Nos sensacionais comentários do post da última segunda feira não faltou a presença do Jorge e do Castor. Sim, eu sei que vocês já leram, mas é só para constar. Em homenagem ao filósofo grego que dá título ao Blog, resolvi puxar de lá dois comentários para um novo post.
O primeiro, um trecho do agradecimento do Castor ao medalhista de prata naquele histórico dia, Julio Rebollal:
“Sim, Rebollal. Ninguém falou muito do Rebollal neste post, apesar de ter sido prata na prova. Eu faco questão de menciona-lo pois veio dele, pra mim, a segunda melhor lembrança deste campeonato.
Aos que não sabem houve uma guerra de nervos entre eu e o Gustavo antes da final dos 100 livre. Na verdade foi uma guerra de nervos entre alguns elementos do Pinheiros e eu. Entre a eliminatória e a final me ligavam para não me deixar descansar mencionando que não teria motivo pois o pirula iria ganhar. Isso me perturbou muito, e tive um papo apos a prova com o Gustavo sobre isso. Acho que deste papo surgiu uma grande empatia que gerou nossa amizade.
Mas o que tem a ver isso com o Rebollal…
Simples… Ao desabafar sobre isso com o Rebollal ele disparou a seguinte frase que não somente ficou comigo pro resto da vida, mas explica o amor que tenho por cada um de meu amigos da Natação. Foi mais ou menos assim (obviamente não lembro exatamente das palavras, mas lembro muito claramente da mensagem):
“Michelena, não esquenta não. Daqui a uns vinte anos não vamos lembrar exatamente quem eram os feras, ou quem eram os PEBAS, mas com certeza vamos lembrar claramente quem eram os nossos amigos.””
O segundo, a resposta do Julio abaixo, e depois eu volto.
“Ontem foi impossível escrever… como bem colocou o Jorge: maltratar o coração dos os velhinhos dá no mínimo multa, pelo Estatuto do Idoso.
Quando recebi, na quinta passada (20/03) a prévia deste post, minhas memórias do evento foram ressuscitadas. Mas como poderia ser diferente: quem escreveu foi o Renato “Jesus” Cordani! Assim como Lázaro, as memórias voltaram à vida! Agora, vocês terão que me aguentar…
Para você Jorge Luiz Leite Fernandes, meu Amigo, guru, conselheiro e ídolo, duas coisas que talvez não saibas:
1) Eu estava lá em 1982. Meu 1º TB (14 anos de idade). Eu fui testemunha ocular dos seus recordes.
2) A partir desse dia, o Djan que era meu ídolo (acompanhei as provas dele na Olimpíada de Montreal- 1976 pelo rádio de pilha!), teve que ceder o espaço para você. Nesse dia, em 1982, pensei: tenho que nadar junto com esses caras!! Vocês foram meu exemplo de talento, perseverança e resistência às adversidades!! Mas você tinha algo mais: também foi meu exemplo de amizade e companheirismo! Nunca deixei de ouvir seus conselhos. Obrigado por tudo!!
Quanto ao Gustavo como atleta, não é preciso comentar nada. Suas conquistas falam por si. Deixo apenas uma pequena história: no início de sua carreira, em 1987 ou 1988 (não lembro direito), o Gustavo ficou hospedado lá em casa no RJ. Também não me lembro de como foi feito esse arranjo, só sei que ele dormiu numa cama que havia pertencido à minha irmã que só tem 1,55m de altura, ou seja, seus pés ficaram para fora. Na hora das refeições, ele sempre se desculpava com a minha mãe por estar comendo demais e minha mãe respondia: coma meu filho, porque um dia você será um grande atleta e grandes atletas precisam de energia. Sem pestanejar, ele respondeu: “É, um dia vou ganhar uma medalha olímpica!”. Na hora eu pensei: “Com essa determinação, vai mesmo!”. Dito e feito. Minha mãe acertou e ele também. No TB de 90, ainda brinquei com ele: “É, parece que a comida lá de casa está fazendo efeito!”.
Castor, meu camarada! Companheiro de Seleção e de clube! Você deve estar querendo ser vingar pelo o que eu (e outros) fiz com o seu Alf (o ETeimoso) em Boca Raton! Vingança é um prato que se come frio, então depois de 26 anos você decide me matar do coração!!
