EPICHURUS

Natação e cia.

A Natação Pode Virar o Iatismo?

“Não posso deixar de agradecer a minha equipe multidisciplinar que faz parte de todas as minhas conquistas: A nutricionista Marcella Amar, o nosso fisiologista José Blanco Herrera, meu fisioterapeuta Alexander Rehder, a massoterapeuta Ana Valbueno e meu assessor Sergio Terrin Estevez Luci.”

As palavras acima são parte da declaração de Poliana Okimoto, feita em Dezembro de 2013, em agradecimento ao premio Brasil Olímpico, que ela merecidamente conquistou.

poliana

Praticamente 20 anos antes eu me sagrava campeão do Troféu Brasil na prova dos 200m peito, em Janeiro de 1994.

Algum tempo apos o pódio fui abordado por uma repórter da Radio Resende que me pediu uma entrevista.  O pedido me pegou de surpresa, ate porque naquela época não havia muito interesse da mídia em natação, mas como sou um ser humano bastante educado… e cá entre nos a repórter era bem gatinha… concedi a entrevista ali mesmo, ao lado do tanque de saltos do complexo Júlio Delamare no Rio de Janeiro.

Não lembro de todas as perguntas, mas uma delas me marcou porque gaguejei ao responder.  Ela perguntou a quem eu dedicava a vitoria. Bom, eu não tinha uma resposta de bate-pronto e obviamente não tinha nutricionista, não tinha fisiologista, não tinha fisioterapeuta, não tinha massoterapeuta e muito menos assessor.  Pra não passar vergonha com a gatinha me agarrei ao clichê dos clichês e agradeci o suporte dos meus pais e a dedicação do meu técnico.  Não tive a cara de pau de agradecer “primeiro a Deus” já que nunca fui religioso.  Se tivesse a cabeça de hoje teria agradecido ao feijão, arroz e bife, que foi a base da minha alimentação durante os anos de atleta e ao pouco talento que a genética me deu.

De qualquer maneira, independente da minha resposta, a declaração da Poliana mostra o quanto a natação evoluiu nessas duas décadas.

Esse profissionalismo todo que surgiu no século XXI mudou o patamar da natação brasileira.  Hoje não dependemos apenas de 1 ou 2 talentos extraordinários, mas temos uma seleção, pelo menos a masculina, com potencial de ter finalistas olímpicos em todas as provas, com exceção das provas de fundo (o atual calcanhar de Aquiles da natação brasileira cuja analise ficará para outro post) e uma equipe de águas abertas entre as melhores do mundo.  No entanto esse novo patamar não veio sem cobrar um alto preço.  Por um lado os principais clubes brasileiros estão com uma estrutura de primeiro mundo, nossos nadadores de ponta são muito bem remunerados e por isso conseguem se dedicar integralmente ao esporte, mas por outro temos uma enxurrada de casos de doping que colocaram o Brasil nas manchetes mundiais, como foi com a China na década de 90.

Mas esse progresso todo tem um outro agravante.  Além de uma estrutura de ponta, de altos salários, de nutricionista, de fisiologista, de fisioterapeuta, de massoterapeuta e de assessor, todos os grandes nadadores hoje são obrigados, para se manterem competitivos, a tomarem os mil suplementos “vitamináticos” que exige o nosso esporte.

Quanto custa tudo isso?  Quanta grana os pais tem que desembolsar hoje em dia ate que seu filho(a) atinja o patamar onde o clube ou o patrocinador cubra parte desses custos? 

Quando eu era moleque o Luso Brasileiro de Bauru, o Tênis Clube de Campinas, a Recreativa de Ribeirão Preto, o Nosso Clube de Limeira, o Iara Clube de Marília, o Clube de Campo de Piracicaba, o Automóvel Clube e o Palestra de Rio Preto, o Internacional, o Santa Cecília e o Saldanha de Santos, o Vila Souza do Guarujá além de tantos outros, eram formadores de campeões.  E isso só no Estado de São Paulo, sem contar as equipes da capital como o Paulistano, o Paineiras e o Espéria.  Hoje só ouço do Pinheiros e do Corinthians.   Tenho certeza que esse fenômeno acontece no resto do Brasil.  Cadê o Gama Filho, o Botafogo, O Tijuca, o Golfinho, o Praia Tênis Clube, o Olímpico da Bahia?

