EPICHURUS

Natação e cia.

A Kazan caiu hein!

O Mundial terminou e embora com algumas boas performances, acho justo dizer que ficamos abaixo da expectativa.  Das mais de 30 provas que nossos atletas nadaram tanto no Pan quanto no Mundial, pioramos em quase 80% delas.  Uma clara indicação que preferimos priorizar uma competição a décadas desacreditada no cenário internacional (o Pan).  Saímos do Mundial com apenas 2 medalhas em provas olímpicas, (3 se contar águas abertas).  Nenhum ouro!  O mesmo pode se dizer da quantidade de finais e semifinais.  A pior performance em muitas edições.   Algo incompatível com o país que sediará as Olimpíadas em menos de um ano e tem dito repetidamente que fará bonito.

No entanto, duas coisas me incomodaram mais que os resultados:  A primeira é a forte impressão que nossos atletas continuam preferindo focar nas provas não olímpicas.  O medalhista de prata de 50m Borboleta nem sequer nada a prova de 100m.  A medalhista de prata de 50m Costas não consegue nem Final no 100m.  O 4º colocado no 50m peito, idem.  Até nas Águas Abertas onde a nossa credibilidade está bem acima das piscinas, o ouro veio em prova não olímpica.  Vejam que meu intuito aqui não é minimizar os títulos “não-olímpicos”.  Acho louváveis e tal, mas o foco não deveria e nem poderia ser esse.  Adam Piety foi campeão mundial de 50m Peito, o que é sensacional, mas o cara foi lá e ganhou o 100m porque obviamente o foco era isso.  O 50m foi consequência.  Deveríamos ter a mesmo pensamento.  Ana Marcela tem que focar no 10k e não no 25k.  Nicolas tem que focar no 100m Borboleta.  Ethiene no 100m Costas.  Felipe França no 100m peito.  A sensação que passa realmente não é essa.  Se as Olimpíadas tivessem provas de 25 metros, o Brasil seria uma potencia de primeiro mundo.

Show de bola...mas foi prova não olimpica

Show de bola…mas foi prova não olímpica

Espetáculo... mas foi prova não olímpica.

Espetáculo… mas foi prova não olímpica.

Animal... mas foi prova não olímpica.

Animal… mas foi prova não olímpica.

A segunda coisa que me incomodou, mais ate que a primeira, foram os discursos pós-prova.   A muito tempo nossa natação tem investimento de país de primeiro mundo.  Nossos atletas ganham uma bela grana e temos uma das seleções mais experientes do planeta.  Competem mundo afora o tempo todo, só que as desculpas me parecem muito amadoras, como um atleta infantil que esqueceu de amarrar a sunga antes de pular na piscina.  Teve atleta que disse que chorou antes da prova, outro que errou feio a saída, outro que passou forte demais, um que disse não saber explicar o “apagão” numa semifinal e assim por diante.  E não são atletas de 16 anos no primeiro mundial.  É gente experiente, com bagagem internacional!  Mas pior que as desculpas é o discurso conformista, com pinta de ensaiado e que dava a entender que o Mundial é uma competição qualquer, que o cara tá ali pra aprender, pra não cometer o mesmo erro nas Olimpíadas de 2016.  É surreal.  Nego perde a medalha, nego perde a vaga na final e dois minutos depois tá falando com o repórter que aquilo tudo é aprendizado para os jogos olímpicos.  Pelo amor de Deus, estão nadando um Mundial de Longa.  Não dá pra tratar a competição como se fosse um treinamento.  Toda vez que escutava isso, me irritava profundamente.  “É MUNDIAL CARA! MAIS EMOÇÃO PORRA!  Chora, xinga alguém, mas mostra que queria ter ido melhor.  Que está puto com o resultado! ”  Não vi essa atitude de ninguém!