O 2º dia do TB era um suplício para mim. Só eram disputadas 3 provas: 200 livre, 400 medley e 4×200. Por acaso eu nadava as três!! Daí, talvez devido ao sofrimento, tenha saído essa frase (agora correta) quando você veio desabafar comigo: “Michelena, não liga não. Daqui a vinte anos não vamos lembrar direito quem ganhou ou quem perdeu, mas certamente vamos lembrar quem eram nossos amigos!”. Fico honrado em saber que ela te ajudou!! Eu sabia que quebrar esse recorde era questão de tempo: lembra do seu 1.51.71 abrindo o revezamento do Pan de Indianapolis, 1987? Eu lembro…
Obrigado Cordani pela deferência em publicar que , nessa época, talvez só eu conseguisse segurar o Castor e o Gustavo no reveza. Nesse TB, eu realmente segurei o Castor na final do 4×200. Ao fechar o revezamento, sai na frente do Castor (que veio igual a um touro enfurecido!!) cerca de 1 corpo e ganhamos na batida de mão!! Fiz o 1.52 que deveria ter feito na prova (meu melhor era 1.52.15 do Pan de Indianápolis). Só para registro: Cordani, eu não sou 10 anos mais velho que vocês: sou de 67!! Nesse TB, eu tinha 22. Mas o peso de estudar, trabalhar e treinar, talvez contasse como 10 anos a mais.
Ao ler o post e os comentários, tive outro insight. Não é do meu feitio, mas vou tirar onda: talvez eu seja o único nadador que tenha tido a honra de nadar revezamentos, em seleções brasileiras, com todos os citados: já nadei com o Djan, Jorge, Ciro, Castor, Gustavo, Teófilo e Manú. Portanto realizei o meu sonho de 1982: Nadei com os caras!!
O Jorge tem razão ao escrever que esses tempos não voltam e que só falará mais com uma garrafa de 21 anos por perto. Portanto, Cordani, sugiro que seja marcado um encontro. Estipule uma data futura, em SP mesmo, para que possamos nos organizar e deixar de lado nossas rotinas e outros compromissos para encontrar velhos amigos!! Para que possamos disputar arremesso de dentadura á distância ou salto com bengala!! Não importa! Que tal? Afinal, mais de vinte anos se passaram, mas parecem que foram 20 minutos! A marcha do tempo é inexorável!
Parabéns Cordani!! O Triunvirato Jorge- Michelena- Gustavo merecia ser lembrado!!
Parabéns para todos que escrevem e comentam os posts. Assim, peça por peça, vamos montando esse enorme quebra-cabeças da nossa história aquática. O que não é pouco!!
Claro que o Esmaga não conta, uma vez que ele tem quase todas as peças na cabeça!! O que esperar de alguém que não pede silêncio, mas pede para que “Dialoguemos em um nível de decibéis mais ameno!!” (Boca Raton – 1988).
E desculpem ter escrito demais! Foi do tamanho da minha emoção e gratidão!!
Abraços para todos!!”
Voltei:
Espetáculo, hein?
Em primeiro lugar, para quem não sabe, Jesus era um sujeito muito parecido comigo quando eu deixava a barba crescer antes das competições, especialmente nos dias antes das Universíades de 1991 que eu e o Rebollal nadamos juntos, mas como ele (Jesus) morreu aos 33, não teve tempo de ficar calvo… 🙂
Voltando a 1982, em janeiro daquele ano eu fui assistir a minha irmã Marina no Julio de Lamare do Fluminense, e uma das poucas lembranças que tenho daquele evento foi o alvoroço das arquibancadas quando logo na primeira etapa o então Juvenil A favoritíssimo ao ouro Julinho Rebollal soltou nos 200 Livre e acabou fora da final. A arquibancada quase veio abaixo! Ele redimiu-se depois ganhando os 100 e 200 Costas, 200 medley e 400 livre.
O Troféu Brasil do Ibirapuera ocorreu pouco tempo depois e foi justamente o dos recordes do Jorge Fernandes citados no post anterior, e podemos comprovar que o Julio Rebollal de 14 anos de facto nadou-o e até pegou diversas finais. Confira abaixo os resultados dos TBs de 1982 e 1990, publicados respectivamente no Jornal Aquática e na Revista Nadar.
(OBS: os resultados de 1990 estão meio confusos, houve troca da prova de 1500 e de 200 Costas, é óbvio que o Romero não ganhou os 1500 com 2:03.23 :-)! Uma pena que misturaram as provas 29 e 30, e não sabemos quem foi ouro nos 200 borbola masculino (aposto que foi o Picinini) e nem quem foi prata e bronze no feminino. Acabo de ver que pularam os 100 Peito feminino também.)
Mas resultados para que? Como disse o sábio Julio Rebollal em 1990: “Daqui a vinte anos não vamos lembrar direito quem ganhou ou quem perdeu, mas certamente vamos lembrar quem eram nossos amigos!“.
Ah, essa frase Epicuro aprovaria com certeza!
