Viajar ficando vários dias em um só lugar me agrada bem mais do que ficar mudando de cidade todo dia. Não só pelo óbvio fator logístico (um aeroporto, um check-in e pronto), mas porque certas coisas locais a gente não pega logo de primeira.
Estou em San Diego – CA por 20 dias, e se é verdade que a California antecipa tendências mundiais podemos pré-anunciar aos brasileiros que as livrarias vão falecer (por causa do Kindle), o fast food de má qualidade tipo Mc Donalds está com os dias contados e as escolas tendem a ser cada vez menores com aulas quase personalizadas.
Mas o que quero contar aqui é minha experiência de nadador PEBA no Pacífico. Como estou bem pertinho do mar, minha intenção era nadar meia hora dia sim dia não para o Tio Munhoz não me cortar do revezamento no brasileiro de Ribeirão Preto. Na primeira nadada, o choque: água geladésima apesar do verão, 67 F (19.4 C). Essa batalha superei. Vi uma meia dúzia de Garibaldis, hordas de algas verdes e só. Mesmo assim achei muito bonito e contei empolgado sobre os Garibaldis para as crianças. (Garibaldi esse que é o peixe oficial da California e endêmico aqui em San Diego)
De tarde, passeando com as crianças pela orla, notamos a presença de várias focas e leões marinhos justamente no local onde eu havia nadado. Tirei foto da lousa com a temperatura da água e com o alerta para não se aproximar das focas (obviamente elas podem se aproximar da gente se quiserem).
No outro treino, me aproximando deste local, fiquei alerta e … pimba. Três focas foram bater um papo comigo. Nesse primeiro dia admito que fiquei com um puta medo certo receio, dei meia volta e iniciei o retorno. As focas decidiram nadar atrás de mim, então eu nadava um pouco de crawl, aí virava de costas e as minas estavam lá! Uma foca olhando para mim parecia o Bonotti fazendo perna vertical, com a diferença que a foca gritava um pouco menos. Contei empolgado para as crianças (sobre as focas, não sobre o Bonotti).
(clique nas fotos para ampliar)
No outro dia, fui apresentar as minhas novas amigas para as crianças. Momento único! Aprendemos que aqui existe uma polêmica sobre esses simpáticos mamíferos aquáticos. Em 1931 construíram um dique artificial para facilitar o acesso ao mar para crianças. Com o passar do tempo, as focas e leões marinhos se apoderaram do local, que hoje é disputado pela população local e pelos mamíferos, esses últimos representados por ONGs verdes. Cada um quer o outro fora da praia cujo nome é “Children’s Pool”. Que vença o melhor.
(clique nas fotos para ampliar)
Na saída, uma chinesa quis tirar uma foto conosco. São os semi-pebas mirins fazendo sucesso internacional! A moral da história é que se eu tivesse dado UMA nadada nesse mar, teria visto meia dúzia de garibaldis apenas, por isso muitas vezes vale a pena ficar mais tempo nos lugares. (inclusive esse sensacional passeio foi superado quando conheci a La Cove, mas esse é assunto para outro post)
E você, leitor, onde foi que você deu uma nadada que superou suas expectativas?
Uma nadada que superou minhas expectativas? Lembro de uma especial, saindo do Porto da Barra em Salvador, contornando um costão até o Iate Clube da Bahia. Não vi focas nem garibaldis, mas o Porto da Barra é uma das minhas praias favoritas, e realmente a preferida em Salvador. E queríamos entrar no Iate, e como não somos sócios, só pelo mar. Então teve aquele gostinho especial de estar fazendo uma coisa meio errada, mas sem prejudicar ninguém. Os guardinhas do Iate ficaram sem saber se a gente nadou tudo aquilo mesmo (que é pouco, cerca de 1500 mts) mas para quem não é nadador pode parecer muito), ou se tínhamos entrado da maneira oficial, pela portaria. Depois, é só aproveitar o por do sol no Iate, e sair pela porta da frente!
E ainda bem que tem esse blog, para a gente ter notícias de vocês!