Precisamos pensar grande.  Chega de achar o Pan a maior competição do mundo.  Nossa natação já está num patamar maior.  Essa coisa de priorizar o PAN visando maior exposição de mídia é coisa de semi-PEBA.  Coisa de Argentina, Venezuela ou Cuba.  Tá na hora de focar em Mundial, focar em Olimpíada.  Deixar o Canada de vez pra trás e se tornar a segunda potencia das Américas.  Basta querer e se preparar pra isso.  Dinheiro já tem.  Estrutura também.  Falta só mudar a mentalidade.  E isso precisa ser feito pra ontem, porque daqui um ano vou escrever aqui que saímos das piscinas do Rio de Janeiro com dois bronzes (no 200 Medley e no 50 Livre).  E olha que estou sendo otimista porque o Thiago já chegou no seu limite e ta dificil acreditar que da pra bater o francês no cinquentinha.  Que a Ana Marcela vingue os amigos da piscina porque ouro mesmo, sendo realista, me parece que só ela tem chance!  Que 2020 seja diferente!

 

 

43 comentários em “A Kazan caiu hein!

  1. Patricia Angelica
    10 de agosto de 2015

    Concordo em gênero, número e “degrau”, Lelo. Mas devo dizer que de todos, o único que tinha um discurso minimamente parecido com o que você (e eu e muitos fãs de natação) foi o Bruno Fratus.
    Ele disse algo mais ou menos assim: “Estou feliz com minha medalha, é o melhor resultado da minha vida, mas ainda tem dois caras na minha frente e eu quero passar eles”. E não é à toa que dessa geração, ele é um dos que eu mais torço e vibro. 🙂

    • Rogério Aoki Romero
      10 de agosto de 2015

      Concordo com a Patricia em lembrar do Bruno Fratus.
      Quanto aos demais, a maioria não tinha condição de pegar uma final, o que já seria nobre num Mundial, mas chances reais de medalha no Pan, então não vejo nada de anormal priorizar um em detrimento do outro.
      O apoio/patrocínio vem dos resultados e, principalmente, da visibilidade. Assim, um quarto lugar no Mundial tem menos apelo que bronze no Pan. Parece absurdo para nós, mas é a realidade. Vejam o Cielo, que colocou, acertadamente, no meu ponto de vista, todas as fichas no Mundial. S*** h******
      Boa semana para todos!

      • Lelo Menezes
        10 de agosto de 2015

        Piu, eu acho que esse discurso encaixa perfeitamente na equipe feminina. Na masculina, com raras exceções (talvez o Nicolas Oliveira e o garoto do 100m Borboleta) finais eram uma realidade para todos os atletas e medalhas embora sempre mais difíceis não era um sonho impossível. Se pegarmos o tempo que a galera fez no PAN, Guido seria finalista de 100m Costas, França de 100m Peito, Simon de 200m Peito, João de 200m Livre, Leo de Deus de 200m Borboleta e seriamos finalistas do 4x100m Medley. Isso sem contar que o Henrique seria 4o no 200m Medley, brigando por medalha. França também seria 4o no 100m Peito. Ou seja, gente próximo ao metal!

        Eu acho que o problema é que muita gente pensa que o atleta tem que fazer a escolha de Sofia, ou seja, ou nada bem o PAN e morre no Mundial ou nada bem o Mundial e morre no PAN. Acho que dá pra nadar bem os dois, com foco no Mundial. Eu gosto do Chieriguini. É um atleta low profile, pouca gente fala dele, mas o cara fez a coisa certa. Nadou bem o PAN, mas nadou bem melhor o Mundial e além do 4o no 4×100 Livre, terminou em 5o no 100m Livre. Um baita resultado sem ter dado vexame no PAN. Queria ver mais gente assim! Se invertêssemos os resultados eu já me daria por contente. Fizessem eles o tempo do PAN no Mundial e o tempo do Mundial no PAN. Continuariam medalhando no PAN, mas teríamos feito bonito no Mundial.

        abs

    • Lelo Menezes
      10 de agosto de 2015

      Valeu Patricia! E sim, eu deveria ter mencionado o Fratus, o Cielo e o Thiago. Esses caras estavam totalmente focados no Mundial, por motivos óbvios. Estão em outro patamar. Outro que no PAN mencionou que o foco era inteiro no Mundial foi o Leo de Deus, que infelizmente não nadou bem, mas aí faz parte. O foco pelo menos foi correto!

