro de 2012

    Sensacional !
    Parabéns pela trajetória vitoriosa.

    • rcordani
      27 de setembro de 2012

      Obrigado Carlos. A trajetória começa vitoriosa mas vai piorando… acompanhe e verás!

  2. Rodrigo Munhoz
    27 de setembro de 2012

    Boa Renato. O que eu acho mais fascinate é que cada um naquela final (e todas outras) do TB devem ter histórias similarmente interessantes, de um ponto de vista complementar. Claro que poucos tem a memória disponível do Cordani, mas seria interessante ouvir mais dessas, complemtanto o mosaico daquele dia. abraços!

    • rcordani
      27 de setembro de 2012

      De fato. Outro dia estava conversando com o Cacá, e dizia exatamente isso. Se você pegar o vídeo da prova do Ibirapuera por exemplo (que aparecerá na parte III), deve ter ao menos uns cinco ali que estavam em busca do ouro. Depois que a gente sabe o resultado, parece que a colocação já era conhecida antes, mas isso é falso! Não sei se me fiz entender…

      • Fernando Cunha Magalhães
        28 de setembro de 2012

        Tenho considerações a fazer sobre a prova do Ibirapuera. Aguardarei a parte III.

  3. Marina Cordani
    27 de setembro de 2012

    Não tenho muita certeza, porque a memória falha, mas acho que naquele dia eu estava em São Paulo. Acho que em uma pizzaria, mas o esquisito é que eu lembro de ter recebido a notícia por telefone, e naquela época não havia celular. Meus pais estavam no Rio, assistindo, eu acho, mas eu não, pena…Mas senti orgulho no telefone também! Parabéns de novo!

    • rcordani
      27 de setembro de 2012

      Marina, nesse dia ao chegar no Hotel de noite, o Amendoim pegou a chave do nosso quarto e tinha um recado seu, que foi transcrito pela recepção assim: “Parabéns você merece”. Foi muito bacana ter recebido esse recado! Se fosse hoje, seria pelo celular!

  4. Anna Paula Fumis Campos
    27 de setembro de 2012

    História muito legal! Prá quem nadou, dá prá sentir cada sentimento seu! Agora me diz: como você pode lembrar de cada detalhe de UMA prova de UM Campeonato, inclusive com o que as pessoas falaram?!?!?!? Invejável memória! Impressionante, mesmo sendo esse um momento tão especial prá você.

    • rcordani
      27 de setembro de 2012

      Tulipa, eu não sei por que eu me lembro, deve ser porque eu me interessava muito pelo assunto, sei lá. Outra coisa é que já vi o vídeo dessa prova, o pai do Lelo filmou, porém o mesmo deve estar apodrecendo hoje em dia no armário do Lelo. Mas nem vem, a sra mesmo comentou no “1989 – o Finkel que não terminou”, dizendo que se lembrava bem da ocasião!

      • Fernando Cunha Magalhães
        28 de setembro de 2012

        Invada a casa do Lelo no próximo PN e confisque o video.

  5. Lelo Menezes
    27 de setembro de 2012

    Eu fiquei felicíssimo com o 2’29″99 nesse JD embora tenha ficado meio decepcionado com o 6º lugar. (Nadei a final na raia 3 se nao me falha a memória). Em 02/05/87 eu quebrei a perna em vários lugares e fiquei quase 5 meses sem entrar numa piscina, além dos dois pinos de platina que tenho até hoje! Minha primeira competição pós acidente foi um 2’38 (curta) o que me deu certa depressão e duvida se voltaria a nadar num nível competitivo. Esse 2’29 foi a prova que sim! Se mesmo com tudo isso eu quebrara a barreira dos 2’30 no meu 1º ano de Juv.B, o ano de 88 seria glorioso! E de fato o foi, culminando com um ouro no JD nessa mesma prova e convocação pra minha primeira seleção brasileira – o memorável sulamericano juvenil de Rosário em 89! Sensacional essa saga!

    • rcordani
      27 de setembro de 2012

      Lelo, o Sr. é Peba e fanfarrão, inclusive será seriamente acusado de ter escondido o jogo na parte III. Aguarde!

  6. Luiz Carlos Miguita Jr.
    27 de setembro de 2012

    Este belo texto me trouxe boas lembranças, neste dia fiquei em terceiro nos 200m peito juv A, muito bom. Aguardo ansiosamente a parte II.
    Abraços, Miguita

    • rcordani
      27 de setembro de 2012

      Miguita, exato, naquela prova o ouro foi para o João Fernando Lourenço de Almeida (que nunca mais repetiria o tempo daquele dia) e a prata ficou com o Munhoz.

      Munhoz esse que levou quatro pratas nesse JD, culpa do JFLA e do Maurício Franco Goulart da Cunha.