Cordani, seu apelido só poderia ser Jesus (com pronúncia em inglês, registre-se). Um verdadeiro Jesus renascentista: cabelos longos, barba longa, pele clara e olhos azuis!!
1º aparte: como corrigiu-me com perfeição o nosso HD Man, Esmaga, eu segurei o Castor no 4×100. Não disse que íriamos esquecer…até por que, se fosse no 4 x 200 eu não teria conseguido segurar. Feita a correção. Valeu Esmaga!
2º Estava eu quieto no meu canto e RC Jesus vem e ressuscita mais uma história. Julio Delamare, Fluninense, 1982, 200 livres. Passei com 1.02 e achei que iria voltar com 1:03 no máximo 1:04, como costumava fazer. Bem…voltei com 1:07 e fiquei em 9º. O Rubem Trilles, outro favorito, nadou a eliminatória ao meu lado e também dançou. Ficou em 10º.
Ao sair da piscina, meu técnico na época, Ricardo Moura, exclamou: “Tá maluco!!”. Prontamente respondi: “Não estou maluco, só errei!!”. Tudo resolvido. Parti para as outras provas com mais vontade ainda. O 200 medley foi a mais especial. Depois de um ano interio sendo surrado pelo Rubem, consegui ganhar dele. Pelo tempo nessa prova (2:16 e uns quebrados), fui convocado pela 1ª vez para a seleção brasileira: Gymnasíade 1982, em Lille na França, mas essa é uma outra história!
Talvez um atenuante para os 200 livres: acho que era a 1ª ou 2ª vez que eu nadava uma competição com eliminatória e final.
Obrigado Cordani!! Forte abraço!!
Rapaz, essa prova caiu no meu colo!
Eu estava do lado do Ricardo na tua passagem dos 150m, e o homem estava desesperado….Vc e o Rubão, que eram os favoritos da prova, estavam se “cuidando”. Na passagem, o Ricardo gritava, a galera fazia barulho, mas não deu. Acho que foi um erro que acontece…. Era a última série, primeiro dia, muita confiança, e etc….
Acontece.
Para mim, aquela prova estava toda para vc – o Rubão nadou o carioca para 2’01, e, até hoje, acredito que vc iria nadar aquela prova para menos de 2’
Eu – que vinha de um 2’03 – estava esperando nadar na cola de vocês.
Naquele dia, eu nadei a primeira série. E como sempre, estava perdidão. Meio sem saber o que fazer, passei com 58 e alto para fechar em 2’03 / 2’04, numa tática bem própria. A noite, o tempo foi um pouco melhor – acho que 2’02 – bem acima do que você estava preparado para fazer.
Sempre te achei “tático” muito bom, além de muito consciente – por isso, sempre te enchia o saco perguntando o que vc ia fazer. Eu “tirava” a minha prova da tua orientação – era mais fácil de acertar.
Mas aquele erro me causou problemas….
O Rubão não gostou nada daquilo, e veio para os 100 disposto a atropelar a galera. Pegou a raia 5, passou bem, e me segurou no final, ganhando a prova, com 56 e pouco. Aliás, já estávamos fazendo tempo mais baixo em tiros no final de treino.
Hoje, trinta anos depois, eu também confesso: eu errei naquela prova, e errei feio. Se tivesse passado muito mais forte, talvez tivesse “quebrado” o Rubão lá nos 50, e – talvez – tivesse conseguido segurá-lo nos metros finais. Talvez.
Alguns anos depois, eu falei com ele sobre a prova, e ele me disse que nada iria segurá-lo naquele dia, pois estava com muita raiva dos 200!
Eu nunca me perdoei por aquilo.
Agora não adianta, e são muitos SE….
E quanto aos SE, aprendi uma coisa muito engraçada com o Viola, atacante do Bahia, Vitória e seleção.
Foi o seguinte: num BA-VI, com casa cheia, o time precisava de gols que acabaram não saindo, e no fim do jogo, o Viola foi entrevistado. Saindo de campo chateado, o repórter pergunta pq a bola não tinha entrado naquele jogo…E a resposta foi um primor de sabedoria:
“ Tentamos, mas hoje a bola não entrou. Cumprimos nosso dever e fizemos de tudo… Não tem essa de “E SE….” E se eu tivesse passado aquela bola…. e se eu tivesse chutado aquela bola…. Hoje não deu, mas fizemos o nosso dever….” E termina com a filosofia: “ALIÁS, E SE MEU PAI TIVESSE PEITOS, EU TINHA DUAS MÃES…..”
Juro que estava assistindo a TV nesse dia, se você pensar bem, ele resumiu tudo… o SE ficou lá atrás. Somente faça o seu melhor.
Abração!