      • Patricia Angelica
        10 de agosto de 2015

        Acima você falou dos eu xará Chierighini. Ele é ÓTIMO em todos os sentidos! E também é bem realista (um dos mais realistas, junto com o Bruno… deve ser coisa de Auburn isso…) em suas entrevistas pós-prova.

  2. Rodrigo M. Munhoz
    10 de agosto de 2015

    Apesar de não condenar o foco no Pan, eu estava com altas expectativas no começo deste mundial. Imaginava um número maior de finais e pelo menos mais gente melhorando resultados (tempos). Apesar de algumas boas performances – a destacar Ana Marcela, o Fratus, o Thiago nos 200 IM e Manoela nos 400liv, nao foi bem isso que rolou… ainda mais depois do abandono do Cielo ao fim do 2o dia de finais, a coisa ficou mais complicada ou ao menos me pareceu… uma pena.
    Mas esses caras são mais profissionais que nós jamais sonhamos ser e devem entender e tirar lições de Kazan melhor que ninguém…. Agora precisam realmente focar pra melhorias no ano olímpico ou as desculpas pra não melhorar resultados vão precisar ser mais criativas ao menos… como a pressão de competir em casa vai funcionar, honestamente não sei.

    • Lelo Menezes
      10 de agosto de 2015

      No feminino só a Manuela melhorou, mas outras meninas nadaram bem próximo do que fizeram no PAN. Foi o caso da Joanna, Etiene, Daynara e Larissa. Alias, nenhum menina piorou pra casseta e no caso delas fazia mais sentido priorizar o PAN. Já no lado masculino, o Simon por exemplo, com clara chance de final, piorou praticamente 5 segundos no 200m Peito. O Henrique, que tinha chance de medalha no Mundial, piorou 1 segundo e meio no 200m Medley. É isso que precisa mudar.

  3. rcordani
    10 de agosto de 2015

    Eu acho que o pior do Pan não foi a priorização, uma vez que hoje em dia nego consegue priorizar mais do que uma competição por semestre, e sim o tempo exíguo e distância enorme entre os eventos, além do fuso horário russo.

    Então os caras estavam em Toronto, competiram, voltaram para o Brasil, foram para Portugal, foram para a Russia e caíram no furacão… não é fácil, e considerando tudo isso acho que o pessoal foi até bem.

    Concordo com o Cielo, que priorizou certo (deu errado, mas valeu arriscar) e com os atletas de águas abertas. Esses não foram para o Pan e se adaptaram ao fuso de forma muito mais adequada.

    Já as provas de 50… acho errado o foco nessas provas para as crianças, mas um cara como o Nicholas Santos vai fazer o que? Que me consta ele tenta nos 100, treina para os 100, mas é bom mesmo de 50…

    • Patricia Angelica
      10 de agosto de 2015

      Pois é, Renato… essa questão do fuso horário e tal também acho que pesou. Na minha humilde opinião, achei MUITO esquisito eles terem voltado pro Brasil. Deveriam ter ido direto pra Portugal, onde fizeram a aclimatação.

      As provas de 50m, pra mim, é a mesma coisa que aquele treinador australiano falou sobre piscina curta: “o Brasil precisa tirar isso da cabeça”.

    • Lelo Menezes
      10 de agosto de 2015

      Quanto a priorização, eu concordo. É o que eu disse lá em cima! Dá pra nadar bem os dois! Alias, os EUA fazem sua seletiva olímpica numa janela muito parecida com essa PAN – Mundial e de modo geral conseguem no mínimo nadar no mesmo nível em ambas as competições.

      Essa de viajar pra “n” lugares é um bom exemplo da falta de planejamento. Não sei explicar porque voltaram para o Brasil. Não faz sentido mesmo.

      Quanto ao Cielo, não dá nem pra falar que priorizou certo. No caso dele, do Fratus, do Thiago seria um absurdo priorizar o PAN. No caso especifico do Cielo, deu errado pela lesão no ombro que me pareceu verdadeira e não uma desculpa qualquer, como teve gente que insinuou.