      Realmente, seu nome consta da parte II.

      • Rodrigo Munhoz
        28 de setembro de 2012

        Ah! Lembrei melhor dessa competição agora! Putz… 4 “segundos lugares” foi bom mas foi ruim, né? Qualquer dia conto minhas lembranças dessas provas…

    • rcordani
      28 de setembro de 2012

      Munhoz, estamos no aguardo das suas histórias.

      • Fernando Cunha Magalhães
        28 de setembro de 2012

        Lembro perfeitamente da prova do Louva-Deus, das pratas do Munhoz e especialmente das pratas do Mauricio Cunha nos 200 e 100 borbo por 1 e 2 centésimos, respectivamente, perdendo para o Piccinini (2.07.66 x 2.07.67 e 57.44 x 57.46)

  7. Alvaro Pires
    27 de setembro de 2012

    Grande Renato, interessante o relato. De fora ninguem consegue enxergar o q ha por tras de uma conquista, principalmente quem nunca foi atleta. Os dilemas, frustracoes e acertos nossos e das pessoas q nos cercam, como tecnico(s) e familia principalmente. O Veirano eh um dos meus melhores amigos e companheiro de jogos do Flusao ateh hj (apesar dele morar em SP) e o Renato (Alves) era muito amigo tb (nao vejo ha 20 anos, acho eu). Qq dia pergunto ao Veirano sobre as lembrancas dele dessa prova.
    gr ab

    • rcordani
      27 de setembro de 2012

      Vreco, convide-os para cá.

      O Renalves (como o chamávamos) aparecerá (infelizmente) nas partes II e IV. Já o Veirano parou de nadar logo e só ouço falar pelo nome famoso no meio jurídico.

      • Fernando Cunha Magalhães
        28 de setembro de 2012

        Não me lembro em qual ano e prova, mas lembro do Renato Alves debaixo da arquibanca do JD pedindo pra alguém passar um agasalho do clube pois ele não imaginava que tivesse chances de subir ao pódium e beliscou um metal.

      • rcordani
        28 de setembro de 2012

        Certeza que foi fev 1989. Renato Cavalcanti Alves tem dois bronzes, mas o segundo deles (dez 1990) não foi surpresa, além do que nesse último os oito perfilavam no pódium, portanto só pode ser fev 1989.

      • LAM
        28 de setembro de 2012

        Veirano Advogados é o Roberto? Tem dois advogados deste escritório fazendo curso comigo, amanhã vou perguntar…

      • Alvaro Pires
        29 de setembro de 2012

        Quem trabalha no escritorio eh o filho mais velho Ricardo Veirano q nadava fundo. O Roberto Veirano eh economista e trabalha em banco em SP. Tentei falar c o Roberto estes dias p q ele pudesse se manisfestar sobre esta tao falada final e nao consegui.
        Agora o Esmaga lembrar do Renato pedindo agasalho p o podium foi phoooooddddaaaa ! Eu fiquei em 8o na final dos 100L nesse mesmo JD no 1o ano meu de Juv B. Serah q o Esmaga sabe qto eu fiz ? Eu me lembro mais ou menos. Provavelmente isso ele nao sabe.
        haha

      • rcordani
        29 de setembro de 2012

        Vreco, esse resultado eu tenho:
        Brasileiro 100 Livre Juv B 17/12/1987
        1- JR 53.35
        2- FCM 53.42
        3- Castor 53.83
        4- E. de Poli 54.04
        5- Manu 54.13
        6- Paulo Jinkings 54.25
        7- Helio Magalhães Filho 54.42
        8- Vreco 54.58

      • Roberto Veirano
        7 de outubro de 2012

        Caro Renato,
        Foi um prazer ler a saga dos 200m peito. O Vreco me falou do blog, e quem sabe um dia desses nós 3 nos encontramos para conversar das nossas memórias desses já distantes anos 80. Ele também lembra de detalhes que até Deus duvida sobre a natação desta época.
        Essa competição foi a última que nadei (relativamente) bem – várias contusões abreviaram minha carreira, apesar de eu ter tentado nadar até o TB de 1991. Pode acreditar que me identifico totalmente com essa turma que sofria para fazer um tempo ‘mais ou menos’ nos 100m peito. Um abraço,

      • rcordani
        7 de outubro de 2012

        Olá Roberto, muito bom te ver por aqui. A primeira lembrança que eu tenho do seu nome é do ranking brasileiro JUV A de 1984, você estava em primeiro com 2:34 naquele ano, só que no JD de Juiz de Fora os cariocas não foram bem nos 200P e o Felipe Michelena acabou ganhando! Eu mesmo fiquei em 11 naquela interminável prova de 10 séries. Grande abraço!