Caríssimos Firpo e Rebollal:
Segue o resultado dos 200m Livre Juv A masc no Julio de Lamare de janeiro de 1982 (olha o Vlad aí!)
1) Ricardo Firpo Andrade 2:02.74
2) Vladimir Leite Ribeiro 2:03.06
3) Luciano Ramos 2:03.91
4) Marcos Fagundes 2:05.52
5) Paulo Almeida 2:05.88
6) Paulo Bezerra 2:06.42
7) S’ergio Besen 2:06.71
8) Luiz Graczkyk 2:07.64
E Firpo, a medalha tá na sua casa? É sua, mano!
Tempos do Rebollal: 4:16.20 nos 400L, 2:16.04 nos 200M, 1:04.07 nos 100C e 2:16.08 nos 200C.
Firpo ainda pegou prata nos 100L com 56.91 (contra 56.78 do Rubem). O Flu ganhou o 4x100L fácil com 3:48.46, mais de 7s do segundo colocado. Rubem Trilles Filho ainda ganhou os 100B e 200B (e perdeu os 200M para o Rebollal).
E de fato, “se meu avô usasse saias ele seria a minha avó“, isso já foi um post meu antigo aqui no Epichurus.
Esse revezamento do FFC, neste ano era muito bom! E ganhamos também o 4estilos! Com Júlio-Cícero-Pauleto-eu, tínhamos quase todos os ganhadores das provas de 100. E esse revezamento “deixou” para mim dois “João Havelange”…. Lembra daquele troféu pesadão?
Pois é, eles ainda estão aqui em casa, e meus filhos acham que são aqueles pesos para segurarem livros!
O meu filho maior (12) me viu nadando uma prova de master há alguns anos atrás, mas o pequeno (8) era recém-nascido quando aconteceu. Faz um tempo, minha esposa falou num jantar que se ele quisesse acertar a braçada, que fosse falar comigo, pois já tinha sido nadador e etc e tal….
Ele me olhou bem sério, viu o estado da barriga, e só faltou dizer “pff…nadador?Fala sério….”. Fiquei “indignado’! E fui buscar meu álbum, que tinha essa foto aí em cima, uma outra do JR tirando a touca, e uma minha careca (tive de passar máquina para acertar as tesouradas do trote) e com um “bigode” adolescente.
Resposta: “é, pai, vc foi nadador….. mas era muito feio!”
Nem tudo está perdido.
Dois pitacos:
1. Eu já tinha nadado com o Vlad e nos torneios, ele fazia questão de cumprimentar todos os finalistas na premiação – foi para mim uma tremenda demonstração de fairplay!!!
Aliás, tinham caras que demonstravam isso tremendamente! Vlad, Júlio, Jeferson, Jorge, só para citar alguns de maneira bem rápida…
2. O quarto aí em cima, o marcos Fagundes é meu primo, e, na época, nadava no Pinheiros. Ele vivia me dizendo que eu passava forte demais…. na verdade, era pura falta de saber o que fazer! E por isso que sempre digo que “tático” era o Júlio, que procurava “dobrar” a prova. E eu, de tanto tomar na cabeça, comecei a tentar fazer a prova em 1-2-4-3 ou 1-3-4-2, com já teve post aqui.
Grade Rebollal, uma fera, um ídolo e um grande amigo!!!!
Cassiano: aquele cara que nadava com a gente desde mirim e chegou às Olimpíadas! (fora o JR, mas esse fugiu para os EUA muito cedo)
Caro Cordani,
os comentários sobre o post de 2a foram fantásticos e você fez muito bem em trazer para o leitor a contextualização dos protagonistas e novas e ótimas histórias. Não estive no FFC em 82, desconhecia essas passagens.
Julinho,
você merece todas as homenagens!
Interessante essa passagem com o Ricardo Moura depois do vacilo nos 200m livre.
Se fosse eu adoslescente, iria dar um monte de justificativas e estaria achando o fim do mundo.
Legal sua personalidade de assumir e ponto. Certeza que foi a melhor forma.
Abraços e viva a filosofia do Epicuro!
Se não me engano, a foto acima é do JORNAL DOS SPORTS, e não da Aquática….
Aliás, nesse campeonato, os dois “nossos” revezamentos bateram o recorde americano. Não sei se de campeonato ou outra coisa qualquer. Não foi isso? Júlio pode dizer melhor…
Mas, lembro que, na época, para mim foi uma sensação!
Firpo, “Ricardo Andrade” é você? A foto escaneei ontem mesmo da minha Aquatica de março de 1982.
Obrigado Esmaga. Veja que o pessoal ainda considera muito a sua memória. Eles não vão se decepcionar com os próximos posts!