      Sobre o Nicholas, concordo. Meu exemplo foi genérico, querendo dizer que o cara tem que focar em prova olímpica e a não-olímpica será consequência. Lógico que um cara de quase 36 anos tem gás somente pra 50. O 100 já não deve dar conta!

      Sabe o que falta na CBDA ou na comissão técnica da seleção brasileira? Um porta-voz oficial que de maneira transparente anuncie publicamente o porque das escolhas, análise dos resultados e tudo mais. Não sei dizer quem seria essa pessoa, mas eu preferia que fosse o head coach. A gente nunca escuta nada oficial da seleção brasileira. É tudo conjectura que leva a mil teorias, algumas até de conspiração, como foi o caso do chinês brigando com uma nadadora e um técnico brasileiro. Teve site que inclusive colocou isso como o motivo da desistência do chines dos 1500m, ou seja, um absurdo. Eu acharia sensacional que após cada dia do Mundial tivéssemos uma press-conference oficial com o head coach explicando o que aconteceu no dia.

    • LAM
      10 de agosto de 2015

      Provavelmente havia uma obrigação legal neste sentido, embarque de seleções partindo sempre do Brasil.

      • Lelo Menezes
        10 de agosto de 2015

        Isso não faz sentido. Já vi várias vezes saírem de uma competição para outra sem passar pelo Brasil. Imagina uma competição em Barcelona e a outra em Milão e nego ser obrigado a ir pro Brasil no interim.

      • Patricia Angelica
        10 de agosto de 2015

        Isso não faz sentido, porque o pessoal que treina fora não vem pro Brasil. Eles voltaram pras suas bases americanas e de lá viajaram pra Portugal. =/

        Sobre o Cesar, tenho certeza que a lesão era verdadeira, mas preciso concordar com o Popov: se o cara tava sentindo o ombro há mais de um mês, o que o fez pensar que no Mundial iria melhorar? Erro de avaliação dele e de seu staff super exclusivo (acho isso MEGA pedante, credo)! Li no UOL que o Cesar tava SOZINHO num quarto na Vila dos Atletas do Mundial, enquanto todos os outros tinham que dividir o quanto com, pelo menos, mais um pessoa… aí quando o caldo engrossou pro lado dele com essa lesão, ele começou a mandar mensagens de incentivo aos colegas… (y)

        Sobre um porta-voz da nossa natação, isso seria lindo e essencial. Mas como eu tenho dito algumas vezes desde o Pan: temos uma mania TÃO grande de media trainning e de ser chapa branca em TUDO que não sei se ajudaria muito…

  4. Daniel
    10 de agosto de 2015

    Realmente no ponto. Também concordo sobre o Fratus. No Thiago para o 200IM, depois do que o Phelps fez ontem, acho que até o bronze pode ter ficado otimista para ele (óbvio que torcerei muito!). Abraços

    • Lelo Menezes
      10 de agosto de 2015

      Valeu Daniel. O bronze do Thiago não será fácil mesmo, até porque sendo realista, o ouro e prata já tem dono. Também é bom torcer pro Laslo não voltar a nadar o 200m Medley porque ele tá nadando em alto padrão. O que nos resta é torcer mesmo!

      abs

  5. Mario Sergio
    10 de agosto de 2015

    Lelo, Muito bem escrito seu post. A realidade é que continuamos,apesar dos investimentos, bem atrás dos países que lideram esse esporte . Quando falamos em câmera hiperbárica, as seleções da Inglaterra e Austrália, nadam em piscina com cobertura hiperbárica de 25 metros. Enquanto a Inglaterra se preparou 10 anos para Olimpíada sinto que estamos nos preparando há menos de 4. Acho lamentável um atleta fazer a melhor marca do mundo em um Pan e não pegar nem final…é inadmissível. Outro ponto é que se até uma Seleção de Futebol com jogadores novos é verdade mas com experiência internacional “TREMEU´´ feio imagina para essa turma ……infelizmente é o retrato da nossa politica esportiva. !!