A pergunta que não quer calar é essa:  A natação esta se tornando, aos poucos, um esporte de elite, como o iatismo, o golfe e o hipismo? 

31 comentários em “A Natação Pode Virar o Iatismo?

  1. Aécio
    3 de fevereiro de 2014

    Oi Lelo, como frequentador diário da piscina do Tênis Clube de Campinas, e ex-Delegado da FAP para a Segunda região de São Paulo, pude observar que a cada ano Corinthians e Pinheiros, para falar só dos dois maiores, fazem um verdadeiro arrastão pelo interior do estado, levando TODOS os nadadores que tem algum resultado.
    Antigamente eles iam embora um pouco mais velhos, mas agora já estão levando até alguns infantis.

    E eles vão com apoio dos pais que, claro, querem o melhor para os filhos, pois a estrutura para treinar é melhor, tem escola boa para estudar e ainda recebem um salariozinho para ajudar.

    Então, o que acontecia antigamente continua acontecendo: Os clubes do interior continuam formando atletas. Formam quase todos, mas os resultados deles só aparecem nos grandes campeonatos depois de devidamente contratados. A profissionalização acontece cada vez mais cedo!

    Em tempo, é verdade também que muitas vezes são os pais que procuram os grandes clubes….

    • Lelo Menezes
      4 de fevereiro de 2014

      Bom ponto Aécio. O atrativo de ir para o clube grande deve começar bem cedo. Em São Paulo tem o ECP, em Minas o MTC, no Rio o Flamengo e assim por diante nos estados do Sul/Sudeste. O problema acho que se agrava no resto do país onde essa alternativa deve ser bastante inviável.

      abs

  2. Oscar Godoi
    3 de fevereiro de 2014

    Lelo, grande ponto de reflexao, e claro ao mencionar Palestra e Automovel de Rio Preto voce entrou no Hall of Fame of blogers. Hoje os clubes do interior, posso falar por Rio Preto e Aracatuba estao sem estrutura de formacao de atletas, perderam muitos associados e o modelo de servico e um modelo que nao pode competir com condominios, academias e escolas especializadas e isto leva aos clubes cortarem seus recursos e servicos, o que leva a um declino no numero de pessoas envolvidas com as atividades do clube. Como voce friso o custo de um atleta de natacao esta cada vez mais alto e o modelo atual de clubes e de como eles estao acostumados a sobreviver e um modelo que precisa ser revisto.

    Grande abraco

    • Lelo Menezes
      4 de fevereiro de 2014

      Boa Oscar! Como eu esqueceria de Rio Preto, que além de você, nos deu o famoso Homem do Bambu…o nobre Hawilla! rsrsrs! Agora, na minha época de moleque mesmo, o Palestra fazia sucesso pelas bonitas moças de lá. Depois de um tempo o Palestra sumiu. Acho que as moças migraram para os grandes clubes.

      abraços

  3. Felipe Casas
    3 de fevereiro de 2014

    Parabens pelo blog de vcs!
    Meu comentário, não tem, necessariamente, a ver com o post…
    Me tornei um frequentador assíduo do blog! Devo ter lido todos os posts e todos os comentários!
    Como um nadador “frustrado”, me apeguei as passagens e relatos de todos aqui, como algo pra completar a minha vida. Soa como algo triste ou coisa do tipo mas não é! claro, seria hipocrisia dizer que não sinto uma certa “inveja” mas é uma inveja boa, se é que existe. Infelizmente, na minha vida nunca levei as coisas mto a serio. E isso me causa um grande arrependimento!
    Hj, com 30 anos, vejo que é impossível recuperar o tempo perdido e conquistar tudo aquilo que vcs conquistaram… não digo vitorias ou carreiras, e sim algo que ficou pra vida toda de cada um!
    Parabéns a todos!

    abração

    • Lelo Menezes
      4 de fevereiro de 2014

      Valeu Felipe! Recuperar o tempo perdido é difícil mesmo, mas pra você tem sempre a alternativa da natação Master que é bem competitiva e vive crescendo. Alguns escritores nossos, bem PEBAs por sinal, levam muito a sério a natação Master.

      abs

  4. rcordani
    3 de fevereiro de 2014

    Tá realmente caro ser um atleta hoje em dia, e isso explica muita coisa. Outro dia um chegado meu que ainda trabalha com natação disse que gasta-se algo em torno de R$ 1000 / mês só com suplementos!