É, isso acontecia, pois o pessoal do clube me conhecia pelo nome do meio. Mas no programa vinha escrito o último nome. Acontecia de nos tratarmos pelos apelidos e na competição ninguém sabia quem era o Marcelo Cruz (PEIXE) ou o Paulo Bezerra (PAULETO).
Julinho,
Você foi um dos mais talentosos nadadores que conheci e que tive o privilégio de conviver.
Inteligente, disciplinado e tecnicamente perfeito.
Amigo, nem sei quanto tempo faz que não te encontro. Mas até hoje lembro o quanto irritava aquele estilo de quem parece não fazer força.
Um grande beijo,
Patricia.
Verdade Patrícia, aquele estilo de quem parece não fazer força era meio irritante! Principalmente quando eu virava na frente o peito nos 400 medley e ele me passava. Isso aconteceu umas 15 vezes, menos aquela vez que eu segurei no crawl, aquela que… PERA AÍ… eu não consegui segurar NENHUMA VEZ! 🙂
Parabéns R. conseguiu trazer para este blog PEBA vários ídolos da nossa época… Melhor q isso só se vc conseguir gerar o tal encontro!
Boa LAM, mas tem um amigo meu que dizia: “Daqui a vinte anos não vamos lembrar direito quem ganhou ou quem perdeu, mas certamente vamos lembrar quem eram nossos amigos!“.
Então não importa mais quem é PEBA ou não, sacou? O encontro será marcado, esperem só eu voltar para o Brasil!
Firpo,
a prova não caiu no seu colo: você foi lá e conquistou-a. Como disse o filósofo Viola: não tem “se”.
Eliminatória também é competição! Você foi o campeão, eu fui 9º. The End!
Cassiano,
convivi com meu pai só até os 12 anos, quando, tragicamente ele faleceu.
Quando eu tinha uns 11 anos, lembro perfeitamente quando o ele e minha mãe conversaram comigo sobre a natação. Eles me ensinaram que no esporte, como na vida, um dia se ganha e o outro se perde e que o importante é seguir lutando. Portanto, naquele dia no Pinheiros (comentário do post anterior) eu parti para cima de você como caçador e acabei como caça! Sinto-me honrado em saber que você se orgulhou de ter me segurado! Esporte é isso aí! E seguimos na vida…lutando!!
E olhem só quem apareceu!! Patrícia Amorim!!
Quanta emoção em ter assistido você quebrar inúmeros recordes!! Ainda me lembro dos treinos em que você fazia a série com os intervalos dos garotos. Vai treinar forte assim lá na …!!! Muita determinação e resistência, sem falar no talento!!
Realmente, competir TB em Campinas com o Rock in Rio rolando não foi muito fácil…Lembra que depois das competições eu sempre ia comemorar junto com o Flamengo?
Beijos para você.
Abraços para todos!!
Boa essa: “eliminatória também é competição”. E melhor ainda o “no esporte, como na vida, um dia se ganha e o outro se perde e que o importante é seguir lutando”.
Tenho outras boas suas também, só que impublicáveis… grande abraço
Júlio, caiu no colo, sim! Eu nunca tive nenhuma ilusão que iria te segurar naquela prova. Aliás, se vc tivesse optado por nadar os 100, a coisa ia ficar muito feia, e eu iria me “rasgar” todinho!
Eu me lembro de três coisas naquele campeonato:
1. Você estava escolhendo as provas, mas tinha aquela limitação das provas. E vc dava preferência para medley, costas, fundo, e etc. Quando vc falou que não ia nadar os 100, confesso que dei uma respirada aliviada, e me deixou bem mais tranquilo.
Já falei isso aqui – quando cheguei no FFC, nadei contigo uma competição interna, e esperava te “matar” na volta. claro que me ferrei! O Ricardo ainda me falou – “viu que vc não pode passar atrás dele, não viu? Aprendeu? o cara é raçudo….Então na próxima, passa forte, e na frente, e tenta segurar…..”
2. Eu tb já falei isso aqui:
ainda teimo que o recorde do campeonato de 82 era do Jorge, com 55’1 ou próximo. Só que vc fez um 56’1 em final de treino uma semana antes – e fácil. Eu tb fiz, mas me rasguei. E eu pensei “ainda bem que ele não nada os 100…
3. Não sei se vc lembra dessa: o Ricardo queria tomar um tempo seu dos 200, e queria um cara para te puxar na volta…. Explicada a coisa para o animalesco aqui, fiquei esperando lá na virada dos 150.
deram a saída, e vc vinha forte. Aí, o Ricardo me grita: deixa ele virar, deixa ele virar, e depois sai….