Alguns anos antes de casar fui com a Patrícia para Salvador/Morro de São Paulo. Eu queria levar ela no Iate. Cheguei na portaria na cara dura e disse que era Paulista e que vim pra Salvador mostrar pra minha namorada a piscina que quebrei o recorde brasileiro de natação. Obviamente o porteiro caiu na minha historia e desci o bondinho com a patroa e passei o dia no Iate, tomando cerveja e comendo porções de “pititinga”. Mais fácil do que nadar os 1500m! rsrsrsrs!
Boa essa do Iate! Aquela região é tóis.
Bjos
Sensacional o post! Fiquei com inveja e saudades da minha época de California. Apesar das águas frias, Monterey Bay também me proporcionou ótimas nadadas com mamíferos: Leões Marinhos, Focas, Lontras marinhas e uma única vez, uma baleia que ficou a uns 50 metros de mim. Mistura de medo com admiração. Outras boas nadadas do tipo: Fernando de Noronha com tartarugas na praia do Sueste e Praia da Pipa com Golfinhos… nestas últimas estava com a Dani que ficou meio “nervosa” com os bichos 🙂
Dica boa essa da Marina: estou indo a Salvador amanhã …
Abraços!
Haha, a Dani ficou com “um certo receio”…
Agora essa da baleia… você chegou a ser deglutido e expelido como o Gepeto?
Sinistra Dona Monstra.
Jo No!
Eu imagino a chinesa filosofando com seus botões “Vou tirar uma foto com esse calvo ancião guru que na sua terceira idade nada em harmonia com focas e leões marinhos, nas gélidas aguas do pacifico”
A minha lembrança principal de aguas do oceano é uma que me causou certo … receio! Estava eu treinando para o sul-americano de 1990 quando quis passar um fim de semana no Guarujá. O William também estava por lá e resolveu me passar um treino no sábado a tarde. Basicamente me encomendou nadar de ponta a ponta a praia da enseada. Comecei do lado esquerdo e parti em direção do outro lado da praia. A agua estava quente e o mar tranquilo. Um belo final de tarde. Fui nadando tranquilo e como respiro pro lado esquerdo, respirava olhando pro alto mar. Me distrai durante muito tempo, pensando na morte da bezerra, quando de repente tomei uma “marolada” na cara que me retornou ao mundo dos mortais. Quando olhei pra praia notei que eu estava longe pra casseta. Só via as luzinhas da civilização lá longe… Bateu um certo desespero e nadei em direção a praia numa velocidade de deixaria Salnikov orgulhoso! Por sorte, nenhum tubarão branco me atacou….
Mais um exemplo da coragem do Lelo! Consultei o Menê, que relatou que o Lelo ficou exatamente 3min21s dentro da água, contando o tempo de entrada e saída!
Caro Cordani,
que bela experiência, e o texto ficou muito legal.
Considerações:
1. Se o Rafa e Mabel não estivessem juntos eu diria que a china estava aplicando o XHBYA;
2. Meia hora de natação em 19oC a cada dois dias podem elevá-lo ao grau de faquir – baita disposição;
3. A suposta filosofada da oriental sugerida pelo Lelo está sensacional;
4. Impressionante a diversidade de experiências com a fauna marinha do Munhoz;
5. Nunca tinha ouvido falar em Garibaldis;
6. Também estive no Iate em Salvador em 88, porém não nadei;
7. Nadada surpreendente naquele cristalino rio subterrâneo em Xcaret em Cancun por ocasião da Lua de Mel, pena que não deixavam ir sem colete salva-vidas.
Puts, tive a mesma sensação no Xcaret. Uma sensacional que pude nadar também foi no Poço Encantado em Andaraí, em 1991, parece que hoje em dia é proibido nadar lá.
Quanto ao frio, sinceramente já nem sinto mais! Acostumei.
Nadei no poço encantado também! Em 1988. Inesquecível!
aquela vez que fomos para Guaecá fui nadar de pé de pato e consegui perseguir uma tartaruga marinha por uns 5-6 segundos … vale?
Boa LAM, vale sim.
Excelente texto , chorei de rir imaginando o Bonotti fazendo perna vertical!!!! Minha inesquecível “nadada” foi na ilha de Maui , o que é aquele mar , e de quebra uma tartaruga ficou comigo por uns 5 minutos. Paraíso!
Valeu Iara, tartaruga marinha in loco é sensacional.
Pingback: Sobre piscinas e “piscinas”. « Epichurus
Pingback: Em terra de sapos, de cócoras com eles. « Epichurus