    Dureza…

    • Lelo Menezes
      4 de fevereiro de 2014

      Boa R. R$ 1000 de suplementos + sunga cara + nutricionista + fisiologista + todo o resto = caro pra casseta!

  5. Rodrigo Bardi
    3 de fevereiro de 2014

    Realmente, vejo a a Natação nos últimos 20 anos com um efeito oposto entre o “Atleta de Alto nível” Vs a “Modalidade”.
    – O Atleta realmente precisa de cada vez mais investimento próprio da parte financeira até chegar a um patamar em que o mesmo seja financiado e patrocinado, mas até chegar neste ponto do A para o ponto B , a briga é longa e feia, há altos custos.
    – Comparar os eventos de Natação dos anos 90 com os de hoje você vê cada vez menos Eventos formativos e de Qualidade como eram: Mesbla/Pernambucanas/ Kibon/ Bob’s e Projeto Nadar.

    Hoje primeiro você precisa ser alguém e depois o apoio vem ! E neste ser alguém entra uma séries de custos altos investimentos que de um lado negativo começaram a série de casos de Doping da Nat Brasileira e de forma constante e até com nadadores mais jovens como o do garoto de categorias Infanto-Juvenil como apareceu recentemente na Natação Paulista. Ou Seja nesta corrida está valendo “tudo”
    Médicos , “Suplementos para Astronautas”, uma espécie de Evolução das Espécies….e o cirtério é quem
    tem um aporte financeiro sai na frente nesta corrida …seja você como nadador ou entidades como Clubes e Agremiações.

    Nosso Alto Nível está lindo ! Mas nossa Base…..está muito centralizada em poucos Clubes.

    • Lelo Menezes
      4 de fevereiro de 2014

      Boa Rodrigo! O patrocínio sempre veio depois de “mostrar resultado”. A diferença é saber se hoje é possível esperar o resultado chegar sem gastar uma fortuna. Aparentemente não, o que é uma pena.

  6. Marina Cordani
    3 de fevereiro de 2014

    Acho que qualquer esporte olímpico hoje em dia é assim, não só o Iatismo, Natação, tênis, etc. Ainda bem que sou de outra época!

    • Lelo Menezes
      4 de fevereiro de 2014

      O pior é que a realidade pode ser essa mesma, taí porque a gente cansa de ver atletas chorando pitangas por mais verbas na TV.

  7. Fernando Cunha Magalhães
    3 de fevereiro de 2014

    Mais uma oportunidade de celebrar os grandes feitos da Poliana.
    Que bom que ela tem acesso a isso tudo.

    R$ 1mil em suplementos por mês? É muita grana.
    Logo, acho que sim.

    • Lelo Menezes
      4 de fevereiro de 2014

      mil só de suplementos, mas tem muito mais custo que isso! Imagina o custo pra quem tem dois ou três filhos nadadores.

  8. Rodrigo Munhoz
    4 de fevereiro de 2014

    Oi Lelo! Acho excelente essa discussão e o questionamento. Mas, sem querer parecer muito cinico, acho que já era… Ou como diria um familiar próximo… “o esporte em geral é coisa de pequeno burguês” – eu costumava ficar p… da cara com essa afirmação, mas hoje até entendo de onde vinha essa idéia… abrtz!

    • Lelo Menezes
      4 de fevereiro de 2014

      É possível meu caro Munhoz! Money makes the world go around!

  9. Rogério Aoki Romero (@rogeromero)
    4 de fevereiro de 2014

    Lelo, boa provocação, mas eu tenho uma opinião um pouco divergente. Primeiro, não acho que o investimento nas categorias de base deva ser milionário. Até seus 12-14 anos, no meu entendimento, o que vale é uma boa formação das técnicas, tentando preservar os possíveis talentos para voos mais altos e criar um ambiente legal para aqueles que serão, com o perdão da palavra, Pebas. Para isso, não precisamos de treinamento em altitude, maiôs importados da Lua, suplementos a base de tartaruga (lembram?) ou um ônibus cheio de profissionais indo atrás do campeonato regional infantil. Um bom técnico e o suporte da família bastam para 95% destes casos.
    Segundo, se o atleta realmente tiver talento, felizmente hoje temos condições para um desenvolvimento pleno, principalmente nos poucos clubes mais estruturados. Leis de incentivo, bolsas atletas, salários de clubes, patrocínios juntam-se a mais competições internacionais. Para estes, a vida ficou mais cara, mas mais promissora. Ao menos até 2016…
    Abraço.