    • Lelo Menezes
      10 de agosto de 2015

      Valeu Mario. Realmente parece que estamos bem atrasados na preparação olímpica. Essa história no entanto será mais triste porque após 2016, com a crise que o Brasil está vivendo e deve continuar vivendo nos próximos anos, acho muito provável que os investimentos no esporte vão pro “saco” no dia seguinte do término dos jogos. Não vamos fazer como a Inglaterra que continuou evoluindo. O apoio estatal vai secar e teremos dificuldades em 2020, infelizmente.

      abs

  6. Eduardo Hoffmann
    10 de agosto de 2015

    Falou tudo: “Precisamos pensar grande”. Já mudamos de patamar nesse esporte, mas continuamos a priorizar o que “dá mais exposição na mídia ufanista” (o PAN), e, por consequência, resulta em mais $ de patrocínios, etc… Com o tempo, a mídia se ajusta às novas prioridades… E passa a valorizar mais, o que realmente importa.

    • Lelo Menezes
      10 de agosto de 2015

      Valeu Hoffmann. É por ai mesmo! É só mudar o foco que o resto se ajusta..

      abs

    • anonimo
      10 de agosto de 2015

      Inferire-se então, que a midia controla o dinheiro e no fim o atleta esta na mão do cartola.

      Plota ai pra saber quanto tempo demora pra midia ajustar a mudança de prioridade.

  7. Julian Romero
    10 de agosto de 2015

    Pessoal, competição é competição. Quantas vezes no ano um atleta tem acesso a uma infra-estrutura de campeonato mundial? Uma ou duas vezes. Toda oportunidade deve ser considerada válida, mas o discurso de “estou focado em outra competição, valeu a experiência” é, pra mim, a pior declaração. Tomo como exemplo dois nomes da geração passada e da geração futura: Rogério Romero e Brandonn Almeida. Quantas vezes vocês já viram algum dos dois nadar mal numa competição nacional e internacional? Brandonn teve um ano 2014 espetacular, com várias competições e sempre nadando competitivamente, ou seja, sempre dando o seu melhor possível, melhorando o tempo e vendo sempre “dando o sangue” no fim de prova. Desistir depois de ter nadado mal a primeira prova? Não, isso não pode acontecer e não aconteceu com ele. O Piu sou suspeito a falar, mas eu nunca o vi entrando numa prova pra brincar ou dizendo que estava “focando” em outra competição. O momento é aquele, o foco é aquela competição. Falhar é comum, mas o que estranho é o fato de 80% da seleção falhar ao mesmo tempo, na mesma competição, enquanto que no Pan o sucesso foi também em conjunto e quase na totalidade.
    A frustação é que agora todo mundo fica falando de Rio 2016, mas antes terá a(s) temida(s) seletiva(s), onde ali vemos todo mundo dando o sangue, atitude que não conseguimos notar quando o atleta está na competição onde todos querem ver ele melhor do que numa seletiva. Se não me engano, é assim desde 2005: seletivas onde brotam bons resultados, dão uma boa expectativa, mas na competição onde deve crescer, não cresce.
    O complexo de vira-lata brasileiro na verdade está em querer acreditar que vencer um Pan é suficiente, e que estar numa semifinal num campeonato mundial é positivo. Ou será que só pensam grande quando é Campeonato Mundial de Piscina Curta?

    • Lelo Menezes
      10 de agosto de 2015

      Concordo com tudo Julian. O problema não é falhar, nem piorar o tempo. O problema é encarar como algo natural, parte do processo!

      abs

      • Patricia Angelica
        10 de agosto de 2015

        Onde eu assino, Julian? HAHA!

        Sobre as Seletivas, nunca vou me esquecer que semana passada, quando tava no dia da marca de 1 ano pro Jogos, o repórter do SporTV perguntava pra TODO MUNDO: “daqui um ano, nos Jogos Olímpicos, blá blá blá” e a Katie Ledecky, nadadora de outro mundo, disse: “Antes dos Jogos, eu preciso passar pelas Seletivas”. VRÁ! HAHAHAHAHAHAHAHA! Se nem a Ledecky conta com o ovo no fiofó da galinha, quem são os outros atletas pra isso?