  8. LAM
    27 de setembro de 2012

    Ai ai ai… esta saga começou pela minha segunda maior decepção da carreira natatória… será que vou conseguir melhorar um pouco nos próximos capítulos? apareceu um alienígena no Finkel, chega no final do ano e acabo perdendo justo dele!!!
    Como o Formigão havia caído com ônibus e tudo de uma ponte, a disputa (na minha cabeça) era só contra o Vicente… mas…
    Parabéns R. talvez com estes textos o Fralda, que nem crawl sabe nadar mais, aprenda um pouco sobre a vida.

    • rcordani
      28 de setembro de 2012

      Espera só um minuto: SEGUNDA maior decepção? E qual terá sido a primeira?

      E alienígena por alienígena, o João Fernando foi mais.

      Por fim, conte detalhes sobre a reação dos curitibanos à minha comemoração de manhã.

      • Fernando Cunha Magalhães
        28 de setembro de 2012

        Eu que acompanhei a absurda evolução que o LAM teve nos treinamentos em 87, ganho de massa, dedicação total, desempenho absurdo nos testes do Mazza algumas semanas antes e posso dizer: toda a equipe do CC tinha certeza absoluta de que ele melhoria muuuuuito o 2.29.16 (até porque tem um detalhe impublicável sobre esse 2.29.16 que o Christian e eu tivemos certeza que lá em POA mesmo ele poderia ter feito menos) que lhe rendera o bronze um ano antes em POA.

        Minha expectativa era de vários segundos de melhora. O ouro pra mim era certo. E realmente acreditava que ele bateria o recorde do Cícero.

        O resultado foi muito frustrante. Nem no pior dos cenários poderíamos imaginar 2.28.93, mas aconteceu. Hoje ele deve se orgulhar da prata no JD.

        Detalhe que nesse mesmo dia, Tico Mico deu um show – 2.08.99 – e ficou com a prata nos 200 Bo, só perdendo do grandioso Eduardo de Poli.

        E eu, com os dedos lanhados 4 dias após a queda da escada, de costas no chão, enquanto pendurava luzes de natal em casa. Fiquei em 2o nos 100 livre – 7 centésimos atrás do JR (53.35 x 53.42). A medida da frustração foi semelhante a do LAM, já que eu tinha feito 53.26 no Finkel, tinha treinado muito melhor e meu objetivo era quebrar o recorde do Cústodio – 52.85.

        Foi uma tarde-noite prateada para a equipe Juv B do CC.

      • rcordani
        28 de setembro de 2012

        Correção – não foi uma tarde-noite totalmente prateada, o LAM foi bronze.

        Quanto a treinar mais resultar em melhora, isso não é sempre verdade. Um fator que prejudica a performance é a pressão adicional que o treino proporciona, taí um bom assunto para um post futuro!

    • Alexandre Hermeto
      28 de setembro de 2012

      Mader, conheço o Formigão que caiu com um ônibus da ponte!!! Foi por causa deste acidente que um ano depois vim treinar aqui (Flórida). Na época o plano era de passar 4 meses que depois viraram 24 anos. Esse foi o ano do Pan em Indianapolis que junto com o acidente mudaram o meu futuro…. Abraço a todos..

      • rcordani
        28 de setembro de 2012

        Opa, um dia você conta esses detalhes para nós, fechado? Aguarde que você aparece bastante nas partes II, III e IV. E graças a deus não apareceu na parte V – hahaha.

  9. Fernando Cunha Magalhães
    28 de setembro de 2012

    Quanto ao episódio da eliminatória do Finkel, é vero.

    Como visto, tínhamos 3 atletas na prova e estávamos super atentos às eliminatórias.
    Na época fazíamos bolão um dia antes da competição apostando nos 3 primeiros de cada prova: ninguém conhecia Renato Cordani e ao ver aquele sujeito disparar nos perguntávamos: mas quem é o tal? … situação absolutamente incomum em competições deste nível na natação.

    Durante a arrancada o clima era de preocupação total e confirmo com todas as letras: a efusiva comemoração dos 2.30.8 foi tratada como um alívio geral, tipo “fez o que tinha que fazer e a tarde é carta fora do baralho”.

    • rcordani
      28 de setembro de 2012

      Esmaga, tenho certeza que o sr. está escrevendo um post detalhado para nós sobre alguma prova sua ou, no mínimo, pensando nele!