Vc deu a virada, e eu saí atrás. Só que era para te puxar, fazendo um bom final. E de maneira bem pouco inteligente, eu despejei potência na coisa. Resultado: eu saí muito forte, não te esperei (para mim, eram só 50), fiz uma marola absurda, te desconcentrei, e lá nos 75m, tive de “pisar no freio” para o gás não acabar, o que mais atrapalhou do que ajudou…. Estraguei a coisa toda, e um tiro daqueles não dava para repetir…. O pessoal ria de se acabar, o Ricardo espumava, e vc me perguntava “cara, o que é isso? o que vc fez? Era para ajudar?”. Nunca mais me chamaram para ajudar……
E outra, eu adorava implicar contigo e com o Mário Conde, para ver se eu conseguia que fizessem uns tiros no final de treino comigo – para mim, era como eu me avaliava…. Acontece que bem poucas vezes vc foi naquela conversa….Com o Mário Conde já era mais fácil. Velocista como eu, era só provocar e apostar qualquer coisa que ele topava. O problema é que, de vez em quando, eu tomava uns cascudos dele se perdia…. Era a grande diferença dos velocistas puros para vc: CÉREBRO!
Grande Rebolall, Mr. technique, literalmente o homem que não faz força para nadar, pelo menos visualmente.
Tive o prazer de conviver com o Júlio no master aqui em bh, mas tem uma humilde história de um campeonato bem menos pomposo que o Julio De Lamare, que merece ser contada a comunidade do Ephicurus, aí vai:
Num longínquo Jogos Regionais do interior paulista, mais precisamente em Barretos, me solicitaram para reforçar a equipe de natação da cidade sede, assim, convoquei alguns ex nadadores aqui em BH.
Nessa turma foram: eu (Rena), Rebollal, Vinicius Wilson (Costela), dentre outros.
Competição rolando, os contratados estavam pegando algumas medalhinhas, elucide-se com muito ácido lático acumulado após as provas, maioria de 3o, algumas de 2o, e uns mirrados primeiros lugares (salvo engano o Costela ganhou os 100 e 200 costas).
Eis que surge o 4×100 medley para ser disputado, pelas nossas contas o 1o. lugar era impossível, e o 2o provável.
Costela abri bem no costas, Capixaba vinha em segundo no peito, a mais ou menos uns 3 segundos da equipe de Ribeirão Preto, (eu ia fechar de crawl e o Júlio nadaria o borboleta) quando o Júlio, com a presença de espírito de matador, pois quem foi champion nunca perde a pegada, mesmo estando em condições físicas questionáveis, chega para mim segundos antes de pular e fala:
– Rena, fica esperto que e eu vou te colocar na boa!
Eu respondo:
– What? Na boa?
Ele reitera:
– É isso aí! vou te colocar na boa!
Rapidamente ele (Júlio) salta a uns 5 segundos da equipe de Ribeirão Preto, que contava na época com o Nicholas Santos que tinha feito uns 54 na prova dos 100 borbo e o Júlio uns 58 alto na mesma prova, que diga-se de passagem era um tempaço, considerando idade e tempo de treino executado.
Aí , eu pensei: “porra o Júlio ta acreditando piamente que vai mandar uns 50 nos 100 borbo”, para buscar o Nicholas e me por na “boa”, ou seja, pular junto no crawl.
Só que já nos primeiros 25 mts, tal suposição não se confirmou. sendo que e a vantagem como não poderia deixar de ser só aumentava, mas o pior, foi que me desconcentrei totalmente para fechar o rev.
Não conseguia tirar da cabeça a frase que o Júlio me falou, e achei aquilo como a melhor piada que já tinha ouvido no ano, ou seja, pulei para fechar o rev, literalmente rindo dentro da água, sem conseguir fazer força.
Resultado quase perdemos o segundo lugar para a equipe de Araraquara, sendo que eu piorei uns 3 segundos do tempo que tinha feito.
Terminando o Rev eu falei com o Júlio:
Júlio depois que vc falou aquilo não consegui mais concentrar.
Ele responde rindo da situação:
Eu sei que era bem impossível, mas naquele momento, por incrível que pareça, eu acreditava.
Quem sabe não são essas atitudes que diferenciam os craques dos pebas, mas que foi cômico, isso foi.
Haha, excelente história. “eu acreditava”, posso imaginar a cena! Muito boa mesmo. Abraço, Rena
Confirmo cada palavra do Rena.
A ignorância às vezes é uma bênção! E eu lá sabia quem era Nicholas Santos!!!
Depois de tanto tempo afastado das competições eu não sabia mais o nome de ninguém!!
Isso sem contar a amnésia da idade!! Eu achei que estava em 1984!!!