  8. Alexandre
    10 de agosto de 2015

    Caro Lelo,

    Gostei do seu artigo mas acho que existe a possibilidade de um erro na sua lógica.

    Você diz que “nossa natação já esta num patamar maior” infelizmente os números não mostram isto, os números mostram que nossa natação esta pior do que no ultimo ciclo Olimpico.

    Ofereço uma outra leitura possível, nossos atletas sabiam que não tinham chances nas provas principais então corretamente priorizaram provas mais “fáceis” como o Pan e as provas não Olimpicas do Mundial.

    A verdade é que você ao prever duas medalhas na Olimpiada já subescreve esta avaliação.

    Infelizmente mesmo com o aumento do dinheiro e da infraestrutura a nossa equipe não teve um ganho de qualidade.

    Hoje no UOL temos duas manchetes:

    “Tenho certeza que vamos salvar Cielo, diz diretor de confederação”

    “COB fica com 12% do patrocínio da Olimpiada de 2016. A entidade pode receber mais de R$340 mi que ajudariam a custear a operação do evento.”

    SE realmente levarmos apenas 2 medalhas nas piscinas do Rio será um gigantesco choque de realidade…

    abs,

    • Lelo Menezes
      10 de agosto de 2015

      Eu não consigo enxergar a evolução da nossa natação somente em medalhas. O processo é lento e para conseguir medalhas precisamos primeiro conseguir finais e semifinais. O patamar que estamos hoje é exatamente esse. Patamar bem maior que na minha época onde tínhamos Gustavo e Xuxa lutando por medalha e Romero lutando por final. O resto era semi-PEBA (me perdoem a generalização). A natação feminina na nossa época lutava por índice e a grande maioria passava longe… muito longe. Hoje nossos atletas masculinos, quase sem exceção estão brigando por Finais em Mundiais e Olimpíadas e nossa equipe feminina já consegue levar uma equipe para essas competições e já belisca uma ou outra final. Ou seja, o patamar da seleção brasileira atual é bem superior do que o patamar da seleção brasileira da minha época. O problema é que estamos patinando pra entender isso e dar o próximo passo. Minha crítica tá aí. É inegável que estamos no maior patamar, como time, já visto na natação brasileira.

    • anonimo
      10 de agosto de 2015

      concordo

    • Patricia Angelica
      10 de agosto de 2015

      Essa manchete da fala da CBDA é TÃO catastrófica… HAHAHAHAHAHA! Eu ri muito quando li… um desavisado vai achar que o Cesão tá com câncer ou uma doença terminal de tratamento crítico e não uma inflamação no nervo do ombro…

  9. Cassiano Leal
    10 de agosto de 2015

    Concordo com o Renato. Acredito que todas essas viagens prejudicam os nadadores que foram ao Pan e depois para o Mundial. Imaginem agora que irão nadar o Finkel em 2 semanas, se bobear alguns nem irão nadar.
    Outra coisa “boa” e a pressão menor que existirá para os Jogos Olímpicos aqui, sendo que eles pouco mostraram no mundial e estando em casa sem esses fatores extras de distância, fuso, alimentação, etc, acredito que eles tirarão vantagem sobre isso.
    Abraço

    • felipecasas
      11 de agosto de 2015

      Cassiano,

      mas sera que os jogos aqui nao terão o mesmo efeito da copa, ao contrario do que vc falou?

      a obrigação de ter que fazer bonito em casa nao vai gerar uma pressão mto maior?

      pq no brasil rola essa cultura que somos os coitados que lutam contra tudo e contra todos, que mesmo internamente nao recebemos apoio de ninguem, etc.. ate em comercial de cerveja cita os “guerreiros”

      abraços

  10. Lelo Menezes
    10 de agosto de 2015

    Não nego que a gama de viagens atrapalhou. Pode ser! Mas então porque não planejaram melhor? Porque vieram pro Brasil? E realmente colocar Finkel duas semanas depois do Mundial que aconteceu duas semanas depois do Pan é coisa bem de brasileiro mesmo. Não faz sentido. Vai ser um Finkel fraco!