  10. Pedro Costa
    28 de setembro de 2012

    Grande Renato Cordani! Que belo texto! Parabéns! Fico duplamente feliz!
    Sabe, logo que saiu o texto, o Rodrigo Munhoz pôs o link no Facebook e vim lê-lo. E que legal ler! Que retrato bacana da carreira, de um momento da vida! Na hora, já meio com sono, deixei para colocar um comentário depois.
    Hoje voltei, reli e só então fui ler o “preâmbulo”. E aí vejo lá meu nome! Puxa, que legal e que orgulho sinto em poder contribuir para sua inspiração! Fico realmente muito feliz! É admirável o quanto o esporte pode nos trazer de coisas boas!
    Sabe, algumas vezes o Orselli (hoje super bem sucedido nadador master) meu técnico, depois do treino me chamava para “uns 3 tirinhos” (progressivos) de 200 peito (que na verdade eram de 198, em 9 piscinas de 22m). Em alguns momentos lá pela 6ª ou 7ª piscina, imaginando o pessoal no chuveiro quente, eu me perguntei: “o que é que eu estou fazendo aqui?”
    Como nadador, creio que eu poderia ter dado mais repostas a essa pergunta nas piscinas, no momento da “última filipina”. Como pessoa, mesmo depois de 20, 25 anos vejo a vida me trazendo essas respostas, como se aquele moleque tivesse deixado alguns pequenos tesouros numa “caixa do tempo”, que vou resgatando agora! Momentos legais como este são como estes pequenos tesouros.
    Creio que a natação (e o esporte) nos deixa um legado físico, social e de valores que valem tanto quanto as medalhas! E por falar em medalha, amanhã tem competição master! Quem sabe não belisco um bronze?
    Grande Abraço!

    • rcordani
      29 de setembro de 2012

      Opa, obrigado Pedro. Caixa do tempo é um termo preciso. Em 1988 fui para o JUBs com o Melão, você é de Araraquara?

      • Pedro Costa
        3 de outubro de 2012

        Sou de Araraquara sim! O Melão (Orselli Jr.) é um pouco mais velho, mas treinamos juntos! Ele era uma referência de nadador “caxias”. E o Orselli “Sr” era o técnico…
        Aliás, uns 4 anos atras o orselli me mandou essa “preciosidade” (espero que o link saia):

        Abraços!

  11. Amendoim
    30 de setembro de 2012

    Show!!! Dessa prova me lembro bem, estavamos na arquibancada torcendo muito e ao ver sua passagem, um corpo na frente dos outros, e sabendo como vc havia treinado não tive dúvidas de chamar o “Abid” para esperar vc sair da piscina como campeão brasileiro, simplesmente SENSACIONAL!

  12. Fernando Cunha Magalhães
    30 de setembro de 2012

    Cordani, faltou em meus comentários frisar que sua vitória foi espetacular.
    Legal o Mineiro aparecer por aqui.
    Abraços.

  13. Maviael Sampaio
    30 de setembro de 2012

    Legal de ler essa história.
    Particularmente, eu acho os 200 peito a prova NOBRE da natação mundial… Hehehehe
    Mas mesmo assim, a vida não é um 200 peito.
    Um abraço.

    • rcordani
      1 de outubro de 2012

      Exato Mavi, e digo mais. NOBRE mesmo é aquele atleta de 200 Peito típico, aquele que tem dificuldade de nadar os 100 Peito!

      Maviael que se não me engano tem 2:24.7 no Pan de Caracas 1983, correto?

      • Maviael Sampaio
        1 de outubro de 2012

        Correto. 1:08:0 como melhor tempo e fazendo uma força miserável nos 100, e 1:09:7 de passagem pros 200, só alongando…. Hahahahaha

    • Vicente
      7 de julho de 2014

      A prova alem de nobre é doidaaaaa….

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  16. Rodrigo Junqueira
    6 de outubro de 2012

    Grande Renato, lendo o seu relato passou o filme aqui ainda mais quando li o comentário do Amendoim…realmente vimos que você ganharia. Foi uma grande emoção ver nosso amigo ser campeão brasileiro, o que era raridade em nossa equipe aquela época.

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  19. Vicente
    11 de outubro de 2012

    Cordani, o maximo! Onde voce conseguiu as imagens… que epoca excelente!!!

    • rcordani
      11 de outubro de 2012

      Opa, com o Vicente já reuni aqui 5 desta final (Vicente, LAM, Veirano, Lelo e eu). A imagem do JD eu comprei no dia e sempre soube que tinha, já a do Finkel achei outro dia em meio à bagunça das fotos antigas. Grande abraço

  20. Vicente
    14 de outubro de 2012

    Grande abraco para voce tambem!!! Vamos reunir todos os participantes daquela final de cair na agua novamente!!! Relembrar e viver!!!

    • Fernando Cunha Magalhães
      14 de outubro de 2012

      Oooopa… agora sim: gostei dessa Vicente.
      Ribeirão 2013.

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Publicado às 27 de setembro de 2012 por em Natação, Saga dos 200 Peito e marcado , , , , .
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