    • Lelo Menezes
      4 de fevereiro de 2014

      Bons pontos Piu, e de um modo geral eu concordo contigo. O meu contraponto é somente que isso possa ser um pouco utópico na prática. Explico: O garoto de 12-14 anos não precisa de fato dos suplementos, ou da sunga mais cara do mundo, mas ele vê os mais velhos e ídolos tomando 500 vitaminas por dia e usando a sunga de 1000 dólares e quer fazer o mesmo, o que é natural. Mas pior que isso, ele vê o amigo da raia da mesma idade tomando as mil gororobas porque os país desse garoto tem grana e se desmotiva por não ter dinheiro pra fazer o mesmo. Essa frustração pode acabar influenciando na futura carreira desse garoto e isso pode estar acontecendo em vários centros de treinamento por esse Brasil a fora, embora eu torça por estar errado!

      abraços

      • Rogério Aoki Romero (@rogeromero)
        4 de fevereiro de 2014

        Pois é, Lelo. Aí que entra o papel de um bom treinador. A gororoba pode, no máximo, flutuar, mas não nada sozinha. E, convenhamos, flutuar na água tem um monte de coisa estranha que consegue…

        Abraço

  10. Rodrigo G
    4 de fevereiro de 2014

    Acho que a natação sempre foi elitista, talvez hoje esteja ainda mais, mas sempre foi. Quantos podiam dar-se ao luxo de continuar treinando após completar o colegial a não ser aqueles que tinham “Paitrocínio” para bancar estudos, treinos, gastos pessoais? Será que só os talentosos “sobreviviam”? Ou os que podiam tentar um pouco mai$?

    Aliás, acho que o olhar para natação também é elitista. Só se fala em Brasileiros, clubes de ponta, seleção… Como se não houvesse um caminho muito longo a percorrer antes de chegar neste ponto. Como se muita gente boa não ficasse pelo caminho pelo simples fato de não encontrar formas de viabilizar sua continuidade no esporte quando se vê no dilema “estudar/trabalhar/nadar”.

    As academias foram esquecidas e precisamos compreender que sempre foram uma fonte de talentos para natação. Os grandes eventos para natação não-federada (desculpe, sei que para alguns esse termo é alérgico) não existem mais. Aonde achar novas talentos? Nas escolas? Mas essa é nossa realidade? Somos uma nação que forma atletas na escola?

    Há de se mudar a realidade, mas há também de ser realista e buscar ideias para o panorama que se vive hoje.

    • Lelo Menezes
      4 de fevereiro de 2014

      Bons pontos Rodrigo, só ressalto que na década de 90, a seleção brasileira era em grande parte formada de atletas vindo de famílias de classe média ou de famílias mais simples. Hoje em dia não sei como está essa distribuição.

      abs

    • Ricardo Firpo
      5 de fevereiro de 2014

      Não acho que a natação seja elitista… Acho que o esporte de alto desempenho é que determina uma “elite”. Isso acontece em todos os esportes – só os mais “fortes” sobrevivem neste caminho. Chega até o final (TB, SulAm, PAN, Olimpiada, e etc) quem é mais talentoso, dedicado, perseverante, e etc… Ganha quem se dedica! Não é questão de ver o mundo azulzinho, mas, hoje, o patrocínio é liberado. Nos anos oitenta, não! Era uma coisa mais cinzenta…. Eu sei que o atleta hoje batalha, além dos treinos, as suas cotas, e que isso desgasta ou desanima. Mas esporte de competição sempre foi caro.

      • Rodrigo
        5 de fevereiro de 2014

        Com certeza nem todo mundo que entrar em uma piscina vai se tornar um finalista de Maria Lenk. Acho que isso, inclusive, cabe aos pais enquanto educadores, ensinarem a seus filhos: buscar no esporte valores mais nobres do que “ganhar a qualquer custo”.