    Quanto a pressão acho que só por ser no Brasil será enorme. O leigo brasileiro tem complexo de futebol onde só o título interessa. Você vai ver a maioria criticando o brasileiro que chegou em 5o porque “onde já se viu achar bom o 5o.” Mas do outro lado da moeda nadar em casa sempre é bom! Quem não lembra que gostoso foi nadar aquele Mundial de Curta em Copacabana?!!?! Não acho que teremos performances ruins no Rio. Muito pelo contrário! Mas medalha mesmo só vejo chance clara no 200m Medley e 50m Livre. E a mídia vai considerar isso um fracasso, principalmente não vindo nenhum ouro!

    abs

    • Patricia Angelica
      10 de agosto de 2015

      Lelo, você não tem noção de quantas vezes eu disse essa semana: quem não assistiu o Mundial não tem direito de cornetar os nadadores ano que vem… é fácil criticar o 5º lugar quando não se tem noção de tudo o que tem por trás.

      Essa cobrança toda com base no Pan em detrimento do Mundial é sintomática da “manchete” que usaram no EE domingo pra mostrar os treinos do Thiago no Trojans: “O EE mostra os treinos do maior medalhista em Pans para conseguir o ouro nos Jogos Olímpicos em 2016”. Aí o cara fica com o bronze e neguin vai achar um absurdo… =/

      • Eduardo Hoffmann
        11 de agosto de 2015

        Pois é, rotular de “maior medalhista em Pans”, um atleta que tem prata em Olimpíada e em Mundial de longa (que valem muito mais), é algo que resume bem a “ênfase ufanista enganadora” que a mídia coloca no Pan… Suponho que, para maximizar a receita publicitária, com um “festival de medalhas”…garantido “ex-ante” aos anunciantes… Aliás, auto-enganadora, tanto quanto externamente… Isso, entre outras consequências nefastas, cria um “anticlimax”, para o público leigo, quando alguém fica “somente em quinto” num Mundial… ou Olimpíada…

  11. Rafael Oliveira
    11 de agosto de 2015

    Volto a repetir que a realidade da natação brasileira são finais olímpicas e quiçá algum pódio. O Brasil está longe até de ser uma força emergente da natação como: China, França e Grã-Bretanha. Vejo a falta de renovação da equipe um sério problema. Quantos anos temos como referência de medalhas o Cielo e o Thiago Pereira? Enquanto isso vemos equipes muito jovens e talentosas: chinesa e britânica, que conquistaram muitas finais e só ficaram atrás no quadro de medalha das potências Austrália e EUA. Outro erro é achar que se as provas de 50m estilo fossem incorporadas ao programa olímpico seria nossa salvação. A verdade que os melhores do mundo não focam nessas provas, elas são só um plus da competição. Imaginem se Seebohm, Le Clos, Larkin treinando especificamente para essas provas. Com certeza o resultado seria outro. O correto seria copiar os australianos, os quais só quem se classifica para os 100m tem direito de disputar os 50m.

    • Lelo Menezes
      11 de agosto de 2015

      Sim, esse ponto é importante Rafael. Obviamente as provas não olímpicas são mais fáceis porque os nadadores de ponta não se preparam para elas (com exceções dos brasileiros). Acho essa ideia australiana muito boa e forçaria nossos atletas a se prepararem para as provas olímpicas.

      abs

    • luizcarvalho1
      11 de agosto de 2015

      Bom ponto! Nao sabia dessa regra da equipe Australiana…gostei!

  12. Rafael Oliveira
    11 de agosto de 2015

    O Pan seria perfeito para colaborar com a aceleração dessa renovação. Por que não colocar a galera talentosa do Júnior para pegar experiência, e enfrentar ídolos como: Natalie Coughlin, Alisson Smith, Ryan Cochrane e tantos outros. Isso é utilizar uma competição intermediária para criar uma mentalidade campeã nesses jovens. Prova disso foi a declaração do Larkin após ganhar o 100m costas, dizendo que só começou acreditar que poderia ser campeão na longa após vencer o mundial de curta (competição pouco prestigiada).