Quanto à minha condição física…sem comentários.
Agora, o cara nada mal e diz que a culpa é minha!!
Pelo menos serviu e ainda serve para dar risada!!
Boa Rena!! Forte Abraço!!
Firpão, claro que eu lembro desse tiro! Na hora só pensei: “Pirou de vez!!”
RC Jesus, fiquei curioso com as frases…
Abraços para todos!!
Nossa, Vocês são velhos em????? em 1982, eu ainda pegava porrada da mulherada nos treinos. KKKKK! Brincadeiras a parte. Tenho que prestar minha homenagem ao grande Amigo e ídolo JULIO REBOLLAL, com quem eu tive o prazer ser companheiro de equipe no Flamengo, durante alguns anos. Concordo que reviver algumas desses eventos do passado, servem com um bom teste para o cardação dos velhinhos. KKKKK!
Como a Patricia Mencionou acima, ele era o cara que nadava sem fazer força, PQP, como pode alguém nadar daquele jeito? e detalhe, nadava assim todas as provas, todos os estilos. Para não me prolongar muitos vou contar 3 eventos que marcaram a minha convivência com este camarada.
1- Em janeiro de 1986 no Rio, nadei meu segundo troféu Brasil. Nas eliminatórias dos 100m costas, nadei a eliminatória ao lado do Julinho, meu tempo foi uma bomba!! mas pra mim, a grande felicidade era ter nadado ao lado dele. Dizia para todos Mundo que “Nadei do Lado do Julio Rebollal”
2- No Finkel de 1990, minha única medalha de ouro em prova individual. Após o termino da prova, quando começaram anunciar que eu tinha batido o recorde da prova, a equipe do Flamengo toda comemorando. O Julio, que também tinha nadado a prova, voltou da escada para ao meu lado dentro d’água, para levantar meus braços e comemorar junto comigo, com a maior alegria. Quem me conhece, sabe, como eu fico calado na minha mesmo diante destas conquistas. Mas o Julio, demonstrou grande humildade e amizade.
3 – SENHOR REVEZAMENTO: Ele era o cara nos revezas, ninguém nadava como ele. Me lembro o primeiro revezamento A que nadei pelo Flamengo. Foi no mesmo Finkel de 1990. O Flamengo tinha uma equipe simplesmente maravilhosa. Então nos 4×100 medley a equipe A do Mengão (Eu, Cicero, Emanuel Nascimento e Michelena) estavamos na ráia 7, a Equipe B do Mengão (Renato Ramalho, Alexandre Hermeto, Fiusa e Julio Rebollal) na ráia 8. Essa prova foi super disputada, braçada a Braçada, estilo a estilo, mas na passagem do borbo para o craw, nosso reveza A estava quase um corpo de diferença quando o Julio pulou para fechar o Reveza B, meu, esse cara nadou tanto, tanto, tanto, que o único pensamento na minha cabeça era,”puts no meu primeiro A, vamos perder para o B”, mas o Mr. Michelena segurou a parada e ganhamos na batida de mão. Esses dois revezas eram tão bons que os dois bateram o recorde Brasileiro e Sul-americano da prova por mais de 10 segundos.
Grande abraço aos amigos e também grande ídolos Michelena, Gustavo e Jorge Fernandes.
Parabéns EPICHURUS, por manter viva a história do nosso esporte.
Valeu Edilson. Sua grande surpresa para mim foi em 1984, quando todo mundo esperava uma vitória do Glauco Casemiro e você surpreendeu pela raia 2!
Grande abraço
Edilson e Cordani acrescentando mais uma peças no quebra-cabeças!!
Só falta o Esmaga fazer a lapidação!!
E aí Edilson, continua fã do Bart Simpson?
Abraços!!
Concordo contigo que ele seja o cara. Acho que ele fazia isso por ser muito competitivo – todo “o cara” tem de ser – e por ser dotado de uma confiança no que podia ou não fazer…. Então, como estamos contando histórias de um amigo, vou te contar uma CONTRA o Flamengo! Só que eu não posso dizer contra quem, pois também é um grande amigo….. mas com certeza, o Júlio vai saber quem.
Acho que foi num carioca, talvez de ’85.
Era uma final de revezamento, com VG e FLA nas raias 4 e 5, e torcida fazendo um barulho infernal (aquela charanga era de matar!).
Vem para a passagem do último nadador e o FLA ganhando, com um corpo e meio na frente, talvez um pouco mais….
Normalmente, o Ricardo Moura me colocava para abrir os revezamentos (A ou B, não importava – ele botava e eu detestava), e saindo da prova, estava acompanhando a disputa. Lembro que achei que podia ter feito mais, e que e olhei a distância, pensando: “ele vai sair para pegar, mas tá muito longe – não vai dar”. Mas era do time e eu não falei nada…..