        A questão que eu quis levantar e associar ao “elitismo” é a questão financeira mesmo. É caro ser nadador! É caro inclusive fazer aula de natação. Pode não ser pra mim, pra você, ou pra 90% dos leitores deste blog, mas pra muita gente é. E ai perdemos de lavada para o futebol, vôlei, atletismo e acho que até para o handebol que são esportes praticados nas escolas, ruas, clubes de bairro. Daí que entra a importância destes festivais voltados à academias e escolas como Jovem Pan, Bob’s, Projeto Nadar, etc…

        Acho que a natação cria poucas chances para descobrir novos talentos. Ou o cara desponta logo cedo ou já era. Será que é possível hoje aqui no Brasil ser um nadador da “elite” do Infantil 1 nadando de sunga, óculos baratinho, comendo arroz, feijão e bife? Será que o padrão que criamos não está descartando possíveis talentos muito cedo? O Fernando Scherer começou a nadar com 14 anos. Será que hoje ele teria lugar em um destes grandes clubes?

        E a minha maior dúvida: será que só no Brasil é assim? Se a gente torna tudo tão precoce, deveríamos então ter uma natação “Infantil/Juvenil” de ponta em comparação ao resto do mundo. E não temos.

  11. Ricardo Firpo
    5 de fevereiro de 2014

    LI o post somente hoje, e parece que bateu com um problema que tive…. Meus filhos adoram uma piscina, e vez por outra, pedem para entrar na natação. O problema são os horários: os clubes somente oferecem uns horários de escolinha lá pelo meio da manhã ou pelo meio da tarde! E como o horários deles é integral – termina às 16:00h – não consigo achar um clube para eles, e a alternativa são as academias…. Nelas, você acha horário, mas as piscinas são sempre um pequeno “tanque”! São, quase sempre, um aproveitamento. É claro que existem boas academias, e com piscinas boas. Mas são muito caras e tem até fila de espera! Na última que consegui horário, foi uma tristeza…. Eu conto: eu assisto as aulas das crianças quietinho, e nunca me identifiquei como ex-nadador. O problema é que vejo – na grande maioria das academias – os professores ficarem numa conversa com os outros professores, ou distraídos, ou mesmo fazendo qualquer outra coisa na borda…. O último que eles tiveram, as crianças faziam o que queriam, e TUDO ERRADO, e ele nem abria a boca…. Depois de algumas aulas, não consegui me conter – chamei o mais velho, e disse onde estava errando – era coisa molinha de acertar, mas o cara nem se tocava. Com muito tato, fui bater um papo com o cara. Descobri que o cara era mesmo é professor de “musculação” e só tinha tido aula de natação na faculdade. Estava ali pq tinha começado fazia pouco tempo naquela academia e tinha sobrado pra ele…. As crianças terminaram o mês já pago e tirei rapidinho. Agora, estou fazendo o que devia ter feito antes: quando procuro, vou bater um papo com o cara, e vejo a experiência dele….

    • Lelo Menezes
      6 de fevereiro de 2014

      Boa Ricardo. Esse ponto das academias x clubes é muito importante. São raros de fatos os atletas que conseguem boas condições de treino em academias, onde como você mesmo disse, não existem profissionais especializados e geralmente a temperatura da água é muito quente.

      Eu me filiei a uma academia ao lado de casa no ano passado com o único intuito de nadar de vez em quando. Descobri, depois de tudo pago, que não podia nadar sozinho sem orientação de um “treinador”. Acabei pagando pra ver e fui fazer o treino feito por ele. Absolutamente sem pé nem cabeça. Sem nenhuma base teórica. Abandonei a academia logo em seguida.

      Por outro lado é muito difícil mesmo (Sempre foi assim), conciliar escolas de período integral com treinos. Situação complicada essa.

      abs

  12. Sidney N
    5 de fevereiro de 2014

    Excelentes pontos Lelo. Pelos comentários deu para ver a questão sendo avaliada por vários ângulos. Da minha parte, acredito que a questão dos suplementos seja importante, mas só ganha dimensão partir do momento que o nadador atinge um certo nível. Para a grande maioria das crianças e jovens, o esporte continua sendo apenas uma dentre tantas atividades na fase formativa.