    • Lelo Menezes
      11 de agosto de 2015

      O ponto aqui que me intriga é a escolha do atleta. Será que o Simon queria focar no PAN ou será que é induzido a isso? O Henrique pra mim é o principal exemplo. O cara brigaria por medalha no Mundial, mas mesmo assim foi muito melhor no PAN. Eu gostaria muito de saber o que passa na cabeça dele. É um trade-off consciente?

  13. luizcarvalho1
    11 de agosto de 2015

    Oi pessoal. Muito bom o post. Concordo com o Lelo.
    Achei a participação brasileira fraca. Poucos atletas melhoraram os tempos.
    Meus pitacos:
    – A verdade que titulo de prova não olímpica em piscina de 25m vale menos. Bem menos. Muito, muito menos. Tanto assim que a maioria dos nadadores americanos “don’t care about it”. A super valorização tupiniquim desses eventos é meio “me engana que eu gosto”;
    – Foco. Vários aqui mencionaram que os atletas focam no Pan pelo retorno de midia e financeiro. Concordo. Mas…bronze no Pan onde os EUA mandam a equipe C vale mais que um quarto lugar no mundial…Não faz sentido. Mas ainda assim, a comissão técnica não opina? As metas não são estabelecidas com o objetivo de maximizar o potencial competitivo do atleta? Achei estranho esse foco no Pan, a um ano da Olimpiada.
    – Finalmente, não acho, a julgar pelo que vejo, que os atletas profissionais de hoje estejam mais preparados ou orientados a nível pessoal do que os atletas de décadas atras. A enorme evolução parece ter acontecido a nível técnico/competitivo/preparação física/psicológica/alimentação/etc. Porém, o controle emocional dos atletas brasileiros e a performance nas entrevistas ainda deixa muito a desejar.

    • Alexandre
      11 de agosto de 2015

      Caro Luizcarvalho,

      Você foi perfeito na sua analise, a equipe brasileira parece ter saido daquele filme do Almodovar.

      Se no mundial foi assim imagine na Olimpiada…

    • Lelo Menezes
      11 de agosto de 2015

      Valeu Chico. É por aí mesmo! Melhora considerável técnica, mas a mentalidade parece a mesma de sempre…

      abs

      • LAM
        11 de agosto de 2015

        Acho que o grau de exigência comportamental de vcs está muito alto. Cielo e Thiago já tem bastante exposição na mídia para falar bem, os demais ainda são “apenas” atletas, deem a eles a chance de se acostumarem ao estrelato e vão melhorar.

  14. Luiz Renato (Rena)
    11 de agosto de 2015

    Bacana o texto Lelo, principalmente o que ele traz de reflexão sobre o nosso amado esporte. Gostaria também de por em pauta, a necessidade do resgate da seleção brasileira de natação como time, acho que por uma questão cultural, na seleção temos mais atenção aos interesses individuais de nossas estrelas do que do time em si. Tenho a impressão, observando de longe, que todos tem uma facilidade tremenda de pedir para não nadar um revezamento, de não nadar uma prova que estava selecionado, as vezes obstando outros atletas que também fizeram o índice de terem a oportunidade de nadar. Não estou tecendo críticas a comissão técnica ou aos atletas, porque sei que deve ser difícil conciliar as pretensões de todo mundo, mas não vejo como progredirmos senão colocarmos na água sempre o melhor que temos, mesmo que não tenha chance de medalha, ou de final. Não vejo como estarmos preparados na hora de nadar a olimpíada se não passarmos por todas as experiências possíveis como time, nadar bem ou mal, faz parte da natação, mas a bagagem de participar de um evento desse não pode ser relativizada. . Acho que com planejamento, e principalmente uma comunicação prévia de supostas regras do time nacional poderia funcionar melhor.

  15. Pingback: Um pico por ano? Ou: as lições do atletismo e o fuso horário em Kazan. | Epichurus

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Publicado em 10 de agosto de 2015 por em Natação.
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