Faltando uns 30m, os finalistas sobem no bloco para a passagem. Neste momento, com os dois só esperando, o Júlio olha para o nadador do FLA, de cima e baixo, e fala algo que não entendi, pois estava uma barulheira danada.
Foi o suficiente para desconcentrar o nosso amigo, ali rival. Naquele momento, eu tive certeza que ele ia pegar mesmo!
E como o FLA saiu na frente, saiu com tudo. E o Júlio saiu atrás, dando tudo, ao contrário do que fazia!!!!! E lá nos 50, o cara pegou o Flamengo!
Deve ter sido uma surpresa para o nosso amigo, pois ele virou e, na primeira respirada, já viu o Júlio colado nele! E nisso, JR dominou a prova e chegou na frente. Sensacional e medalha dourada para a gente.
Depois, me contaram o que ele disse: “Não adianta vcs estarem na frente – eu VOU TE PEGAR!”
O único problema de contar esta história é que o nadador do FLA é gente finíssima e um bom amigo. Mas naquele dia, deixou-se dominar…. Acontece.
Abração para vc e para os DOIS finalistas daquele dia.
CARAMBA CORDANI!!!! Meu amigo você é uma verdadeira enciclopédia da nossa natação, COMO QUE VOCÊ LEMBRA DISSO??????????? Fiquei muito feliz de saber que alguém lembra daqueles 100m costas, uma prova que com minha chegara horrorosa, deslizei uns 10m (assim parece) para tocar na borda e ganhei por 0.02 segundos, fiz 1:03.43 e ele 1:03.45. A única correção é que nadei na raia 6.
Preciso dar crédito à quem realmente merece por toda esta surpresa, o meu treinado da época e de milhões de anos depois o Domingos Ferreira do Remo. Pois no campeonato paraense de 1984, eu nadei na prova, escorregando na saída para 1:04 alto, melhor tempo da minha vida. No dia seguinte, eu nadaria 200m borbo, mas durante a competição ele chegou perto e me disse “preto, fica quieto, não fala nada, mas vou pedir tentativa de recorde na abertura do reveza, não vais nadar os 200m borbo”. Resultado, nadei para 1:02.88 (recorde do Glauco era 1:02.72 e esse tempo era mais baixo que o recorde sul-americano do Pradinho no juvenil A). Então ele me balizou no brasileiro com 1:04 alto, para ninguém desconfiar, mas já sabia o que vinha pela frente. Só o Rogério Carneiro, sabia desse resultado.
Se me permite me alongar, vou te contar o drama desta prova …
Quando nadei a eliminatória dos 100 costas naquela manhã em que a chuva mineira caia bem de vagar, me senti super mau, fiz 1:05, quarto tempo e ainda faltavam ainda 4 series, eu jurava que não me classificaria, sentei ao lado da minha mãe e chorei como um louco achando que todo o drama de 1983 (brasileiro infantil B no rio) fosse acontecer novamente, e depois de uma ano em que eu treinava dia e noite, enquanto todos paravam na borda para conversar eu era o único que ia e voltava, sem parar, fiquei desesperado. Minha mãe dizia “se acalme meu filho, você vai se classificar, não se preocupe!” Resultado, classifiquei em quarto lugar. A tarde o meu pai disse para o Ferreira me fazer uma massagem antes do aquecimento, em toda a minha vida de nadador, nunca ví o Ferreira fazer massagem em mais nenhum atleta. Quando fui nadar a prova, estava pronto. Da prova só lembro de duas coisas, a primeira, quando virei nos 50m e comecei a nadar, eu estava bem na frente, assim parecia, e pensei “essa prova eu não vou perder por nada”e comecei a vim como um louco, não lembro nem se senti dor. A outra coisa foi a chegada horrorosa, pois a bandeirinha ficava mais longe da borda que o normal, ao invés de 4 braçadas eu precisava dar 5. Pois na hora da prova, contei 1,2,3, e joguei o corpo para a borda, mas a borda n estava lá, fui lentamente deslizando. Quando toquei na borda, vi o Glauco e o Henrique Freitas, dois GIGANTES perto de mim comemorando, achei que tinha perdido pela chegada. Nem imagina nossa surpresa quando anunciaram que o segundo lugar era o Glauco.
Obrigado pela lembrança! Grande abraço!!!
PS: um dia com mais calma, te conto a minha trajetória para chegar nesse brasileiro de 84 e os dramas do caminho como o do Rio em 83.
Julio, ainda assisto os Simpson’s de vez em quando. Grande abraço para vcs!!!