    Para reverter a tendência de encolhimento da base, a prioridade deveria seria formar profissionais capacitados e oferecer condições para que possam desempenhar seu papel educacional com dignidade. Mesmo entre os atletas de elite, genética e as condições socio-econômicas podem ajudar. Entretanto, se considerarmos todos os fatores que contribuem para que o potencial de um nadador seja realizado, aposto que o papel do professor ou técnico seja o principal diferencial.

    • Lelo Menezes
      6 de fevereiro de 2014

      Interessante seu ponto sobre os profissionais do esporte, Sidney. E como o Piu já mencionou lá em cima, o papel do técnico é e sempre foi fundamental. Não tenho informações de como anda a capacitação dos profissionais de natação, mas imagino que poucos profissionais de educação física escolhem o nosso esporte como suas especialidades. A maioria acredito preferem trabalhar como personal trainer ou com esportes que dão mais dinheiro, como o futebol e o vôlei. Dito isso, acredito também que os técnicos de natação hoje, principalmente das principais equipes brasileiras, são muito melhores remunerados do que a 2 décadas atrás.

      abs

  13. Raul
    6 de fevereiro de 2014

    Putz, tenho uma péssima notícia. O Praia Tênis Clube, de Vitória-ES foi derrubado, com piscina, quadra de tênis, de basquete e tudo o mais. Vai virar um moderno empreendimento imobiliário no lugar mais nobre da cidade. Sabemos que piscinas estão fechando pelo Brasil inteiro e campeonatos estão sendo realizados com arquibancadas e piscinas vazias. A outra alternativa, todos sabem qual é, mas ninguém apto quer realizar (ou tem força para encarar o sistema) – transformar o esporte em um ambiente saudável para aprendizagem, educação e valores para as crianças. Daí, sairiam os campeões e quem fosse peba, sairia cidadão! Eu, que nadei no Álvares Cabral e competi com os nadadores do Praia por muitos anos, só posso lamentar. Se não fosse por esse clube eu seria mais peba ainda. Imaginem Atlético sem Cruzeiro, Inter sem Grêmio, Corinthians sem Palmeiras… Por mais que técnicos e atletas tentem o contrário, o destino de um clube que compete sozinho é se acomodar e se enfraquecer.

    • rcordani
      6 de fevereiro de 2014

      Tristeza…

    • Lelo Menezes
      6 de fevereiro de 2014

      Pena mesmo Raul. O Praia Tênis Clube sempre teve tradição na natação brasileira, principalmente no feminino.

  14. Warley Grotta Jr
    16 de fevereiro de 2014

    Fiquei contente quando o Nosso Clube de Limeira foi citado. Continuamos aqui com equipe de natação ininterruptamente desde a década de 70. Já tivemos altos, muito altos, baixos, muito baixos e agora estamos subindo de novo. Temos uma piscina nova, coberta e aquecida que é um espetáculo. 4 professores de natação, comandados pela Eliane Altemari, uma peitista de qualidade e contemporânea de todos os gurus do Ephicurus. Temos a escolinha com mais de 300 crianças. Investimos, como clube, uma grana considerável. Os pais também se desdobram trabalhando em eventos para levantar fundos para a equipe e pros seus próprios filhos. Não é só a natação que necessita de suplementos, nutricionista, aulas extras de musculação, dedicação total e custa caro. Esses dias uma atleta de nossa equipe, que se destacou ano passado, foi contratada pelo Corinthians. Outros excelente atletas que saíram do Nosso Clube, há algum tempo e se destacam no cenário nacional e internacional, foram Guilherme Guido, Diego Cândido Prado, por exemplo.
    É como o Aécio comentou, muitos clubes do interior de SP continuam na ativa, revelando atletas, mas os grandes, normalmente da capital, os levam para brilhar. E sinceramente acho muito bom, pois nos enche de satisfação saber que continuamos formando, revelando atletas da natação e municiando a nossa seleção brasileira, que ano a ano está melhor. Vamos que vamos! Parabéns e abraços a todos vocês.

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Publicado em 3 de fevereiro de 2014 por em Natação.
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