Uma publicação histórica do mais importante periódico aquático da minha geração
Na década de 80 só havia canais de TV aberta, nenhum destinado exclusivamente ao esporte. Até as competições mais importantes tinham pouco espaço de divulgação. Nos telejornais, referências aos resultados mais expressivos e em jornais impressos locais, destaque aos ícones nacionais e aos paranaenses que alcançavam a elite do esporte.
Acompanhar natação era muito difícil. Em uma época que nem sonhávamos com a internet, o nível de informação era diametralmente oposta ao nosso interesse. E nesse cenário, o jornalista Guilherme de Lamare e sua equipe, se esmeravam em publicar mensalmente o Aquática – Jornal dos Esportes Aquáticos do Brasil. Órgão oficial de divulgação da Associação Brasileira de Técnicos de Natação e da União Nacional dos Nadadores.
“Rachei” a assinatura do jornal no fim de 1984 com meu amigo Luiz Alfredo Mader, quando a publicação já passava do número 30. Fizemos em meu nome e endereço. No dia em que chegava pelo correio, eu lia de ponta a ponta. Levava ao Clube Curitibano e entregava ao LAM. Quando ele finalizava, cada um ficava com um exemplar. E assim foi até que o jornal Aquática deixasse de ser publicado.
O Troféu Brasil, competição mais importante do calendário nacional, fechava as temporadas em janeiro do ano subsequente. O de janeiro 1985 encerrou a temporada de 1984. E junto com um dos primeiros números do ano, os leitores foram presenteados com o inédito Caderno de Rankings.
O editorial celebrava a dimensão do projeto: “Acreditamos que a divulgação anual dos rankings brasileiros seja um dos mais importantes serviços que AQUÁTICA presta a natação do país. Através desses rankings, atletas e técnicos podem melhor avaliar o resultado de uma temporada de trabalho e elaborar futuros programas de treinamento. É com prazer que divulgamos agora todos os rankings da temporada de 1984, inclusive o “Mundial” com pioneirismo para a América do Sul”.
Na capa, a observação: “Todos os Rankings Brasileiros foram elaborados por Wagner Carvalho da CBN, tomando por base os resultados obtidos na temporada de 1984 em piscinas de 50m e em piscinas de 25m convertidos para 50m, de acordo com o processo utilizado pela FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE NATAÇÃO AMADORA”.
Imagino a equipe responsável por montar os rankings, sem um programa eficaz de gerenciamento de banco de dados, recebendo os resultados impressos de todas as federações estaduais, procurando o melhor resultado de cada atleta em cada prova em piscina longa e em piscina curta, convertendo o tempo de piscina curta e comparando com o melhor tempo de piscina longa, organizando e datilografando os 25 melhores tempos de todas as provas desde Infantil A até Absoluto.
O caderno tem 12 páginas e o ranking de 120 provas. Um trabalho complexo, recebido com festa pela comunidade aquática nacional. Para mim, a publicação cumpriu exatamente o papel que os editores planejaram.
Brasileiros entre os 25 melhores do ranking mundial em 1984:
Ricardo Prado | 400m medley |
3º lugar |
4m18s45 |
Ricardo Prado | 200m costas |
17º lugar |
2m03s05 |
Marcos Goldenstein | 50m livre |
18º lugar |
23s25 |
Ricardo Prado | 200m borboleta |
20º lugar |
2m00s59 |
Infelizmente, o jornal não teve vida longa e deixou de ser publicado algum tempo depois, mas graças ao arquivo de alguns apaixonados e aquela observação de contra capa que afirma: “As matérias do AQUÁTICA podem ser reproduzidas total ou parcialmente, desde que citada a fonte”, vem enriquecendo as lembranças e posts do Epichurus.
Minha homenagem aos seus editores e a todos os aficcionados que se dedicaram ou se dedicam a divulgar esse esporte que tanto amamos.
Forte abraço,
Fernando Magalhães
As Aquaticas eram sensacionais. No início era um jornal apenas sobre a natação do Rio de Janeiro, depois no segundo ano é que virou nacional. Aí a minha mãe logo assinou, e eu fui atrás para comprar os números antigos da época em que era apenas do Rio. Meu acervo ainda está de pé (um pouco avariado devido à ação do tempo).
Inclusive admito a ansiedade negativa que me causa o fato de os meus exemplares estarem “presos” nos EUA, preciso retomá-los assim que possível.
Sobre o ranking de 1984, como esquecê-lo? Foi a primeira vez que meu nome apareceu nesse periódico, 200 Peito Juv A masculino. Perdi a conta de quantas vezes o “consultei” para ver se meu nome ainda estava lá!
Eu também apareci por lá: 9o nos 100m, 200m e 400m livre no juvenil A.
15o nos 100m costas, 17o nos 200m medley.
Também fiz jus a aparecer no ranking absoluto dos 1500m, meu tempo me colocaria em 22o, porém por um dos erros de apuração dos rankings fui parar em 6o, logo atrás do Graczyk, com um tempo que nunca fiz na vida.
Também estou ansioso pela chegada das Aquáticas presas nos EUA.
Merecida homenagem a um belo projeto.
Confesso que quando moleque (em 1984 tinha 12) não era muito ligado nas Aquaticas… não tinha noção de como aqueles registros históricos eram (e são) raros e importantes para a posteridade…
Porém, curtia muito ver os exemplares daqueles que assinavam ou compravam os jornais em competições. Mas o legal mesmo foi ver uma coleção bem completa na casa dos Cordani faz um tempinho. Um baita de um tunel do tempo..
Abraços!.
De fato Munhoz, a coleção dos Cordani é sensacional!